32

3.8K 210 15
                                    

[...]

Eu podia ter gritado, esperniado, até ter ido pra cima dos dois (apanharia de qualquer um deles), mas doeu tanto ver aquela cena que a única coisa que eu consegui fazer foi ir pro quarto, não me permiti chorar ali, se eu demonstrasse qualquer coisa Lucas nunca deixaria eu sair daqui, ou se eu falasse em ir embora ele me mataria com toda certeza.

Troquei de roupa sentindo a garganta arder, coloquei a primeira coisa que vi no guarda-roupas e sequei o cabelo de qualquer jeito.

Lucão: Tá demorando porque?
-Disse abrindo a porta do quarto.
Lia: To secando o cabelo, tá vendo não?
Lucão: Olha como tu fala com teu homem porra.
-Se aproximou de mim e segurou firme o meu maxilar.
Lia: Me solta Lucão.
-Tirei a mão dele do meu rosto e o secador caiu no chão.- Olha o que você fez!
-Tirei o fio da tomada e ele riu.
Lucão: Bom pra tu aprender a falar comigo.
-A vontade de chorar vinha na mesma intensidade que a vontade de enfiar uma faca no peito dos dois traidores.
Lu: Amiga, me empresta o secador?
Lia: Só se tu comprar um, acabou de cair e quebrar.
-Minha vontade era de dar pra ela e ver o secador explodir na cabeça dela.
Lucão: Vou rangar.
-Passou esbarrando em mim.
Lu: Também to com fome.
Lia: Tu vai comer na sua casa, porque eu to com pressa.
Lu: Porque tá falando grossa comigo?
-Santa cara de pau, não mata ela Eliane, não mata.
Lia: Tpm fofa.
-Coloquei algumas coisas numa bolsa maior e fui pra sala esperar o rei encher a pança.

Ele terminou e escovou os dentes, pegou na minha mão e saímos. Depois de trancar a casa, entramos no carro e subimos Morro acima, ele parou aonde os mano vende as drogas, falou alguma coisa com eles e voltou pro carro.

Lu: Liga o som aí amiga.
-Respira e não mata.
Lia: Ai Luciana, larga de me pertubar! Vai ouvir música na cadeia cassete, o menina insuportável meu.
-Quando vi já tinha falado, Lucão que ia ligar o carro, nem ligou...

Ficou me fuzilando com os olhos, a Lu se encolheu toda fazendo a ofendida no banco de trás, os dois esperavam que eu falasse alguma coisa, mas a única coisa que eu queria era jogar gasolina no carro e ver os dois morrer

VIDA DO TRÁFICO - LIVRO 2 (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora