Capítulo 36

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Hoje faz duas semanas desde que Crhis veio me ver, um mês que tudo aconteceu. Eu optei por mudar de número, para não ser mais perturbada por Eduardo, mas sei que ele ainda ronda a porta de minha casa na expectativa de me encontrar, mas é inútil. Só não entendo porque a insistência em me procurar, deve ser para zombar de minha cara mais uma vez, mas esse gostinho não darei a ele. Não saio de casa para nada, ou melhor, não saia, pois falei com Sr Miguel e ele permitiu que eu voltasse, então, hoje mesmo voltarei ao trabalho, mesmo com meu peito despedaçado eu preciso trabalhar, não vai resolver nada ficar remoendo o passado.

Ainda estou muito triste com tudo que aconteceu, mas pelo menos o fato de querer tirar minha própria vida eu já superei.

Não soube mais do monstro do Rico, e nem muito menos de Mirella, mas ela deve estar rindo de mim, certamente com Eduardo. Eu não suporto nem me lembrar da trairagem de ambos, mais de Eduardo, para mim ele se tornou um ser desprezível, quase tão repugnante quanto Rico.

Eu não tive coragem de denunciar Rico, por medo, vergonha, pois é  muito difícil para uma mulher se expor assim. Crhis não se conforma com minha decisão, ela acha que deveria o denunciar, mas ela tem que respeitar minha opinião. Não vou denuncia-lo porque será em vão, todos vão saber do que aconteceu, vão jogar a culpa para cima de mim, a vítima, como sempre, e depois vão liberta-los. E eu não estou preparada para isso, tenho medo do que ele é capaz  de fazer se eu o denunciar, ele foi capaz de me estuprar, certamente teria coragem de fazer algo bem pior comigo. Já vivo morrendo de medo e não quero dar mais motivos para que esse medo aumente. Pois, tenho certeza que se eu fizer algo contra Ele, ele vira atrás de mim, e consequentemente da minha avó, e eu me preocupo com ela, mesmo ela sendo como é.

Minha avó esse último mês está mais feliz, e isso é bom, vê-la feliz de certa forma me deixa feliz também, não sei bem o que mudou para ela, mas está te fazendo bem. A gente troca poucas palavras, como sempre, ela com aquele jeito difícil ainda me "alfineta" de vez enquando, mas já estou acostumada, então nem ligo.
Enquanto estava depressiva em meu quarto, ela não foi até lá uma vez se quer, perguntar o que estava fazendo, ou até mesmo para me humilhar, era como se ela soubesse o que havia acontecido e quisesse me deixar a sozinha. Mas é claro que isso é impossível, eu não contei nada a ela, não aguentaria ouvir ela me dizendo que me avisou, e ela certamente ia querer que eu denunciasse Rico, pois ela pode ser como é, mas isso ela não aceitaria.

Estou terminando de ajeitar umas coisas aqui em casa para pegar o ônibus e ir trabalhar, estou ansiosa para ver o Sr Miguel, faz tempo que não o vejo e sinto sua falta. Ele é um bom amigo, sempre me ajudando, em absolutamente tudo que preciso, ele é como se fosse um tio bem próximo a mim, não digo pai porque para mim isso é impossível.
Bom, tudo pronto, separei os remédios da minha avó e agora é só ir trabalhar.

Não demorou muito e já estava na sorveteria, abracei Sr Miguel e ficamos conversando por alguns minutos, ele questionou o motivo da minha ausência, eu é claro, inventei uma desculpa qualquer, não poderia contar a verdade a ele.
Depois de colocarmos as conversas em dia eu comecei meu afazeres, limpei todas as mesas e organizei tudo. O movimento está fraco, não veio absolutamente ninguém ainda, deve ser pelo fato do tempo estar mais fresco.
Estou concentrada nos meu afazeres limpando a máquina de sorvetes, quando vejo um carro se estacionar frente a sorveteria, e  quando percebo quem realmente é, vejo meu chão desmoronando na minha frente. Era Eduardo, eu não esperava por esse encontro, não estou preparada, o sentimento que sinto agora, e de raiva, mágoa, depois de tudo que ele me fez.

Percebo que ele está entrando na sorveteria, e não posso deixar que ele me veja, pois para todos os efeitos, eu não moro mais aqui, e espero que ele continue achando isso. Vou inventar uma desculpa e pedir para que o senhor Miguel o atenda.

CORES DO DESTINO (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora