Todas as faces de Luna [CONCLUÍDA/EM REVISÃO]

||27|| Tudo pode esperar mais um pouco.

 Maratona 1/3.

   Sabe quando você pressente que algo está prestes a acontecer? Ou quando tem algo de estranho no ar e você consegue sentir? Era exatamente isso. Não era a primeira vez que estava sentindo esse aperto no peito, na verdade, eu o sentia sempre que via, ou até mesmo quando pensava em Isaac. Uma parte minha acreditava que aquilo era apenas saudades, mas a outra sempre soube que algo estava errado.

     Enquanto corríamos em direção ao dormitório, Rafael tentava me explicar um pouco o que aconteceu.
— ... então o treinador se irritou, começou a gritar e ele saiu correndo.. — concluiu a explicação. — Já fazem alguns meses que ele anda esquisito, você também percebeu.

Assenti devagar.
— Acho que todo mundo percebeu — aquilo era a mais pura realidade. Isaac sempre foi um cara engraçado, daqueles que você sempre vê com um sorriso no rosto. Porém hoje em dia ele não sorri mais. Não verdadeiramente. Não como antes. Havia algo errado ali e secretamente eu meio que sabia o que era, mas esperava que não fosse.

   Paramos enfrente ao dormitório, que se encontrava com a porta trancada.
  Rafael me encarou.
— Você tem alguma ideia do que está acontecendo, não é?

— Tenho, mas não posso te falar — ele me olhou indignado. — Quando se sentir confortável, ele vai te contar — coloco a mão sobre seu ombro, como uma maneira de lhe passar conforto.

— E se ele nunca se sentir confortável? — retrucou, parecendo magoado.

— Então você simplesmente vai respeitar o silêncio dele — respondi simplesmente.

— Ele é o meu melhor amigo! Eu só queria saber o que está acontecendo com ele.. — seu tom de voz exaltava preocupação.

   Me aproximo o suficiente para puxá-lo para um abraço que é rapidamente retribuído.
— Ele também é meu melhor amigo.. Ou era, pelo menos — a última parte saiu quase um sussurro. — Eu também estou preocupada, mas ninguém pode obrigá-lo a falar — acaricio seus cabelos de maneira afetuosa.

   Ele assentiu, colocando o queixo sobre a minha cabeça.
— Tudo bem. Eu entendo — sinto um beijo ser depositado sobre a minha cabeça. — Quer que eu tente falar com ele de novo?

— Não, eu faço isso — ele assente quando nos soltamos do abraço.  — Volte para o treino e invente uma desculpa qualquer. Eu vou ajudá-lo, eu prometo.

   Ele me lança um sorriso fraco.
— Eu sei que vai; você sempre cumpre as suas promessas — ele me rouba um selinho demorado. — É.. me desculpa pelo meu pequeno surto, ta? Eu só.. Estou muito preocupado com ele — Rafael desvia o olhar para a porta trancada, como se magicamente pudesse enxergar através dela. — Ele não come direito, raramente conversa com as pessoas, Lulu, eu estou com medo que ele faça alguma besteira — sussurrou. — Não posso perdê-lo..