Noiva?!

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—e ai?

—sinto que terei mesmo que processar o Blade, ele está em reunião, não pode me atender.

Suspiro chateada, Cameron me esperou na recepção do jornal, ele não pode subir, porque ele não é funcionário, estou muito chateada, pois tudo o que a secretária do Blade me disse foi que ele não poderia me atender e me mandou ir para casa "descansar".

—e...

—vou ligar para uma advogada, vou processar ele, não tem outro jeito, ele não quer me deixar pedir contas, e também não quer conversar comigo.

—ele é um covarde.

Cameron toma sa minas dores, isso é tão fofinho da parte dele. Apesar de termos inicialmente discutido hoje cedo por conta do meu peso—de novo—decidi não me deixar abater, vim a empresa, ele me acompanhou, pagou um táxi, mas não adiantou muito.

—que tal almoçarmos por aqui mesmo? Conhece algum lugar?

—prefiro comer em casa Cameron...

—para de ser desanimada amor, vamos, podemos comer algo juntos, ir ao cinema, vamos aproveitar meus dias de folga.

Ah é, tinha me esquecido que o Cameron gosta de sair e viver a vida de um jeito no qual eu detesto, não gosto de sair, sou muito caseira, ainda mais quando se trata de ir a lugares públicos, as vezes é um constrangimento, quando não estão olhando para o que eu estou comendo, estão notando meu tamanho e me encarando como se eu fosse bizarra.

Eu sei que parece uma síndrome de perseguição, mas nem é, as pessoas estão mesmo acostumadas a pensar que ser magro é normal, e tudo o que não é isso, se resume a doença ou anormalidade.

A verdade é que se você não encaixa em nenhum padrão, as pessoas te olham como se você não merecesse estar entre elas, não são todas, mas a maioria delas sim, principalmente as que são superficiais, e infelizmente, o mundo está cheio delas.

Aparência, cuidados, pessoas fitnes, com hábitos saudáveis, corpos lindos no instagran, fotos retocadas no facebook, elas querem vender um estilo de vida que todo mundo quer ter, mas as condições são muito irreais, diferentes do que a maioria de nós tem.

Porque afinal de contas, todo mundo acha que na América não existe gente pobre, mas existe, e eu sou uma delas, agora, ainda mais, porque estou desempregada.

—no que está pensando?

—na minha pobreza, e você?

Cameron me olha, de repente surpreso, depois dispara a rir, ele passa o braço envolta da minha cintura e me beija a bochecha, não me afasto, não quero, acho que a discussão de mais cedo, me serviu para pensar em muitas coisas, em parte, tenho que admitir que ele está certo, mas por outro lado, não me sinto errada.

—você está certo, eu não devo reclamar da minha aparência, não tanto, devo tentar melhorar para me sentir bem—admito—isso não tem a ver com o meu corpo, mas com o jeito como eu me vejo.

—quero que fique bem—Cameron fala agora preocupado.

—eu também quero ficar bem, quero que as coisas melhorem para mim, contudo não é fácil.

—sabemos que não, nada é fácil, ainda mais quando se trata de auto aceitação.

—você é muito maduro.

—eu cresci num internato, ou amadurecia ou sofreria muito mais, eu aprendi a lidar com meus próprios problemas sozinho, essa foi a única vantagem em ter crescido sem os meus pais, se é que posso chamar isso de vantagem, há muitos colegas da época da escola que se tornaram viciados, não souberam cuidar do dinheiro da família, porém, comigo não foi assim.

—você já sentiu como se tentasse muito algo e não desse certo? Pensou em desistir?

—as vezes da vontade de sair do meu emprego, porque certas pessoas sabe, são meio preconceituosas.

—ah mas isso foi só nos primeiros dias...

—sei, sei.

Me inclino e lhe dou um selinho.

—você só tem que ser você mesma Faith—ele me olha enquanto andamos pela calçada—não precisa ser nada além disso.

—se ser eu mesma incluir o fato de eu ser gorda, isso seria um problema?

—seria um problema para você?

—acho que ainda não sei.

—então não é melhor que aprenda a entender seu corpo? Suas limitações?

—é verdade, eu odeio academia.

—eu entendo, ficar correndo numa esteira é um saco.

—fala isso porque tem um metabolismo bom.

—bem, talvez, mas eu entendo bem se não quer fazer exercícios, não faça, faça o que gostar.

—se isso incluir so ficar deitada, você vai me passar sermão?

—desde que você não adoeça por conta disso, não vejo o porque.

—eu quero melhorar Cameron, por mim.

—quem sabe nessa viagem você não descansa mais? Não aproveita e muda um pouco de ares?

—é uma boa ideia, você está quase me convencendo.

—Isso!

Sorrio.

Cameron me segura pela mão e me puxa para ele, paramos, ele me abraça e me beija devagar, me sinto um pouquinho envergonhada, mas tento ignorar isso, deixar de lado.

—vamos cuidar um do outro, eu posso aprender a lidar com seus problemas se você prometer ter paciência quando eu falar merda.

—eu tentarei, mas tenta não falar tantas merdas pesadas.

—eu prometo que não vou mais falar nada sem pensar pelo menos 10 segundos antes.

Sorrio.

—de acordo senhor Morgan.

—vamos para casa.

—não iriamos almoçar fora?

—prefiro a comidinha da minha noiva—diz ele e estende a mão no sentido contrário—Taxi!

Me vejo rindo.

Estou noiva!

Nem eu sabia, mas já estou gostando disso.




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