Capítulo Um - Intimação e penitência

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Ninguém esperava que os movimentos fossem tão rápidos, dada a demora das burocracias da requisição de Chaves de Portal, por exemplo, que demoravam semanas.

Também havia Permissões de Ocultação Pública e até o documento D.U.I.M.A., que era ansiosamente aguardado por um dos residentes, faziam parte das demoras legais que a República Mágica do Brasil insistia em repetir.

Porém, quando o assunto era perigo nacional e sua própria imagem, a R.M.B. parecia ser ligeira.

Hugo Ribeiro estava de castigo quase permanente desde eventos tensos que chocaram grande parte de seus familiares no mês anterior; ainda estava marcado na bochecha com um rasgo feito por uma varinha de condão espinhenta no mês passado.

Ele não queria pensar nisso agora, perdão. Estava enraivecido e desgostoso com um pedestal preto saltitante com um olho enorme em cima, observando-o até no sonho.

Na quarta-feira acordou assustado ao ver o objeto piscando no canto, atento.

Seu irmão levou para si grande parte de Baralho Levitativo e toda sua coleção de Snap Explosivo, deixando-o com a mísera carta de Acir – um indígena que foi o responsável por denunciar a existência de Castelobruxo para os portugueses no século XV –, que já não explodia mais.

Sua varinha havia sido posta dentro da gaveta da mesa de cabeceira do pai, embora não pudesse usá-la de qualquer forma. Seu tapete Largo Persa 92 jazia pendurado na parede, afetado por uma Maldição do Corpo-Preso.

As visitas que receberam de uma vizinha e da prima de sua mãe indagaram o que significava a imagem de um homem e um leão caídos no chão com as mãos e patas juntas ao corpo, mas seu pai lhes respondia que era só uma velharia que compraram no bairro Santa Efigênia.

Não houve cartas, ligações ou Jurutauis em sua janela em todas aquelas semanas. Certamente os pais de Bruna e Diego Sánchez pensavam o mesmo que Jânio e Lina Ribeiro quanto à periculosidade que se meteram na escola.

Sua capa de invisibilidade estava na mala, embora não servisse para escapar dos feitiços protetores que o pai colocou na casa para Hugo não poder sair ou deixar Amana, sua Chonchón , entrar na casa.

Parecia feliz e discreta na praça do condomínio, bicando a grama, embora não encontrasse tantas lagartas ou minhocas como nos jardins de Castelobruxo.

Ela até podia entrar no apartamento no início do mês, na primeira semana que chegou da escola, mas tudo mudou quando o SEVEM, o correio bruxo, entregou suas notas.

Os pais ficaram levemente desgostosos, mas como Jânio havia lhe dito que não queria notas Corpo-Seco, seu castigo foi reforçado com o exílio de Amana.

Até que não eram notas horríveis. O boletim dizia:


Hugo Ribeiro Mercês – Quarto Ano

O ALUNO SERÁ CLASSIFICADO PELAS NOTAS:

- Excelente (E) - Inimaginável (I)

- Bruxesco (B) - Azarado (A)

- Melhor (M) - Corpo-Seco (C)


Em seu verso:


Saga Castelobruxo - Pratas e Opalas Vol. IIOnde histórias criam vida. Descubra agora