Capítulo 20

17 1 0
                                    

– Oi, está com a minha jaqueta? – Aquela voz rouca fez meu coração acelerar.

– Sim. – Nem olhei para seu rosto, me abaixei com pressa para pega-la no fundo da mochila.

– Você não sabe o quão frio está lá fora, passei a semana inteira congelando. – Ele se aproximou e eu levantei jogando a jaqueta sobre o balcão.

– Viesse antes assim não precisaria ficar com isso ocupando espaço na minha bolsa. – Falei com a voz firme sem gaguejos.

– Parece que você não está muito bem. – Sua voz parecia triste.

– O que você queria? – Falei bravamente. – Que eu sorrisse e fosse gentil mesmo depois de tudo que você fez? – Ele me olhou assustado.

– Entendi. – Abaixou sua cabeça. – Obrigado por ter me devolvido. – Colocando a jaqueta ele saiu sem olhar para trás.

Meu coração estava acelerado, sentia meu sangue fervendo passando por todo meu corpo, abaixei minha cabeça que começara a doer e respirei fundo, só queria ir embora, felizmente o expediente estava quase no fim e logo estava vestindo meu casaco e fechando as portas, como era sexta-feira iria até as nove da noite. Logo que sai a lua estava brilhante e o frio ardente, meu celular começou a vibrar.

"Ei como você está? Não nos falamos essa semana, se der passe em casa hoje! "

Era Larissa, mas eu não estava com a mínima vontade de ir, além do que, teria a casa toda só para mim, então decidi dizer não e segui meu caminho.

Após alguns minutos andando entrei em um beco escuro e logo me arrependi meu coração começou a bater mais rápido, meus olhos estavam atentos a qualquer movimento.

– Aqui parece muito o meu sonho. – Sussurrei para mim mesma.

Respirava fundo e tentava me acalmar, comecei a ouvir passos a minha frente e uma risada baixa, rapidamente fechei meus olhos e tentei me manter calma, comecei a andar mais firmemente e com a cabeça levantada.

– Sabia que é perigoso andar a essa hora sozinha por aqui? – Um homem alto com a pele bronzeada e olhos escuros se aproximava de mim.

Não o respondi, continuei a andar, mas meu coração acelerava a cada instante, senti um puxão no meu braço direito, suas mãos me agarraram com força ele estava me forçando contra seu corpo.

– Por favor, pare! – Desviava meu rosto que estava colado ao seu.

– Você não está vendo que eu estou duro? – Ele segurou minha bunda com força e me forçou mais ainda contra ele.

– Você fez isso! – Ele deu uma gargalhada. – Agora você terá que me satisfazer.

Comecei a entrar em desespero, a soca-lo, a tentar escapar, mas ele era muito forte e me segurava com mais força, fechei meus olhos e esperei pelo ato, porém ele não fez nada. Olhei com estranheza e ele estava parado olhando por cima de meus ombros, rapidamente olhei para trás e uma sombra negra e alta se aproximava.

– Sabia que é perigoso andar a essa hora sozinho por aqui? – A voz rouca me fez perceber que era Matheus.

– A deixe em paz imediatamente antes que eu te soque até você cair e implorar para parar. – Ele me puxou para trás de seu corpo.

– Me desculpe cara. – O homem falou com a voz trêmula.

– Não é para mim que você deve desculpas. – Matheus segurou em minha mão fazendo-me sentir mais calma.

– Tudo bem, mas eu não vou pedir desculpas para uma puta como essa. – Matheus segurou minha mão com força e rangeu os dentes.

– O que você disse? – Ele começou a avançar sobre o homem. – Vou quebrar sua cara! – Antes que ele avançasse mais eu segurei em seu braço.

– Deixe quieto, eu estou bem. – Sussurrei em seu ouvido.

– Poderia estar sendo estuprada nesse exato momento! – Ele continuava a encarar o homem.

– Mas estou aqui com você! – Ainda estava zangada com ele, mas queria acalma-lo.

– Dessa vez você se safou, mas não quero mais ver sua cara na minha frente. – Ele me puxou com força e começamos a andar.

Assim que saímos do beco puxei meu braço e me afastei.

– Obrigado já pode ir agora. – Comecei a andar rapidamente.

– Ei, o que você... – Ele segurou delicadamente em meu punho me fazendo parar e me virar para ele.

– Por que está com tanta pressa? – Continuei a olhar fixamente para baixo. – Eu acabei de te salvar.

– Sim e eu já agradeci. – Virei-me para sair, mas ele me puxou de volta, nossos corpos estavam tão próximos que podia sentir as ondas de calor que emanavam pelo seu corpo.

– Por que está agindo assim? – Ele ainda estava segurando minha mão estranhamente parecia diferente tão carinhoso e sentimental.

– Eu só quero ir para casa. – Minha voz estava baixa, eu realmente estava fadigada com tudo aquilo.

– Então deixe eu te acompanhar para ter certeza de que você estará em segurança. – Sua voz, seu toque me faziam lembrar do sonho, mas eu me controlei e me fiz de durona o encarando.

– Por que você se importa? – Puxei a mão com força.

– Eu... – Parecia ter se lembrado de algo e sua feição esmaeceu abaixando a cabeça e ficando por alguns segundos em silêncio.

– Ótimo. – Me virei com raiva e continuei a andar.

Mantive-me afastada, mas ele ainda me seguia podia sentir seu olhar me encarando, suas dúvidas me cercando, mantive meus pensamentos trancados e minha boca fechada, não olhei para trás nem por um minuto, foquei-me no caminho de casa com passos firmes, o ar estava cortante de tão frio meus lábios e mãos estavam roxas e meu corpo inteiro tremia.

– Você não precisa passar frio, pegue minha jaqueta. – Ele apareceu do meu lado me assustando.

– Não obrigado, não quero nada que é seu. – Falei com convicção enquanto abria a porta da minha casa.

– Não precisa me desprezar desse jeito. – Sua voz estava baixa.

– Preciso sim, tchau. – Abri e tentei fechar a porta com rapidez, mas ele segurou-a com força me impedindo de fecha-la.

– Por quê? – Seu olhar estava triste e meu coração acelerou assim que nossos olhares se encontraram.

– Matheus vá embora! – Forcei a porta mais um pouco, mas ainda não consegui fecha-la.

– NÂO. – Ele gritou me fazendo recuar. – Não posso. – Abri a porta e fui lentamente para meu quarto.

– Justo hoje para meus pais saírem. – Murmurei.

AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora