Estava em uma rua totalmente escura, o chão era de pedra, o ar era pesado como se esmagasse meus pulmões, o frio era congelante parecia sugar toda minha energia, comecei a caminhar em uma direção desconhecida não conseguia ver nada, apenas movia minhas pernas com cautela para não cair. Passei alguns minutos caminhando para o nada até que comecei a escutar um barulho atrás de mim, parecia uma respiração ofegante, mas à medida que se aproximava pude perceber que era uma risada, num tom grave e rasgado quase inaudível, minhas pernas começaram a tremer enquanto eu tentava achar forçar para andar o mais rápido que podia, aquela risada ia se afastando cada vez mais o que me deixava aliviada, porém não parei de correr até que uma parede me impediu de continuar, passei a mão na minha testa que acabara de ser chocada contra ela, comecei a olhar desesperadamente em volta, precisava achar uma saída daquele negrume sufocante. A minha esquerda comecei a ouvir passos lentos e rentes ao chão como se quem os estivesse fazendo não tivesse força para os levantar da superfície, comecei a andar na direção oposta agora com a mão encostada na parede, prossegui até avistar um poste de luz, ele estava fraco e falhando.
– Bom é melhor do que nada. – Falei com uma voz baixa quase inaudível.
Parei bem em baixo da luz, tentava enxergar alguma coisa, respirei fundo por um segundo e fechei os olhos, ouvi alguém se aproximar de mim, aqueles passos pesados e aquela risada agora estavam do meu lado, tão próximos que podia sentir sua respiração. Abri meus olhos com pressa mas não havia ninguém, respirei fundo porém acabei sufocando, alguém estava segurando meu pescoço com força, suas mãos eram geladas e grandes, seu tórax estava fixado em minhas costas, eu me debatia para escapar mas ele era mais forte, sentia minhas forças acabando.
– Filha você vai se atrasar! – Minha mãe balançava meus braços me fazendo acordar.
Puxei o máximo de ar que consegui, passei a mão em meu pescoço e me acalmei.
– Foi tudo um sonho. – Me senti tão aliviada.
Eu estava encharcada de suor, porém meu coração voltara aos batimentos normais e eu já conseguia respirar novamente.
– Eu fiz o café se arrume e vá comer um pouco. – Minha mãe estava abrindo a janela de vidro do meu quarto.
Começou arrumando a cama mesmo eu ainda deitada nela, me levantei rapidamente e fui até o banheiro para tomar banho, meu cabelo estava ensopado assim como todo meu corpo. Terminei rapidamente e comecei a me vestir, coloquei uma calça preta e uma blusa branca, calcei um tênis bordô igual à cor de meu batom, prendi meu longo cabelo para trás e fui até a cozinha, logo após me sentar à mesa minha mãe me trouxe um prato de torrada queimada e manteiga com uma xícara de café, o cheiro dele era forte o gosto muito amargo, ela nunca acertava, mas sempre fazia o melhor possível.
– O pai não voltou para casa? – Ela estava na pia lavando alguns pratos.
– Sim, mas já foi embora. – Ela deu um longo suspiro.
– Disse que havia muito trabalho. – Dizia tristemente.
Nesses últimos dois meses meu pai não tem parado em casa, vem de madrugada e sai antes do sol nascer por isso minha mãe não tem dormir direito, mas ela não reclama, disse que vai esperar. No começo ela achava que ele estava a traindo, agora ela está tão triste e deprimida que não se importa mais. Enfiei duas torradas na boca e tomei um gole de café rapidamente para não sentir o gosto amargo, a abracei por trás e dei um beijo em sua bochecha.
– Vai dar tudo certo mãe, não se preocupe. – Ela sorriu.
– Vou trabalhar, até a noite.
– Tudo bem filha, tome cuidado. – Afirmei com a cabeça
Corri para o banheiro escovar os dentes, passei pela sala onde minha mãe já estava deitada assistindo televisão e sai pela porta às pressas.

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Acaso
RomanceMe vi perdidamente confusa após nosso primeiro encontro, fiz coisas que jamais imaginei, pensei em coisas que sempre condenei. Você me tira o folego, controla minha mente e faz meu coração acelerar apenas com um olhar. Tudo foi tão por acaso. Carol.