POV SCOTTTodo mundo carrega o peso de um segredo nas costas.
Bom, o meu pesava mais ou menos uns 54 quilos, tinha uns 1,55 de altura, era mandão e, principalmente, sarcástico pra caralho.
Por mais surpreendente que isso possa parecer, não, eu não estou falando da minha demônia favorita; Luna.
Seu nome era Annie, mas ela preferia ser chamada de Jensen; ela dizia que Annie era nome de princesa; ela sempre odiou princesas.Jensen era dois anos mais nova, entretanto, ela sempre fora muito mais madura. Na verdade, ela sempre teve a maturidade que eu nunca possui.
Nossos pais viviam trabalhando - nada mudou nos dias atuais -, então sempre fomos somente ela e eu.
Sendo seu irmão mais velho, eu sempre fiz do possível ao impossível para cuidar dela.
Fui eu quem ajudou as empregadas a trocar suas fraldas mesmo não sendo necessária a ajuda. Fui eu quem a viu andar pela primeira vez. Fui eu quem a ajudou a arrancar seu primeiro dentinho de leite; isso quase deu merda; fui eu quem a levei para a escola no primeiro dia, todo orgulhoso. Fui eu. Sempre fui eu. E eu nunca vou me arrepender de ter feito cada uma dessas coisas. Nunca.
Minha irmãzinha sempre foi minha única prioridade. Eu curtia, eu fazia minhas merdas, mas ela sempre vinha em primeiro lugar. Perdi a conta das vezes em que deixei uma foda de lado e voltei para casa voando porque ela me ligava pedindo ajuda com coisas simples como o dever de matemática que ela não conseguia terminar, ou o garoto de sua turma que não dava bola para ela. Eu simplesmente largava tudo e voltava correndo. Sempre.
Mas um dia eu não voltei a tempo. Um dia eu a deixei esperando por mais cinco minutos. E foi nesse dia que eu fodi com tudo.Todo final de ano os veteranos do meu antigo colégio organizavam um festão para comemorar. E eu claro, que por sempre amar uma boa festa, não dispensei essa. O único problema era que: Jensen também queria ir, então eu a arrastei comigo. Nunca fui de pagar de irmão chato. Se ela queria vir, ela viria comigo. Ponto.
Me lembro de tê-la observado dançar sozinha no meio da pista. Ela não parecia se importar em estar sozinha, não parecia se importar com as pessoas que a observavam, ela simplesmente estava aproveitando o momento. Acho que de alguma forma, ela pressentia que essa seria sua última dança.A deixei dançar e me foquei na garota loira que estava sentada no meu colo, beijando meu pescoço.
Jensen sempre odiou ser um incômodo, por isso sempre que eu estava com uma garota ela preferia não me interromper. Dessa vez não foi diferente.
O nosso combinado era que, eu ficaria na minha e ela faria o que quisesse - menos sexo. Quando fossem 2h em ponto eu iria procurá-la para irmos embora juntos.
O principal problema da minha pequena era que ela era extremamente impulsiva. Ela fazia as coisas primeiro, depois pensava no assunto. Maldita impulsividade!
Eu a deixei esperando por cinco minutos. Somente cinco minutos. Depois disso eu nunca mais pude ver seu sorriso.Ela havia esperado esses cinco minutos a mais, emburrada, pelo que consigo imaginar, mas ai alguém lhe ofereceu carona e ela aceitou.
Ela aceitou carona de um cara bêbado.
E morreu por que não me esperou.
Morreu porque me atrasei cinco minutos.
Ela morreu porque eu não soube cuidar dela direito e eu nunca me perdoaria por isso.A morte dela acabou comigo. Acabou totalmente. Eu vivia em boates, em festas, em bares. Tudo isso para tentar suprir o vazio que ela havia me deixado. Mas durante a noite, quando não havia ninguém por perto, eu pegava uma foto nossa e chorava até pegar no sono.
Eu sabia que ela não gostaria de me ver assim. Por isso eu tentava diariamente ser o Scott de sempre, mas quando as lembranças vinham com força, eu não era capaz de conter o choro.— Você... Não vai mais voltar ?— sua voz me trouxe de volta a realidade. Seu tom de voz era neutro, mas eu sabia que havia insegurança naquela pergunta.
Faço carinho em sua mão, que estava entrelaçada com a minha.
— Talvez eu não volte —repeti. — Não é de certeza, mas... Eu prefiro ser sincero com você.Ela ficou calada.
E eu sabia que ela estava pensando em muitas coisas; Jensen também era assim..
Por que elas tinham que se parecer tanto? Me perguntei mentalmente. Mais que porra!Queria dar um tempo para ela pensar no que havia dito, então fiquei calado. Enquanto isso, assistia Luna brincar distraidamente com nossos dedos colados.
Ainda me lembro da primeira vez em que fiz isso. Estávamos jogados no gramado, ela estava deitada com a cabeça apoiada no meu ombro e eu simplesmente brincava com seus cachos. Comecei a puxar assunto sobre o que me veio na mente; as estrelas que brilhavam lá no alto; e senti que ela havia ficado triste de repente. Nós raramente falávamos sobre o nosso passado; respeitávamos o silêncio um do outro; por isso quando senti que ela estava triste não resisti ao impulso de segurar sua mão. O que eu não esperava era que ela simplesmente a segurasse de volta.— Scott?— me chamou.
A olhei.
— Oi?Ela estava com aquele olhar e aquilo ferrava comigo.
— Eu não quero que você vá embora, loirão — sussurou, me pegando totalmente de surpresa.Essa garota acabava comigo.
Em alguns momentos eu me sentia tentado a atirará-la de um prédio, em outros eu estava disposto a pular de um prédio só para protege-lá. Esse com certeza era um daqueles outros momentos.
A puxo para um abraço apertado.
— Também não quero deixar a minha demônia - murmuro e a ouço soltar uma risada fraca.— Mas você sabe...— ela me interrompeu, se soltando do abraço.— É, eu sei — abriu um sorriso.— Não posso te impedir de ir embora... Só... Não esquece de mim quando estiver lá, OK? Te caço até no inferno se arrumar outra melhor amiga.
Ela é um doce.
A abraço rindo.
— O quê? Eu tenho a amor a minha vida!A sinto encostar a cabeça no meu ombro.
— Você é um idiota! — resmunga, mas tenho absoluta certeza de que ela está sorrindo.— O maior idiota de todos.Não falo nada, apenas a abraço apertado, sem poder conter o sorriso que nascia em meus lábios.
Era isso.
Ela era um vidro que quando quebrado se tornava letal, mas quando inteiro era frágil e sensível.
Ela era uma caixinha de surpresas, que a cada instante me apresentava uma face mais diferente da outra.
Ela era intensa, impulsiva e até meio bipolar.
Me batia, mas quando eu a abraçava ela retribuía.
Dizia diariamente que eu era o maior idiota do mundo, mas nunca se afastava desse idiota aqui.
Ela parecia conhecer todos os meus defeitos e mesmo assim não parecia dar a mínima para eles.
Ela era igual à minha irmãzinha, por isso, desde o instante em que conversamos de verdade - em meio algumas mordidas e pontapés - eu prometi para mim mesmo que dela eu cuidaria direito. E essa promessa eu iria cumprir custe o que custar.---------- ☁ ----------
Ultimamente eu vinha sentindo que o Scott era meio injustiçado pela maioria das pessoas, por isso, ta ai um pouco sobre ele.
Eu cuido dos meus personagens como se fossem meus filhos, por isso eu sempre fico puta quando falam mal de algum deles. Scott era um claro exemplo.Enfim.. Consegui mudar 1% da opinião de vocês sobre ele? Espero que sim
Oi, oi, Galerinha.
Sumi, né? Mil perdões.
Estou passando por uma "fase" meio complicada, então não tenho tido ânimo pra escrever; ou pra fazer outra coisa; mas sei que não posso colocar a culpa em vocês.
(Momento surto no capítulo a seguir)
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Todas as faces de Luna [CONCLUÍDA/EM REVISÃO]
Roman pour AdolescentsLivro 1. Segundo ao pai dos burros e indecisos; vulgo dicionário; reviravolta é a mudança repentina de situação para pior ou para melhor. Em outras palavras: é a perigosa jogada do universo que pode melhorar ou ferrar ainda mais com a sua situaçã...