||21|| Minha árvore incompleta.

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    Desta vez acordei cinco minutos antes do despertador e isso era um completo milagre divino considerando que havia pegado no sono depois das 2 h da manhã

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    Desta vez acordei cinco minutos antes do despertador e isso era um completo milagre divino considerando que havia pegado no sono depois das 2 h da manhã.
   Tomei um banho gelado, vesti o uniforme; do meu jeito, claro; nada de saias; e comecei a juntar meu material.
Nas segundas, as duas primeiras aulas eram de história, a terceira era de matemática e as duas últimas eram de física. É, querida segunda-feira, eu tento não odiá-la, mas desse jeito é inevitável.

   Isaac havia acabado sair do banheiro já uniformizado, Rafael estava pronto a algum tempo, porém estava esperando Isaac, que por infantilidade estava ignorando completamente a minha existência. Isso até me afeta, mas eu quero que se foda!

    Me certificando de que estava tudo OK, saí do dormitório.
Acabei encontrando um Scott com cara de sono no meio do corredor.
— Bom dia, ruivão — murmurou sonolento.

Ri da sua situação.
— Passar a noite fodendo da nisso, loirão — debochei e ele me mostrou a língua. — Bom dia, babaca.

Ele passou os braços envolta do meu pescoço e fez beicinho.
— Me carrega? — pediu dengoso.

— Sou sua escrava? — ele colocou a cabeça no meu ombro.

— Deus me livre ter uma escrava desobediente como você! — exclamou.

Lhe dei um beliscão o fazendo resmungar.
— Anda, me larga que você é pesado pra caralho!

Ele me soltou abrindo um sorrisinho convencido.
— Excesso de gostosura.

— Ou de babaquice — sugeri e ele ficou emburrado a manhã inteira.

   Para variar, eu estava atrasada para a minha aula de português. Motivo: fui arrastada pelos três patetas para assistir o treino e acabei perdendo a hora.
    Eram exatamente 1:10 da tarde e estava dez minutos atrasada.
   Corri apressada para a sala, bati e fiquei esperando alguns segundos.
   Como ninguém havia ido abrir a porta, abri e entrei com tudo.
   A sala estava lotada, mas a professora não estava ali. Estranhei, porém fui me sentar no lugar de sempre; última cadeira da fila, última fileira, bem longe de Isaac que havia virado o rosto para o outro lado. Ótimo.
   Nas cadeiras da última fileira ficavam apenas eu, um cara chamado Paul e misteriosamente Ary — que abriu um sorriso assim que me viu. Ah, quem precisa de um " boa tarde " depois disso?
Ainda sorrindo, ele se sentou ao meu lado.
— Tem alguém aqui?

Eu juro, juro que tento ser um amor de pessoa, mas as pessoas não colaboram.
— Você está vendo alguém sentado aí?

Ele fez um biquinho maravilhoso.
— Grossa — resmungou abrindo um sorriso em seguida. — Como foi sua noite?

Essa foi a minha vez de fazer biquinho.
— Foi boa, mas poderia ter sido melhor, sabe? — ele rapidamente captou o duplo sentido da palavra ficando corado.

— Desculpa eu.. — o interrompi.

— Relaxa aí, eu entendo — abri um sorriso. Nós estávamos tendo uma " conversa " maravilhosa na escadaria quando ele lembrou que tinha lição para fazer. Eu quis bater nele, mas eu o entendia; ele precisava ter notas altas se quisesse permanecer no time principal e não seria eu a responsável por foder com o sonho do cara.

Ainda envergonhado ele retribuiu o sorriso.
— Desculpa mesmo assim.

— Ta de boa — lhe joguei uma piscadela. — Por que a professora não está aqui?

— Ela avisou que iria chegar uns minutos atrasada hoje — falou se ajeitando na cadeira e completou em seguida: — Problemas familiares.

Passaram-se alguns minutos até o momento em que uma mulher alta, de pele negra e cabelo encaracolado entrasse na sala vestindo o uniforme feminino dos professores; saia e jaqueta vermelha, e uma camisa social branca.
— Boa tarde, classe —falou em português.

— Boa tarde — a maioria respondeu também em português.

Ela caminhou até sua mesa, sentou-se e começou a organizar a chamada.
— Como vocês sabem, o trabalho sobre a árvore genealógica é para hoje — avaliou a sala, depois voltou seu olhar à chamada. — Os trabalhos serão apresentados pela ordem da chamada, portanto, quando seu nome for chamado venha me mostrar o desenho e apresente-o para a classe.

   O primeiro a se apresentar foi Ary, que estava uma gracinha envergonhado por falar em público. Em seguida foi uma garota chama Anne e assim sucessivamente.
  Por dentro eu estava torcendo para que o sinal tocasse antes que ela chamasse o meu nome — por mais que eu tenha feito essa droga de árvore.
E mais uma vez, eu não tive sorte.

— Luna E.. — a interrompi antes que ela dissesse ao mundo o meu nome horroroso.

— Tô aqui — me dirigi até ela carregando o caderno.

Ela franziu o cenho assim que olhou para a minha árvore.
— Está incompleta — falou ela.

Eu ri, mesmo sem vontade alguma de fazer isso.
— Não, essa é a minha árvore genealógica completa.

Ela avaliou o desenho mais uma vez, como se esperasse que palavras invisíveis surgissem inesperadamente no papel.
— Aqui só tem você.

Abri um sorriso afetado.
— Eu sou minha única família — peguei o caderno de volta sem nenhuma cerimônia. — Eu sou órfã — esclareci antes de me virar e voltar para o meu lugar sem nem me importar com o olhar culpado que Isaac me lançava.

Como todos vocês devem saber: o Enem ta logo ai. Então eu meio que não tive muito tempo parar escrever. Desculpem!
Para me redimir hoje tem capítulo duplo!
Até daqui a pouco!

Todas as faces de Luna [CONCLUÍDA/EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora