2 Anos após o acidente

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Logo após o acidente, Mia teve que ir morar com sua avó, e a convivência não era nada boa. Mia até tentava se aproximar de sua vó, embora ela a humilhasse constantemente e a culpasse pela a morte de sua filha. Mas Mia era só uma criança que não guardava rancor de ninguém, ela só queria ser amada novamente, já que desde que seus pais morreram ela não se sentiu mais amada. Já sofria muito preconceito na rua por ser negra, e ao chegar em casa sofria preconceito da própria avó que também era negra, e isso ela não aguentava, afinal ela era só uma criança que já havia sofrido tanto na vida, primeiro com a miséria que viviam em casa, depois o acidente do seus pais, deixando- o órfã e agora isso, ser renegada e humilhada pela sua própria avó?! Ela entrava pro seu quarto e chorava, todas a noites, só pedia a Deus que a levasse pra morar com seus pais.

— Deus, eu não aguento mais de saudades do papai e da mamãe, sinto muita falta deles. Sabe papai do céu, tenho 10 anos e sofri tanto. Lembro-me que prometi a meu papai que jamais deixaria ninguém me humilhar pela cor da minha pele, mas o que fazer meu Deus quando essa pessoa que me humilha todos os dias é minha avó? A única pessoa que quis cuidar de mim, que me deu abrigo? Não consigo trata-la mal. Por favor papai, me leve para morar com meus pais. -Disse Mia chorando.

Eram 5 horas da tarde, Mia chegou da escola e foi assistir TV.

 —O que está pensando em fazer menina? -Disse Maria

— Assistir, vovó!

 — Nem pensar! A conta de energia está vindo muito cara, você fica assistindo essas besteiras ao invés de me ajudar. Vai agora tomar seu banho e venha me ajudar com o jantar.

—  bem vovó. -Ela nunca questionava as ordens de sua avó, no fundo sentia que deveria sempre ser submissa a sua avó pelo fato de morar em sua casa.

Mia entrou para o banheiro para tomar o banho, é deixou algumas lágrimas rolarem, não tinha um dia sequer que ela não chorasse pelo seus pais... Mia ajudou sua avó com o jantar, e foram comer, na mesa um silencio absurdo, aquele silêncio de sua avó consumia a pequena Mia.

— Você está bem vovó? Quase não comeu, não falou nada! -Na tentativa de iniciar uma conversa.

—Estou, porque não estaria?Come sua comida. -Falou ela zangada.

— Vovó sente saudades da mamãe? -Perguntou ela na inocência

—Claro que sinto! Todos os dias. 

—Mia sabe vovó, eu também sinto, todos os dias.

 —Não deveria.

 — Não entendi vovó. -Disse ela olhando nos olhos de sua avó.

Sabe porque? Porque a culpa de tudo que aconteceu com sua mãe, minha filha, é sua. Você que tinha aquele sonho patético de viajar e nessa viagem aconteceu o acidente. A culpa é sua! E é por isso que não suporto sua presença, estou com você, por ser sua parente mais próxima.

 -Disse chorando.— Eu disse que não tive culpa, eu não matei meus pais, eu não sabia que aquilo iria acontecer. -Ela se levantou para ir para se quarto.

 — Onde pensa que vai? Senta aí, e coma tudo! Lavei muito banheiro para pode comprar esse prato de comida, menina chata!

Mia comeu toda a comida em prantos, não por não estar com fome e comer a força, e sim pelas palavras de sua avó. Aquilo á machucava muito, ela já sofria com a morte dos pais, e ainda sofria sendo culpada por algo que ela não teve culpa, e ainda enfrentava o preconceito de sua avó. Mia não entendia o porquê de sua avó ser racista se ela também era negra. Mas a questão é o seguinte , desde pequena Maria ouvia que era Preta, tanto é que seu apelido é esse, todos a chamam assim, exceto Mia, que considera isso preconceituoso mesmo sua avó consentindo que a chamem assim. Maria cresceu ouvindo isso, então para ela isso se tornou normal, e nos tempos antigos as pessoas tinham a mente muito fechada, pessoas negras se casavam com negras, e pessoas brancas se casavam com brancas. De tanto ouvir isso, Maria cresceu acreditando nisso, chamando sua neta de apelido racistas, em muitas brigas com Mia, ela a chamava de macaca, e dizia para que Mia parasse de ser achar branca, pois elas não eram, eram negras que não mereciam respeito algum, ela dizia isso diversas vezes. Realmente dona Maria pode ser bem vivida, porém sua mente ainda é muito pequena em relação a determinados assuntos..

CORES DO DESTINO (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora