1| Yeah, acho que fiz um inimigo!

1.2K 120 158
                                    

— Luna, acorde! Chegamos! — minha única reação foi abrir os olhos e tentar não xingá-la de todos os nomes possíveis

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Luna, acorde! Chegamos! — minha única reação foi abrir os olhos e tentar não xingá-la de todos os nomes possíveis.
    Se houver uma lista com as coisas das quais odeio, ser acordada pela voz irritante de Helena está no topo dela. Sem dúvidas.
    Bufando, jogo a mochila nas costas e saio do carro batendo a porta.
— Não quebre o que não irá pagar — me repreendeu, cruzando os braços. Com era de se esperar, ela estava me esperando do lado de fora, usando seu vestido florido na altura dos joelhos, seu enorme salto que até agora estava tentando entender como conseguia se equilibrar em cima daquela coisa, seus muitos colares  coloridos envolviam seu pescoço e sob seu rosto magro estava seu inseparável óculos escuro absurdamente rendondo que a deixava semelhante à um mosquito. Uma coisa é certa: ela criava suas próprias tendências, por mais esquisitas que elas parecessem ser.
    Quando paro em sua frente, Helena me lança um olhar sério, então imagino que terei de ouvir aquele discurso novamente. E isso me faz revirar os olhos.
— Quando aceitei ser sua tutora, Luna  — inicia o discurso. — prometi para mim mesma que te colocaria na linha. Estando aqui, não irei tolerar suas irresponsabilidades, suas confusões e tampouco... — meu cérebro simplesmente entrou em modo silencioso e parou de prestar atenção no que ela dizia, afinal, já conhecia bem aquele discurso repetitivo, pois tinha sido obrigada a ouvi-lo umas quinhentas vezes.
      A ignorando, ajeitei a mochila sobre os ombros e caminhei em direção ao meu novo inferno.

    De início, tudo que eu consigo enxergar é um monte de adolescentes que caminham em todas as direções. Alguns, como eu, caminham apenas na companhia de suas bagagens ou mochilas, outros são acompanhados de seus responsáveis, e há também os que tem amigos em seu encalço.
    Atravessando a rua, finalmente consigo ter uma noção maior do lugar que estou me dirigindo.
     Enormes muros de concreto cercam o lugar, porém, como uma forma de espantar a impressão de prisão que esses muros nós trazem, eles são cobertos por um tipo de planta que o disfarça quase completamente. Na entrada principal, existem duas roletas enormes, uma no lado direito e outra no esquerdo. Do lado que cada roleta existe uma espécie de portaria que suponho que seja uma forma de monitorar a entrada e saída dos alunos.
    Caminho para o lado direito das roletas, onde a fila parece um pouco menor que a do lado esquerdo.

    Na minha frente, um trio de garotos segurando suas bagagens conversam animadamente sobre futilidades. Típico. Eu devia estar surpresa?
— Você viu o tamanho dos peitos daquela garota? — ouço o garoto do meio, que vestia uma camisa preta, calça jeans e um sapato de uma marca muito famosa na região, perguntar. Este era o mais baixo dos três, era negro e tinha o cabelo cortado naquele famoso "estilo militar". Consigo trazia apenas uma pequena mala azul.

— São uma maravilha — concorda maliciosamente o amigo à sua direita, que vestia uma camisa cinza de uma banda de rock da qual eu não conhecia, calça moletom preta e chinelos. Assim como a maioria dos garotos que vem fazer intercâmbio ou simplesmente não nasceram louros, ele havia descolorido seu cabelo em um tom amarelado, o que era bastante comum entre os garotos; parecia uma espécie de ritual para se sentir alemão ou alguma bobagem do tipo. Futilidades do sexo masculino. Nem tente entender.

— É, cara, esse ano promete! — exclama o garoto à esquerda, que era consideravelmente o mais alto e mais forte dos três. Ele vestia uma camiseta azul de um time de basquete local, bermuda jeans e assim como seu amigo, calçava chinelos. Este era louro natural, mas a tonalidade se seu cabelo era mais escura e ficava bem mais em evidência contra a luz do sol.

    A fila permanece parada por alguns minutos. E o motivo? Será que o cara da portaria foi lanchar? Será que alguém morreu lá dentro? Estará rolando um Apocalipse zumbi no campus e eles estão nos impedindo de sermos infectados? Não, obviamente não. O motivo nada mais é o trio de patetas parado á minha frente, que estão distraídos o suficiente falando das coxas de uma tal de Daphne para sair da frente.
   Irritada, cutuco o garoto de azul, que esta mais próximo. Ele simplesmente parece me ignorar, o que me deixa mais irritada.
— Será que pode sair da frente ou vou ter que passar por cima de você? — sabia que tinha usado o conjunto de palavras errado para lidar com aquele idiota, mas estava quase derretendo naquele calor infernal e tudo que eu mais queria era me sentar em algum lugar. Então que se foda!

    Ao ouvir isso ele vira-se para mim, com um sorriso malicioso estampado no rosto. Me perco alguns segundos em seus olhos azuis, que me fitam com um misto de curiosidade e divertimento. Avalio seu rosto seu corado e meio arredondado, tomado por sardas, seu sorriso de lado que transmite malícia e concluo que: ele é um idiota. Um completo idiota.
    Ele me avalia de volta por um instante e então começa a rir.
Sinto vontade de cometer um homicídio, porém me contenho.
Adoraria que ter você passando por cima de mim — diz maliciosamente. — Pode vir, docinho.

    Humm... É mesmo?
   Com um sorriso diabólico no rosto, dou-lhe um chute no meio de suas pernas e ele cai no chão, se contorcendo de dor. Seus amigos se contorcem também, só que de rir — amigos assim eu não queria nem fodendo.
    Faço questão de passar por cima dele, que me lança um "filha da puta" e isso me faz dar risada.
— Sabe... Foi um prazer passar por cima de você — falo com uma falsa malícia, completando em seguida: — Podemos repetir a dose qualquer dia desses, coração — lhe jogo uma piscadela antes de atravessar a roleta e o ouço me jogar uma centena de pragas.

    Maneiro, penso. Acho fiz um inimigo!

Todas as faces de Luna [CONCLUÍDA/EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora