Capítulo 35

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Fui juntando forças de não havia, até que finalmente consegui sair daquele lugar imundo (pelo menos pra mim, que fui forçada a ir para lá). Ao sair, dou uma uma olhada na estrutura do imóvel, o qual me trouxe tamanho sofrimento, e percebo que é um lugar "simples" de aparência velha. Percebo que é um lugar meio distante da cidade, pois as casas e prédios pareciam minúsculas, não havia mais ninguém ali, nem se quer um carro passava.
Sem saída, descido ir caminhando, até porque não haveria outra solução. Em passos curtos, com todo meu corpo completamente dolorido, vou caminhando, ou melhor, me arrastando, e nesse momento lágrimas tomam conta de mim novamente, o choro é inevitável diante de uma situação como essa. Nunca, nem no meu pior pesadelo me imaginei passando por uma situação dessa, as vezes nem acredito que isso está acontecendo comigo. O que leva uma pessoa a forçar tal ato com a outra  simplesmente por sentimento de posse? Eu só queria entender, pois, algo que era pra ser tão natural, acaba se tornando um trauma.

Ando cerca de 2km, e então adentro a cidade, cerca de meia hora depois já me encontrava na porta de minha casa, o cansaço, a dor e a tristeza, fazem com que caía encostada à porta. Mas preciso criar forças para me levantar,  ninguém precisa saber do que aconteceu comigo. Agora o que eu mais quero é só entrar para meu quarto não sair de lá eu nunca mais. Giro a maçaneta da porta torcendo para que hoje minha avó não esteja na sala, só por hoje, sei que ela não se preocupa comigo, mas não quero interrogações, já que sei completamente que devo estar aparentemente acabada. Mas de nada adiantou meu pensamento positivo, ela estava na sala, e me olhava diferente, não sei o que aquele olhar queria dizer, mas seu rosto tinha uma expressão que eu nunca havia visto.

Dormiu fora de novo?- Perguntou Dona Maria suavemente.

— Tive uns problemas vó, e não pude voltar  para casa. -Disse ela de cabeça baixa.

— Que tipo de problema? -Perguntou com um sorriso nos lábios.

— Vó não quero falar sobre isso, vou para meu quarto. - E foi saindo.

Estranhei todo o interrogatório da minha avó, ela nunca se importou com meus problemas, e logo hoje veio me perguntar quais eram eles? Bem estranho isso, mas deve ser coisa da minha cabeça, depois de tudo que me aconteceu hoje, é natural que eu desconfie de tudo e de todos.

Vou em direção a meu quarto, e ao chegar, literalmente me jogo em minha cama sem nem me importar com a dor que insistia em existir em cada parte de meu corpo, e o choro novamente toma conta de mim, isso é o que me resta, chorar e mais nada, porque aceitar o que me aconteceu é impossível. Aceitar que meu sonho de menina foi embora é difícil, aceitar que sofri esse tipo de violência é pior ainda, agora o mais difícil é saber que tudo isso me aconteceu por culpa de Eduardo e Mirella. Sim, pois se eles não tivesse mentido para mim, me iludido daquela forma, eu não estaria tão abalada ao ponto de não perceber aos maldades que Rico pretendia fazer comigo, aliás, eu nem aceitaria falar com ele, pois eu já havia decidido isso, eu simplesmente só concordei em entrar no carro com aquele crápula porque estava abalada demais com a traição de Eduardo e Mirella e não sabia bem o que estava fazendo. - Em Prantos.

Como eu fui idiota, inconsequente de não perceber as intenções daquele maldito. E agora, o que vai ser de mim? Depois dessa surra que a vida me deu? Eu sinceramente não sei e acredito que jamais vou saber lidar com essa situação. Deus, por favor, eu não aguento mais sofrer, me leve daqui, eu nunca consegui ser feliz, e quando achei que estivesse sendo feliz, descubro que o que vivi foi tudo uma grande mentira, uma verdadeira ilusão, eu não mereço sofrer tanto.

Duas semanas se passaram desde que toda aquela tragédia me aconteceu. Das poucas vezes que vi minha avó, ela está sempre rindo pelos cantos sem eu nem saber o porque, a verdade é que não me importo, minha vida se tornou uma verdadeira escuridão. Nunca mais voltei ao trabalho, o Sr Miguel me liga praticamente todos os dias, mas não atendo, a verdade é que não atendo ninguém, nem Crhis, e nem mesmo Eduardo que insiste em me ligar de minuto em minuto. Por conta das inúmeras ligações, decidi desligar meu celular, já tem dois dias. Minha rotina é somente no quarto, dormindo, quando acordo olho pro teto, tomo remédios que é da minha avó, afim de que minha morte chegue logo, mas infelizmente os remédios que ela toma é fraco demais para isso, o máximo que fazem é me dar bastante sono, isso é bom, afinal cada dia que eu durmo mais, eu não "vivo" essa miséria que eu insisto em chamar de vida.

CORES DO DESTINO (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora