Capítulo 32 - Um recomeço²

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O que aprendi durante os meus 365 dias desaparecida é que eu não sei nada sobre a minha vida. Não quero morrer e não confio em mais ninguém.
—– CARRIE O'CONELL

Durante os meses que se passaram com a Maya presa aquilo que minha mãe disse sobre a possibilidade da Ana ser a minha mãe biológica remoeu nós duas

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Durante os meses que se passaram com a Maya presa aquilo que minha mãe disse sobre a possibilidade da Ana ser a minha mãe biológica remoeu nós duas.

Não sabíamos e não tínhamos psicólogico algum pra pensar em encaixar os fatos.

Mas agora depois que a Maya viajou fiquei desde então ajudando a Ana com os afazeres da casa e na companhia. Ela está esperançosa, mas também pensamos que pode ser uma mentira. Não quero pensar que seja isso e a minha vida toda sendo a filha que fica sempre em segunda lugar tem que acabar.

Solto meu cabelo ruivo que agora está mais curto que antes e sorrio em frente pro espelho. Aproveitei que a Ana está trabalhando e sai sem precisar dizer pra onde estou indo. Pego um táxi e no caminho percebo que o cara irrugou a testa um pouco implicado com algo.

── Desculpa moça, mas nos conhecemos de algum lugar? ── Ele pergunta, levanto o meu olhar e apenas sorrio.

Não o conheço e é bem provável que ele me reconheça de algum jornal. O meu desaparecimento deixou todos com a minha imagem gravada por cada lugar dessa cidade. Analiso um pouco a visão que tenho da janela e respiro fundo pronta pra virar a página de uma vez por todas.

── Não o conheço senhor... ── E assim o carro chegou ao destinho, paguei e sai com um sorriso tranquilo nos lábios.

Entro como visitante. A minha carteirinha está nas minhas mãos e os meus utensílios foram deixados na entrada enquanto me revistaram. Um pouco apreensiva ando pelo corredor não deixando de pensar que isso não é nem metade do inferno que a minha mãe tinha que passar depois de tudo que fez.

── Vocês tem apenas quinze minutos. ── A policial me encarou antes de abrir a porta de metal.

Apenas concordo e assim que tenho visão nítida da mulher que me criou acabo me lembrando que nunca pensei que entraria em um lugar como esse depois das visitas que fiz a Maya.

Caminho em passos lentos até me sentar na cadeira.

── Estou feliz que tenha vindo me ver, filhinha... ── A minha mãe sorri e não deixo de notar que um dente da frente está faltando.

Fico apenas em silêncio, me dói ver a mulher que me colocou ao mundo bem na minha frente assim desmaselada como um animal. Por um lado foi dessa forma pra pior que fiquei quando ela armou todo aquele joguinho doentio por uma maldita herança da família Parker.

O Dylan está morto por culpa dela e todos se feriram pelas armações dela.

── Vou ser direta porque tenho nojo de olhar pra sua cara. ── Deixo as minhas mãos sobre a mesa e a analiso sem expressão alguma. ── Eu sou a sua filha?

── É claro que você é a minha filha! É a minha filhinha! ── A mesma leva as mãos pra perto da minha e recuo por impulso.

── Você está mentindo!

── Por que eu mentiria pra você? Fiz tudo pro nosso bem e toda aquela herança tinha uma parte sua. ── Ela me entrega um sorriso falso.

── Aquela herança mexeu com a sua cabeça e você machucou pessoas por causa de um dinheiro que nem seu era... ── Falo com desgosto enquanto observo um policial se locomover pra perto da porta da cela. ── Vou te perguntar só mais uma vez queira você ou não me contar cara a cara. Eu sou a sua filha ou não?

Ela fica paralisada sem expressão alguma, mas em seguida tira as mãos de cima da mesa e inclinando o corpo um pouco pra frente. As algemas impede e ela acaba rindo totalmente cínica fazendo calafrios pelo meu corpo.

── Sua burra, você não é minha filha! Eu te peguei assim que a sua vó te deixou no hospital. É uma peninha ter sido rejeitada, não é? O Kevin tinha acabado de completar um ano e o pai dele o desprezava tanto porque queria uma menininha e cá entre nós... você era a chave pra minha herança já que tem o sangue de uma Parker correndo pelas suas veias... ── Próxima de mim a mesma não tira os olhos dos meus.

Não aguentei, não consigo e deixo as lágrimas cair ao ouvir cada mísera palavra. Como pode uma pessoa ser tão cruel desse jeito?

Usar um bebê inocente pra uma ambissão estúpida! Essa confissão só me fez chegar a uma conclusão que a minha vida toda foi uma uma farsa contada apenas por ela. A minha família sempre esteve ali ao meu laro e como eu me sentia mal por ter inveja da Maya pela família unida e amável que a mesma tinha.

Todos eles também são da minha família e nunca soube até agora.

A minha mãe é a Ana Parker!

Passo a mão pelo meu rosto molhado pelas minhas lágrimas e então me levanto de imediato. Respiro fundo e encaro a Teresa pela última vez.

── Não vai se despedir da mamãe? ── O sorriso cínico ainda é intacto.

── Vá pro inferno!

Me viro de costas e passo pela policial que não diz nada. Pego as minhas coisas e saio da delegacia ansiosa pra chegar em casa.

Mas antes de ir tenho que saber se o DNA está pronto e com isso faço toda a burocracia no hospital pra chegar o quanto antes em casa com o envelope nas mãos.

── Deixa eu abrir? Por favor! ── Ana pede um nervosa enquanto não tiraos olhos do envelope.

É a hora de saber toda a verdade e tirar a confirmação da angústia de todos os anos que ela procurou pelo bebê que tiraram dela.

A entrego o envelope e com pressa a mesma o abre. Algumas partes ela pula e não consigo saber o que está lendo porque a mesma não está com expressão alguma no rosto.

A chamo algumas vezes até ela me abraçar apertado me fazendo retribuir com os olhos lacrimejados.

── Você é a minha filha! A minha menina e o meu bebê... ── Me abraçando ela apenas chora enquanto murmura algo que não consigo ouvir.

Eu tenho um novo lar e uma nova vida.

Eu tenho um novo lar e uma nova vida

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Hasta luego; 🔎

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