Quando voltamos pra casa encontramos a Ana na porta impaciente e preocupada. Tudo que eu queria era saber como a Bella estava e se podia vê-la. Tia Ana sabe que não vou ficar quieta enquanto não fosse fazer uma visita ao hospital. Fazendo assim ela mesma me colocar no carro e me levar. Soube que a Bella ainda estava desacordada e os médicos já haviam feito de tudo para acorda-la.
Tudo indica que ela estava em coma e se não correspondesse aos medicamentos e se não acordasse eles desligariam os monitores pela declaração da mãe. Pensar nisso só me destruiu mais por dentro. Fico durante dois dias ao lado dela, aguardando com esperança. Mas a própria mãe já não conseguia ver a filha naquele estado
── Mais uma garota na cidade sequestrada. ── Olho para o lado e vejo a senhora O'Conell caminhar na minha direção.
── Talvez tenha uma maldição. ── Acabo de beber a água que estava em meu copo.
── Cuidado Maya ou a próxima pode ser você. ── Ela diz sem emoção alguma, respiro fundo e a encaro.
── Não. Ela não será a próxima Teresa. ── Olho para o lado e vejo Ana.
── E quem consiste nisso? ── A outra me encara e sai.
── Víbora. ── Tia ana bufa e me olha. ── O que ela te disse?
── Só isso que você ouviu. ── Respondo jogando o copo na lixeira.
Antes mesmo que ao menos me sentasse novamente a enfermeira sai apressada de dentro do quarto chamando os médicos e tudo parece estar em câmera lenta. A tia Ana me puxa para o canto, mas quero chegar mais perto pra saber o que está acontecendo. A Bella não pode ser fraca, Isabella nunca foi fraca.
Lágrimas já começam cair em meu rosto quando os médicos gritam pedindo para nos afastarmos. Quero segurar a mão dela, viro o meu rosto quando a tia Ana me puxa pra um abraço caloroso e meu olhar se atraí para um homem completamente de preto e capuz logo a frente do corredor. Não dava para ver direito. Não. Não é o Dylan e nem o carinha.
Depois de algumas horas impaciente aguardando notícias da Bella vejo a mãe dela sair da sala do doutor em prantos. Aquilo não pode ser o que não quero ouvir, será que a Bella está morta?
Será mais uma garota morta na cidade? Me levanto junto a tia Ana que está com a mesma cara que a minha. A senhora O'Conell vem junto na frente de um monte de policiais, tudo está uma bagunça, choros e gritos de desespero ecoam no pequeno corredor. O meu coração se parte ao ouvir a frase que tanto me questionei durante esses dias.
—– Achamos o corpo da Carrie.
Aquele vestido não era o que a Carrie esperaria que usasse em seu enterro e não era aquele velório que a mesma esperaria de todos. Ela não queria ser enterrada daquela forma, sem vestidos brancos, sem fogos de artifícios e a melhor foto.
Me olhar no espelho me trás lembranças do enterro dos meus pais. Está doendo saber que aquilo se repete mais uma vez, meus olhos estão inchados e a minha garganta se segura pra não gritar. Ouço duas batidas na porta e então pelo reflexo do espelho vejo o Dylan entrar junto ao terno e a gravata bem feita
── Não estou aqui para dizer os meus pêsames. ── Ele abaixa a cabeça um pouco sem graça. ── Você já ouviu muito isso em um ano só
Ouvir aquilo só me fez desmoronar mais e mais. Em um aperto ele estica os braços e me conforta sem dizer nenhuma palavra, isso é o que eu precisava, sem perguntas e sem precisar de respostas.
── A Bella acordou. ── Ele desfaz o abraço e segura em meu rosto. ── Está fraca mais chama por seu nome.
── Achei que a perderia também. Preciso ver ela assim que terminar aqui. ── Limpo o meu rosto e abaixo a cabeça pra tentar conter as lágrimas. ── Então, acabou e o seu irmão venceu?
── May, prometo a você que o meu irmão não vai mais mexer com você e nem com a sua tia. ── Ouvimos a tia Ana chamar do lado de fora da casa. ── Você não está pronta...
── Estou. ── Confirmo me olhando no espelho mais uma vez.
O Dylan vai até o closet e pega um vestido branco de renda. Usei apenas em um casamento pequeno e simples e a Carrie me queria de vestido branco de renda no enterro dela, mas isso é demais pra mim. Que tipo de pessoa pensa no próprio velório?
O mesmo coloca o vestido na minha mão e acena para o banheiro, sigo em passos pequenos alisando o tecido até entrar e trocar de roupa.
Desço do carro com as pernas bambas. Tem um banner enorme com a foto da Carrie logo na entrada e a minha tia cumprimentar alguns logo na entrada até seu olhar se encontrar com o da senhora O'Conell. O Dylan segura em meu braço avisando que tudo vai ficar bem.
A tia Ana vai até ela e gruda em seu braço e consigo ouvir a frase.
Estou aqui pelo respeito à sua filha e não para te dar os pêsames.
Em seguida ela sai com a cabeça erguida cumprimentando o resto do pessoal enquanto a senhora O'Conell a encara com ódio e desgosto. Mas seu olhar se volta logo para mim com desprezo e ódio ao ver o meu vestido branco e a rosa da mesma cor em minhas mãos.
O Dylan aperta o de leve o meu braço e juntos damos passos largos nos liberando daquele momento constrangedor. O padre e familiares fazem suas despedidas conforme cada um se levanta. O caixão não está aberto e todos estão de preto. Tem tantos rosto desconhecidos nesse lugar, me viro para trás na esperança de ver a Carrie parada em qualquer lugar lamentando por aquele velório que nada a agradaria.
A minha atenção se vai pra menina gótica que vi no último dia do desaparecimento e o que ela faz aqui?
Agora é o momento em que todos que quisessem dizer suas últimas palavras em homenagem subissem ao palco. O Dylan está ao meu lado e segura a minha mão tentando me dar coragem. Com muita dor no peito me levanto e caminho tentando ignorar o olhar de reprovação da senhora O'Conell.
Hasta luego; 🔎
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Ao seu favor. ꪜ
Mystery / Thriller⇉ "Não existe ninguém ao seu redor que você possa confiar." Obs: O ministério da saúde adverte, que se lerem essa obra sem ligar os pontinhos causará danos e estresse a saúde. Maya Parker é uma jovem que em uma noite perdeu os pais em um ac...