Capítulo 30 - Um adeus.

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Não usei um vestido preto delicado e nem uma rosa carreguei nas minhas mãos

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Não usei um vestido preto delicado e nem uma rosa carreguei nas minhas mãos. Não tinha tempo pra um discurso e muito menos para pensar em como reagir quando os médicos disseram que tentaram fazer de tudo.

Mais uma vez parada em frente ao espelho do meu quarto me encaro vestida com o vestido preto digno a um velório e dessa vez o Dylan não está na porta de braços abertos pronto pra me acolher me deixando chorar no ombro dele.

A Bella coloca a mão no meu ombro e quando olho para trás aqui está a Carrie com os olhos lacrimejados escorada no batente da porta.

A morena me puxa pra um abraço enquanto em silêncio apenas chora tentando me confortar. Não temos tempo e daqui a pouco vão me buscar. Preciso arcar com o meu erro, matei uma pessoa e por mais que a tia Ana nunca me perdoe por ter me entregado, não sou capaz de deixá-la mentir pra me proteger.

Ainda não é o pior dia.

Dias piores virão com o tempo.

Nenhum enterro é bonito e sempre é um vazio por mais que esteja completamente cheio pelas pessoas conhecidas. O silêncio se prevalece no ambiente sendo apenas interrompido pelos choros dos outros que rezam pela alma do falecido.

Até porque ninguém tem coragem de dizer nada, todos estão sofrendo pela perda e a ficha só vai cair quando virarmos as costas para dizer o último adeus.

── Quem são essas pessoas? ── A Bella interrompe o silêncio e quando olho pra frente percebo que entra vários carros um atrás do outro estacionado na rua. ── São parentes do Dylan?

Observo com um aperto no coração implorando pra não ser algum problema. O padre se despede de nós e em seguida se afasta do túmulo. A Carrie está calada desde então e pelo olhar percebo que ela está com medo assim como todas nós estamos.

── Viemos em paz. ── Um homem alto apenas olha na direção da tia Ana. ── Queremos nos despedir e nem todos ficou do lado da Teresa ou do Nathan

A minha tia assente e se afasta ficando perto da Bella que aos poucos sai caminhando em direção ao carro.

Encarar o símbolo que usam me faz lembrar do quanto nos trouxeram dor. Seguro no braço da Carrie e juntas andamos dando as costas pra todos eles.

── Ei garota! ── O homem levanta a voz, congelo o meu corpo e olho para trás. ── Nós podemos trocar uma palavra?

Apenas concordo e quando percebo a tia Ana se aproxima ficando ao meu lado. Sei que seja o que for ela entra na minha frente falando por mim ou tentando me proteger.

Fico com uma pontada de preocupação encarando o homem sem desviar o meu olhar pra qualquer que fosse os outros que estão aqui. O que ele tem a dizer pra mim?

Acabou.

Não quero saber de mais nada que envolva essa gangue.

── Perdemos um grande amigo. ── O homem se aproxima da sepultura deixando a camiseta com o símbolo da gangue que o Dylan sempre usava, alguns deixam até rosas e lamentam em silêncio. ── Todos estamos em paz assim como ele também está. Já aqueles que causaram dor a vocês caíram em desgraça, mas os que não participou dos joguinhos doentios lamentam pelo perdão porque junto ao Dylan e a Ana tentamos fazer o que fosse melhor embora não tenhamos conseguindo um final feliz. Conheci os seus pais e eles não queriam nada disso pra você, pediram que guardassemos segredo, mas quando se tem um legado é complicado...

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