8 - Alexis

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Foi totalmente surreal o que tinha acontecido na semana anterior. Eu demorei a pegar no sono e volta e meia meus dedos tocavam meus lábios como se ainda tivesse resquício do beijo do Oliver neles. Eu nunca fui beijada assim antes e foi totalmente surpreendente! Ele beija tão bem, os lábios são macios e suaves, mas ao mesmo tempo o beijo foi avassalador. Depois daquela noite, eu evitei totalmente o meu contato com Oliver. Se ele chegava em um cômodo eu logo deixava Faith em seus braços e inventava algo para fazer. Eu sou idiota, eu sei. Tinha tudo planejado pra dar o bote em cima dele, tentar conquistar a posição de futura esposa... mas quanto mais tempo passava nessa casa, mais eu queria ficar sem estragar tudo.

Enquanto passeava com Faith naquela tarde pelo Central Park, eu percebi que Oliver ainda estava totalmente apaixonado pela esposa falecida. Uma mulher não pode competir com o amor de um cara pela esposa morta. Amor? Não... eu não posso amar Oliver, eu só o conheço há uma semana. Impossível! Sacudindo a cabeça pra tentar sair esses pensamentos, eu estendi uma toalha no chão para que Faith e eu pudéssemos brincar.

- Ei querida, você está feliz? Eu acho que sim! – fiz cosquinhas em sua barriga e ela soltou pequenos sons adoráveis. Eu poderia não amar o pai, com ele era simplesmente uma puta de uma atração forte, mas eu sabia no fundo da minha alma que eu amava totalmente a filha. Passando a mao pelos seus cabelos e seu rosto, eu a admirava. Eu creio que as crianças são as coisas mais puras que existem no mundo, eles amam incondicionalmente sem querer nada em troca. Meu amor pela Faith também era assim, eu não sei quando aconteceu... talvez no momento em que eu a peguei no colo. – Oh querida, eu sempre estarei aqui pra você. – beijei sua testa e me mostrou seu sorriso desdentado.

Meu telefone tocou, na tela aparecia "Sr Hall".

- Senhor Hall!

- Olá Alexis, como está Faith? – era normal as ligações de Oliver durante o dia, geralmente ele ligava quatro vezes pra mim, se certificando que a filha estava bem.

- Ela está ótima, estamos no parque passeando um pouco. Algum problema? – fiquei apreensiva, nunca tinha saído com Faith antes, mas María disse que seria uma boa ideia ela pegar um pouco de ar fresco.

- Não, você tem tudo que precisa? Não quero que demorem muito, hoje saio mais cedo e quero aproveitar com ela assim que chegar em casa.

- Tudo bem senhor, já estamos indo. – respondi obedientemente.

- Ok e mais uma coisa... gostaria que jantasse comigo essa noite. – eu prendi a respiração, esse era um pedido que me deixou muda. – Alexis, está ai?

- Sim claro... – disse assim que sai do meu estado catatônico. – Tudo bem...

E ele desligou, sem nem dizer um "tchau". Guardei tudo novamente e coloquei Faith no carrinho. Andei sem pressa pelo parque, mostrando pra ela todos os bichinhos que encontrávamos pelo caminho. Ela observava atentamente e respondia pra mim na sua "língua de bebe".

Chegando em casa, banhei Faith e a deixei brincando no cercadinho na sala. Fui até a cozinha seguindo o cheiro maravilhoso que exalava pelo apartamento. Encontrei Estebán trabalhando totalmente concentrado e me escorei no balcão.

- Ei lindo, o que está fazendo? – eu ri quando ele sobressaltou pelo som da minha voz. Tínhamos criado uma amizade em uma semana, ele era divertido e carinhoso. Estebán era lindo, cabelo loiro escuro quase nos ombros, olhos claros e sorriso perfeito. Eu até poderia tentar algo com ele se não o visse só como amigo, e também não queria arriscar meu emprego ali.

- Ei maravilhosa, como você está? – ele me levantou do chão e me rodopiou no ar, eu ri e dei um tapa de leve no seu ombro. – Estou fazendo rondelle, o patrão pediu algo simples. – ele deu os ombros como se não se importasse, na verdade Estebán adorava fazer pratos sofisticados. Ele dizia que era sempre um desafio.

Voltei a me apoiar no balcão e ele repetiu meu gesto, ficamos cara a cara. O tempo voou enquanto conversávamos sobre vários assuntos, ele me fazia rir e me distraia de todos os problemas que estavam enfiados em minha cabeça. Nossa intimidade tem aumentado cada dia mais.

- Então, ele te chamou pra jantar com ele hoje hein – seus olhos mostraram uma sombra de tristeza que ele rapidamente escondeu e sorriu colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

Naquele momento íntimo e pessoal nós ouvimos um arranhar de garganta vindo da porta.

- Posso saber o que vocês estão fazendo? – eu corei instantaneamente, não que estivéssemos fazendo algo de errado, longe disso. Nossa relação era amizade, Estebán sabia disso, eu havia deixado claro. Porém com Oliver vendo essa intimidade parecia tão errado....

Eu me afastei de Estebán e continuei encarando Oliver.

- Que eu saiba eu pago vocês para trabalharem e não para ficarem de conversa fiada. Eu não permito relacionamento entre funcionários e pensei que já havia deixado claro para os dois. – seu tom de voz era duro e seus olhos brilhavam de raiva contida, seu maxilar estava cerrado. Eu sabia que ele estava com raiva, mas nós não estávamos fazendo nada.

- Perdão senhor Oliver, não pensei que não poderia conversar com o resto dos funcionários da casa. Estebán e eu... – Oliver me interrompeu bruscamente.

- Eu não quero saber o que você e Estebán fizeram ou deixaram de fazer senhorita Alexis, o que eu quero é que você cuide da minha filha e não se distraia com outros assuntos. Fui claro? – eu apenas assenti com a cabeça e passei por ele indo em direção a sala, mas no meio do caminho eu me virei e o enfrentei.

- Senhor Oliver, eu irei deixar Faith preparada para que você possa passar um tempo com ela antes de dormir, porém eu não vou poder jantar com o senhor hoje. Sinto muito. – segui meu caminho e no momento eu estava com muita, muita raiva.

Ele era meu patrão, mas não podia agir como meu dono. Mais que raios! Agora não podia nem mais conversar com meu amigo? Vá a merda Hall! Gritei em minha mente...

Ainda decepcionada com a atitude dele, brinquei com a Faith até ele chegar na sala depois do seu banho. Subi rapidamente sem nem dizer boa noite. Eu sou uma idiota infantil, me julguem! Fechei a porta do meu quarto e respirei fundo encostada contra ela. Eu estava totalmente confusa...

Uma Babá em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora