Capítulo 28

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— Tem certeza que consegue ir? — Wanessa perguntou para Luzia, as duas já dentro do táxi que as levaria até o seminário sobre igualdade e felicidade que ambas haviam organizado.

— Tenho. Eu não posso perder isso. Vai ser um momento único. E quem mais vai discursar no meu lugar? Você já tem as suas palestras.

— Eu dou um jeito.

— Jeito nada. Eu não vou me abater. É isso que aquelas mulheres querem.

Wanessa concordou e desviou o olhar. Gostava do jeito decidido da amiga. Era de pessoas assim que queria estar sempre próxima. Pessoas que não se abatiam e faziam o que tinha que ser feito, não importava as circunstâncias.

— Falando nisso — voltou olhar pra menina de cabelos azuis e olhos amarelos. — O que você vai fazer com a intimação que as médicas lhe deram?

— A de ter que encontrar alguém pra namorar? — Wanessa concordou e Luzia prosseguiu. — Vou ignorar. É o que fazemos com coisas idiotas. Onde já se viu querer me obrigar a fazer alguma coisa?

A negra riu:

— Também achei absurdo. Mas tenho medo que elas descubram que você não cumpriu a ordem e que venham te pegar. Se te internarem numa clínica psiquiátrica vai ser difícil te tirar de lá.

— Eu sei. Mas não vai acontecer. Vamos fazer a nossa revolução muito antes disso.

O táxi começou a diminuir sua velocidade ao adentrar o pátio onde seria realizado o evento. Wanessa preferiu manter seus pensamentos apenas para si, refletindo em como aquela revolução poderia demorar. Elas estavam dando passos de formiguinha, conscientizando uma mulher de cada vez e demoraria anos até que todas se dessem conta de que os homens não eram monstros e mereciam ser tratados iguais a elas. Até lá muita coisa poderia acontecer. Luzia poderia ser internada. Gustavo, Gean e Rick descobertos e mortos. E mesmo se não fossem, não poderiam viver tanto tempo escondidos. Precisavam de uma solução mais rápida. Mas ela não tinha nem ideia de qual seria.

Guardando essa questão no fundo de sua mente e se concentrando no que teria que fazer no momento, desceram do táxi e entraram no enorme salão. Algumas mulheres já se faziam presente, aguardando o tão esperado seminário. A maioria achava que era sobre como ser ainda mais feliz ou como todas viviam em harmonia com tanta igualdade entre elas. Mas a realidade viria para chocar a todas e era essa a intenção das duas garotas.

Assim que o auditório encheu de mulheres, fizeram uma breve e simples abertura, guiada por Wanessa. Em seguida foi a vez do discurso de Luzia e da explicação sobre o que elas estavam prestes a aprender.

— Bom dia! — iniciou a menina, sem medo, sobre o palco, segurando o microfone entre as mãos e olhando firme para seu público. — Me chamo Luzia e sou uma das organizadoras desse evento. Antes de mais nada gostaria de agradecer a presença de todas vocês aqui. É de extrema importância a presença de cada uma, e garanto que não sairão deste salão do mesmo jeito que entraram. Conhecimento e principalmente novas reflexões atormentarão suas mentes. Mais tarde contarei um pouco sobre minha vida e uma grande descoberta que fiz há algumas semanas. Descoberta que dividirei com vocês e que espero que mude suas vidas assim como mudou a minha.

A menina fez uma pausa antes de prosseguir. Se aproximou de uma bancada próxima e bebeu alguns goles d'água.

— Talvez saibam qual seja o tema desse Seminário. Mas provavelmente não imaginam o que isso quer dizer realmente. Abordaremos uma nova visão de mundo. Refletiremos um pouco sobre o passado, sobre a época da igualdade e até antes disso. Discutiremos sobre o nosso presente, sobre nossas vidas, sobre quem somos e sobre quem queremos ser. Sairemos daqui nos conhecendo melhor, conhecendo melhor o outro e aceitando toda forma de amor e toda a forma de felicidade.

A Liberdade que LimitaOnde histórias criam vida. Descubra agora