Após quase uma hora chorando sentada no chão e encolhida, Luzia reagiu. Secou as lágrimas do rosto e levantou, se segurando na parede ao seu lado. Um pouco tonta e atordoada seguiu para o elevador e saiu do edifício. Pegou um táxi e se dirigiu até o apartplug de Wanessa. Esperava que a moça estivesse em casa para lhe contar o que aconteceu e decidir o que fazer agora.
Felizmente ela estava e abriu a porta após poucas batidas:
— Boa noite, Luzia! — falou, um pouco surpresa de ver a amiga àquele horário. E notando seus olhos inchados e marejados de lágrimas. — Aconteceu alguma coisa?
Luzia chorou mais um pouco antes de conseguir falar, Wanessa lhe puxou para dentro e lhe abraçou:
— Os rapazes lhe fizeram alguma coisa? Eles te xingaram? Ou vocês brigaram? — disse em tom baixo e carinhoso, o que só fez a menina chorar ainda mais. — Respire fundo, Luzia. Tudo vai ficar bem.
Wanessa lhe puxou mais um pouco para o sofá e sentou-se com ela agarrada ao seu peito. Deixou que chorasse e se acalmasse. Estava curiosa com o que podia ter acontecido pra deixar a menina assim, mas preferiu não apressá-la.
Passado alguns minutos ela respirava com maior tranquilidade e soluçava com maior espaço de tempo. Foi nessa hora que se afastou alguns centímetros da outra e lhe contou:
— Eles foram presos.
A negra não disse nada e esperou maiores explicações.
— Eles foram presos. A polícia levou eles.
Enfim a ficha de Wanessa caiu:
— Presos? Gustavo, Gean e Rick? — Luzia confirmou com um aceno. — Como? Quando? — ela se afastou e ficou olhando fixo pra algum ponto no seu horizonte, tentando entender. — Eles estavam... Eu levei eles. Ninguém ia descobrir...
— Eu não sei. Cheguei e encontrei a polícia lá. Prenderam e os levaram. Eu tentei explicar... Tentei falar que eram meus amigos, mas não adiantou.
— Como pode? — a moça compartilhava da dor da outra. — Como eles descobriram?
— Isso não importa. O que importa é que precisamos salvá-los. Eles vão ser mortos, Wanessa. Vão ser mortos por nossa culpa. Por minha culpa.
Wanessa não respondeu. Lembrou de Gustavo junto dela. Gostava tanto de conversar e de estar com ele. Lembrou de ambos os beijos que compartilharam na noite passada. As lágrimas ameaçavam brotar em seus olhos também. Ela respirou fundo e empurrou aquelas imagens pra longe de sua mente:
— Não. Eles não vão ser mortos. Não!
— E como vamos impedir?
— Eu... eu não sei.
Ela se levantou e foi até a geladeira, pegou uma garrafa de água e bebeu longos goles respirando profunda e calmamente. Luzia esperou na sala, observando a amiga de longe e esperando que ela falasse.
— Nós não sabemos se eles realmente vão ser mortos — falou Wanessa assim que voltou, buscando ser racional. — Eles foram presos. Podem ficar assim por enquanto. A ameaça pode ter sido apenas um blefe.
— Não podemos arriscar. Wanessa, eles são nossos amigos. Não podemos deixá-los morrer. Você não se importa com eles?
— Eu me importo — novamente seus pensamentos focaram no rapaz dos olhos negros. — Me importo mais do que você pode imaginar. Mas precisamos ser racionais. Não podemos sair agindo por impulso ou teremos o resultado contrário.
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A Liberdade que Limita
Science Fiction"A sociedade não está pronta para aceitar toda forma de liberdade" Em um mundo dividido em duas classes, as mulheres são seres superiores e os homens inferiores. Cada um habita uma sociedade, que funciona de maneiras distintas, eles trabalhando e...