Capítulo 6

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— Graças a Deus você tá aí! — Minerva gritou ao entrar no quarto de Luzia e a encontrar lá dentro. — Onde passou a noite passada? Achei que tivesse ido viajar de novo.

A garota ainda deitada na cama, apenas se virou encarando a amiga e puxando as cobertas para cima. Seus cabelos azuis caiam em seu rosto. Ela se sentia péssima. Mal conseguia abrir os olhos, precisava de mais umas doze horas de sono.

— Não — foi a única coisa que se resignou a responder.

— Humm... Então pela sua cara você tava em alguma rave. Isso aí é cara de ressaca.

— Quem dera... — a menina se levantou e sentou na cama. Foi uma péssima escolha. Todo o seu corpo doía como nunca antes. Os braços não seriam capazes de fazer qualquer movimento. — Eu estava trabalhando.

— Trabalhando? — os olhos roxos de Minerva brilharam de curiosidade e ela adentrou o quarto fechando a porta atrás de si. — No quê? E de noite?

— Se eu te contasse você não acreditaria. Mas eu não estou em condições de contar nada agora. Tô moída. Preciso dormir e acordar daqui dois dias.

— Mas você não vai trabalhar mais?

— Não.

— Não?

— Não. Foi apenas uma experiência de um dia. Você vai entender quando eu contar.

— Então conte agora. Tô no tédio mesmo.

— Não. Agora não. Preciso dormir.

E dito isso ela virou de lado de novo na cama, dando as costas para a amiga e puxou a coberta para que cobrisse seu rosto.

— Tudo bem. Vou ver se a Karen quer sair comigo. Mas mais tarde você vai me contar isso aí direitinho.

Luzia nem respondeu. Mal ouviu o bater da porta e já estava dormindo de novo.

Conseguiu levantar da cama quando já estava escuro. Seu estômago roncava de fome — fazia quase dois dias que não comia nada decente. Estava perdida nas horas, e as luzes acesas pelo apartplug incomodavam seus olhos. Ficar de pé e caminhar foi uma terrível dor. Luzia jamais imaginou que houvessem tantos músculos pelo corpo humano e que eles pudessem doer daquela maneira. Até a sola de seus pés doíam por todo o tempo que passou de pé. Mal conseguia virar a cabeça. Foi caminhando o mais devagar que pode até a sala.

Encontrou Valéria abraçando Minerva no sofá. As duas não pareciam estar em um bom momento também. A amiga morena dos cabelos rosas reclamava, deitada sobre o peito da outra:

— Ela não podia duvidar de mim assim! E nem fazer isso com nós... Se dissesse que estava precisando de um tempo, nós daríamos. Se quisesse morar em outro lugar nós deixaríamos. Mas não assim...

— O que aconteceu?

Luzia com esforço sentou em uma das poltronas ao lado do sofá claro.

— Luzia. Você finalmente acordou! — Minerva ajustou sua postura, tirando sua cabeça do tórax de Valéria, ficando apenas encostada nela. Valéria que era alguns anos mais velhas que as outras duas, com seus cabelos curtos e laranja, apenas passou os braços pela frente do corpo da namorada.

— Acordei sim, mas o que aconteceu enquanto eu estive dormindo?

— A Karen — Valéria disse.

A Liberdade que LimitaOnde histórias criam vida. Descubra agora