Seus olhos estavam fixados em um livro, sua postura era desleixada, sua mão esquerda apoia seu rosto enquanto a direita segurava o livro que estava em cima da sua perna cruzada.
– Meu turno já acabou. – Ele me olhou de canto de olho, fechou o livro e se levantou.
– Eu sei, estava te observando. – Colocou o livro na prateleira da onde havia retirado e começou a andar para fora da cafeteria enquanto eu o seguia.
– Vamos a um lugar mas reservado. – Ele dá um sorriso de canto de rosto.
Estávamos andando lado a lado, meu coração batia acelerado e a cada segundo eu me perguntava o que estava fazendo, eu mal conhecia esse homem e já o seguia, não fazia ideia da onde estávamos indo. A lua já brilhava no céu, as ruas estavam escuras e silenciosas e nós não falávamos nada ele nem olhava para mim, Estávamos chegando perto de uma rua em que as luzes não estavam funcionando, eu parei imediatamente o medo tinha tomado conta do meu corpo, minha respiração estava ofegante e logo ele percebeu que eu havia parado de andar.
– Não se preocupe, nada vai acontecer. – Ele falava enquanto voltava para me buscar.
– Eu não vou te machucar, confie em mim. – Ele me deu um sorriso gentil e voltou a caminhar, eu respirei fundo e o segui.
Paramos em frente a um bar, as portas eram de metal, a parede cinza e suja a luz da entrada mal iluminava e era amarelada, o chão de madeira rangia a cada passo que dávamos, havia algumas pessoas sentadas perto da parede em mesas de madeiras sujas, o cheiro de cigarro e álcool era muito forte o que me deixava atordoada.
– O que veio fazer aqui tão cedo? – Um homem velho, de estatura alta e magro com cabelos e barba branca atrás do balcão sujo de bebidas se levantou.
– Trouxe consigo uma bela dama, vejo que tem planos para a noite. – O velho homem aparentemente era gentil.
– Olá Osvaldo, ela é apenas uma amiga. – Ele mudou de postura instantaneamente para falar com o velho, até parecia outra pessoa.
– É claro Mateus, você é uma bela garota, tenha cuidado com esse rapaz pois as vezes ele vira um pestinha. – O velho deu uma gargalhada rouca fazendo com que minha tensão aumentasse.
– Não fale isso de mim senhor, não a deixe assustada. – Os dois riram juntos.
O velho começou a me encarar fixamente, seus olhos escuros penetravam minha alma, aquele lugar ficava cada vez mais claustrofóbico.
– Vou subir, até qualquer hora. – O velho continuava a me encarar mais agora me olhava de cima a baixo.
Me virei rapidamente e comecei a anda.
– Então seu nome é Mateus? – Lhe perguntei enquanto passava por uma porta ao fundo do bar.
– Sim me desculpe por não ter falado antes. – Ele fecha a porta atrás de mim.
Por um segundo um silencio ecoa no ambiente, sentia sua respiração atrás de mim, ele estava colado em minha costa, isso fazia minhas pernas tremerem me sentia tão indefesa.
– Vamos subir as escadas, lá em cima conversamos. – Ele passou a mão em minha cintura e começou a subir as escadas.
As escadas eram de metal, havia apenas dois andares, logo chegamos em um corredor escuro, a única luz que tinha estava piscando e era amarelada, o chão de madeira parecia ranger mais do que o do térreo, as paredes tinham mofo e infiltrações, o lugar parecia que iria desmoronar a qualquer momento.
– Bom, entre. – Ele abriu uma porta do final do corredor.
– Esse lugar é meio sujo né? – Ele colocou o braço entre a porta impedindo que eu entrasse.
– Eu moro aqui, se você não quer é só ir embora garotinha. – Ele se virou e entrou, sentou em um sofá velho no canto do lugar.
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Acaso
RomanceMe vi perdidamente confusa após nosso primeiro encontro, fiz coisas que jamais imaginei, pensei em coisas que sempre condenei. Você me tira o folego, controla minha mente e faz meu coração acelerar apenas com um olhar. Tudo foi tão por acaso. Carol.