3| A teoria dos idiotas e como se aplica.

663 80 50
                                    

    Depois de anos me aprofundando em idiotologia, meus estudos apontam que os idiotas sempre andam em bando, vivem se exibindo e, sempre brigam entre si para decidir quem é o mais babaca

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

    Depois de anos me aprofundando em idiotologia, meus estudos apontam que os idiotas sempre andam em bando, vivem se exibindo e, sempre brigam entre si para decidir quem é o mais babaca. Em minha teoria principal — agora comprovada — um idiota sempre encontra outro com o mesmo grau de idiotice para manter relações afetivas; namoros, amizades, entre outros. Isso quer dizer que se você conheceu o cara mais idiota do planeta, é muito provável que futuramente ele e o cara mais idiota do sistema solar se tornem melhores amigos. Por ironia ou não, é exatamente o que esta acontecendo agora e eu estou em dúvida se fico feliz por ter comprovado minha teoria, se fico irritada e bato nós dois, ou se lhes apresento uma face madura e calma minha — que eu se sequer sabia que existia — e me faço de indiferente. Opto misteriosamente pela última opção.

    Me encosto na porta, cruzo os braços e lanço um olhar indagador.
   O loiro, também conhecido como Isaac Foley, se senta na cama novamente junto à seu amigo platinado, Rafael Müller. De aparência os dois continuam os mesmo de que me lembrava, principalmente Isaac. Ele ainda é alto e magro, mas não é mais aquele cara desengonçado que conheci. Oh não, agora ele tem uma postura firme e decidica. Seus olhos ainda são maravilhosos, no entanto, não brilham como antes. Já Rafael Müller continua uma maldita porta para o inferno; alto, com um corpo não muito musculoso, cabelos platinados em um tom branco que destacam ainda mais seus olhos azuis tempestuosos e seus lábios pouco carnudos. Nada nele é em excesso, mas proporcional. Ele é clara imagem do caos e do pecado eminente, mas quem não iria contente para o inferno depois de ter pecado bastante com ele?

   O silêncio domina o cômodo, porém ele é quebrado rapidamente por Isaac.
— Luna, podemos conversar? — pergunta timidamente.

    Abro um sorriso preguiçoso.
— Não.

   O ouço soltar um suspiro.
   O dormitório é até bastante espaçoso.     Há dois beliches dividindo o lugar, um no lado esquerdo e outro no direito, no chão um enorme e felpudo tapete de pele de tigre o cobre inteiramente, e pequenos pufes em vermelho e dourado estão espalhados pelo quarto aleatoriamente. Mais à esquerda do lugar, um enorme armário — ao lado de uma porta branca que deve ser o banheiro — de madeira é dividido em quatro; dois deles estão abertos e exatamente bagunçados (Homens!). Agora vem a parte ridícula da decoração: as paredes, ou melhor, o que se pode ver delas, são de um tom claro de vermelho alternando com um dourado, e, além de vários adesivos de tigres, há também uma porção de posters de times de lacrosse e basquete grudados por toda a superfície. Olhando para cima, no teto, você se sente dentro de um site pornô, porque lá existem centenas, ou melhor, milhares de fotos de garotas peladas. Isso aí, completamente nuas.

— Podemos tirar, se quiser — propõe Rafael, subitamente.

— Não tínhamos ideia — Isaac se justifica.— que seria uma garota esse ano.

— Ou que fosse você — completa Rafael.

   Volto meu olhar para os dois e abro um sorriso irônico.
— Na verdade, eu não me importo de dormir olhando para peitos — lhes jogo uma piscadela.

   Isaac me olha confuso, Rafael fica extremamente vermelho. Adoro fazer piadas internas!
— Você é bi? — pergunta Isaac, sem entender nada.

   Querido, Isaac, você jamais entenderia, penso.
  Abro um sorrisinho.
— Eu cho que isso não é da sua conta.

   Estando o beliche da esquerda ocupado por dois idiotas, caminho diretamente para o da direita que parece intocado.
   Sou interrompida por uma sombra alta que se põe rapidamente na minha frente.
 
Isaac.

— Precisamos conversar — pede suplicante. Suas macias mãos seguram levemente meu pulso, mas eu me desvencilho delas. — Por favor.

— Você quer explicar — esbravejo. —, não é? Então, vamos lá, começa!

   Ele fica vermelho, solta um longo suspiro e me encara.
— Eu.. sinto muito — começa. —, sério. Desculpe ter deixado você, desculpe ter sumido.

   Ele parecia prestes a chorar, mas eu não.
   Permaneci na mesma posição; de frente para ele, com os braços cruzados e com cara de tédio.
— Esse papinho de "eu sinto muito" não é nada — dou ênfase no" eu sinto muito" e continuo: —, quando na verdade não se sentiu porra nenhuma! — ele tentou me tocar novamente, entretanto, eu fui mais rápida e recuei para longe dele.

   Seu olhar era triste e fazer aquilo estava me matando. Mas era preciso.
— Eu me arrependo disso — sussurra.— Me arrependo muito. Se eu pudesse, nunca teria te deixado. Nunca! — passa desesperadamente as mãos pelos cabelos. — Se pudesse voltar no tempo eu.. — eu meio que aceitava aquele papo de sentir muito e tal, mas me dizer que se pudesse não teria me deixado é cinismo puro. Interrompo sua declaração com uma crise de risos. Ele é tão mal mentiroso!

   Isaac e Rafael me encaram com incredulidade, depois se entreolharam sem saber o que fazer.
— Ela esta drogada? — pergunta Rafael.

   Isaac revirou os olhos.
— Claro que não!

   Rafael fez uma careta.
— Então do que ela esta rindo?

   Isaac deu de ombros.
— Não faço ideia!

   Eu estava quase à beira de um AVC quando enfim consegui me controlar. Mente, penso, mente que eu gosto.
Abro um sorriso preguiçoso para Isaac.
— Você deveria parar, sabe?

— Parar com o que? — pergunta confuso.

— De mentir — respondo. — Você sempre foi péssimo nisso!

Todas as faces de Luna [CONCLUÍDA/EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora