Eu não conseguia me mexer diante da cena que eu estava presenciando. Apenas reparei que só havíamos nós três no quarto, Oliver, Daniel e eu. De repente, a força volta ao meu corpo e meus neurônios mandam a resposta direto para o meu cérebro e eu consigo retirar os braços de Oliver da minha cintura com cuidado e dar os passos necessários até o berço daquela criança.
Olho para Oliver, porque eu estou apavorada também. Eu estou tão malditamente apavorada, que não consigo imaginar como ele está nesse momento.
Bem, eu tenho uma suspeita, já que se passaram alguns minutos e ele continua chorando ajoelhado no chão. Meu coração se aperta de dó pelo homem que eu amo perdidamente. Ele sofreu tanto, descobriu tantas coisas horríveis, tantas mentiras, tantas verdades.
O meu mundo foi virado de cabeça pra baixo em questão de dias depois que eu o conheci e conheci Faith, porém o mundo do Oliver continua em um looping infinito de subidas e descidas, cada uma mais louca que a outra.
Mas dessa vez, eu sinto dentro de mim uma certeza, que percorre todos os meus ossos, de que chegamos ao final de toda essa loucura.
Respiro fundo e tomo as rédeas da situação, já que Oliver está impossibilitado e quem poderia culpa-lo?
- Graças a Deus eu comecei a fazer pilates, porque essa criança está pesando uma tonelada. O que eles têm dado pra você comer, hein? – Dou uma risadinha, quando Dan estende os braços e imediatamente vem para o meu colo com um sorriso sapeca e um dente apontando na boca banguela.
Ele é o filho de Oliver. E eu já o amo.
Cheiro os cabelos negros, iguais ao do pai, e meu útero pulsa com aquele aroma de bebê. As bochechas rosadas, os olhos iguais aos de Oliver, me fazem querer chorar.
Eu seguro, alguém precisa ser forte.
Meu olhar se dirige ao homem que ainda está no chão. Oliver me encara com admiração e um misto de surpresa. Seus olhos adquiriram um tom de verde mais profundo e escuro. Eles também estão inchados e vermelhos, assim como a ponta do nariz. Continua lindo, na minha opinião. Dou um largo sorriso e me ajoelho em sua frente com seu filho.
Dan parece saber de quem se trata, pois no momento que nos aproximamos do Oliver, ele ergue os braços pedindo colo para ele.
- Oli, ele quer você. Ele quer o pai. – Murmuro gentilmente e Oliver sai da espécie de transe que se encontra.
Ele pisca algumas vezes e passa a manga do paletó pelo nariz e seca o rosto com as mãos.
Antes de entregar Dan, eu toco seu rosto gentilmente e o acaricio com amor. Quero lhe passar confiança, quero que ele saiba que está tudo bem. Que agora ficaremos bem. Ele está um pouco trêmulo, mas respira fundo, assentindo.
É como se tivéssemos em uma transmissão de pensamento automática. Conseguimos nos conectar com o olhar, com os gestos...
Quando Daniel consegue ir para os braços do pai, ele apenas ri. A inocência de uma criança, que está recebendo amor de um pai que até no dia anterior, nem sabia da sua existência, mas que agora colocaria o mundo aos seus pés.
Eu me afasto e me sento no chão, com as costas escoradas na parede.
Oliver chora e ri ao mesmo tempo, abraça e beija Dan. Essa criança já é tão amada!
Trago minhas pernas junto ao meu corpo e as abraço, sem deixar de admirar uma das cenas mais lindas que já vi. Oliver escorado no berço e Dan em seu colo.
Infelizmente isso me lembra de que eu, apesar de ter tido mãe e pai, nunca tive o amor deles e isso dói, não importa quantos anos você tenha.
Dói pra caramba.
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Uma Babá em Minha Vida
RomanceOliver Hall era o CEO de uma grande companhia de aplicativos em Manhattan. Fizera sua fortuna trabalhando duro e depois de ficar viúvo, precisava de alguém disponível para cuidar da sua filhinha de seis meses. Alexis era uma jovem, sonhadora e opor...