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Eliane narrando.

Lia: Lucas, eu queria pedir uma coisa.
-Me aproximei da cama que ele estava deitado.
Lucão: Fala.
-Disse mexendo no celular.
Lia: Queria ir na Laís, você não deixa eu ter amigas aqui no Itararé e eu também queria ir ver minha mãe.
Lucão: Hum.
Lia: Isso é um sim?
Lucão: Vamos, quero ver meu primo também.
Lia: Vou me arrumar.
-Falei animada, enquanto abria o closet enorme que ele me deu.
Lucão: Nada de pouco pano, tá ligada né Eliane?

Assenti e peguei um vestido longo azul claro, coloquei uma rasteira de pedras, passei um leave-in nas madeixas que estavam enormes e terminei com um perfume que o Lucas gosta, coloquei uma pulseira com caldas de sereias, um colar de Nossa Senhora Aparecida. Sai do quarto e o Lucas estava comendo bolo sentando no sofá.

Lia: To pronta amor, vamos?
Lucão: Demora ein, fica ligeira não porra.
-Revirei os olhos quando ele deu as costas pra mim e saí esperar ele na beira da rua, ele parou o golf e eu entrei, liguei o som num pagode.
Lucas cantava e batia a mão no volante no ritmo da música.
A mente pesou na música.

FLASHBACK

Lia: Como assim morar com você? Eu não te conheço.
Lucão: Veja bem, tu não tem porra nenhuma dentro desse barraco, vem pro Itararé comigo, te faço primeira dama da quebrada, vou fortalecer teus pais... te dar uma vida de rainha.
Lia: Não vou me vender pra você.
-Fechei a porta na cara dele e entrei, fui direto pro meu quarto, ou melhor o quarto que dividia com minha mãe e o meu pai.

Fitei o teto baixo, as palavras do Lucas invadiam a minha mente, minha primeira vez com ele e a obsessão que ele criou em cima de mim, era direto no meu portão, me deu um celular bloqueado só pro número dele, só pra me mandar mensagem noite e dia.

Cleuza: Filha, seu pai caiu da construção que ele estava trabalhando, precisamos correr pra upa.
Lia: Como assim? Ele se machucou muito?
-Senti um nó se formar na garganta e os meus olhos marejarem.
Cleuza: Não sei, vamos pra lá.
-Disse colocando uma blusa melhor, eu fiz um coque no cabelo e calcei uma sapatilha toda arrebentada, mas era a única que eu tinha. Corremos pra upa e quem estava lá, Lucas.

Lia: O que você faz aqui?
-Me aproximei dele, minha mãe entrou correndo.
Lucão: Fiquei sabendo do teu coroa e vim ver se tu precisava de uma força.
Lia: Obrigada por vir, mas eu preciso ver meu pai, dá licença...
-Fui a passos largos pra dentro do hospital, minha mãe já estava sentada numa cadeira em frente a recepção.
Lia: Como ele ta mãe?
Cleuza: Foi nada grave, mas ele quebrou a perna, os remédios são caros, ele vai ter que ficar um bom tempo sem trabalhar, e agora filha? Como vamos comer?
-Ela se debulhou em lágrimas eu a abracei e chorei junto.

FLASHBACK 💭

Lucão: Vai no seus coroa primeiro?
-Me tirou da minha viagem mental apertando minha coxa.
Lia: Uhum, depois eu subo pra Laís.
Lucão: Não, manda mensagem que eu te busco.
Lia: Eu sei andar sozinha Lucas
-A mão dele que estava na minha coxa me apertou forte, eu entendi o recado e tirei as mãos dele de mim. Ele parou em frente a casa da minha mãe eu desci, logo ele veio atrás, olhei pra ele sem entender.
Lucão: Saudades do rango da sogrona.
-Alisou a barriga.
Lia: Eu em, embuste.
-Revirei os olhos e peguei na mão dele.
Lucão: Me xinga de alguma coisa que eu sei o que é, isso ai nem afeta.
-Cheirou meu pescoço.
Lia: Mãe, cheguei e estou com fome viu.
-Ela saiu da cozinha com o pano de prato na mão, o cheiro de feijão cozido na hora fez meu estômago roncar.

VIDA DO TRÁFICO - LIVRO 2 (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora