Capítulo Vinte Um - Um duelo saudável

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 Ele ainda conseguiu ver Richard desviar um feitiço de Piatã e tentar acerta-lo com um feitiço estuporante pouco eficiente.

­— Expulso! — disse Piatã.

Repellium! —retrucou Richard.

O raio azul ricocheteou no escudo do rapaz e Piatã, que deixava sempre uma brecha perigosa em seus movimentos, foi acertado nas costelas. Girou e voou para fora do círculo.

O professor apontou a varinha em direção a Richard e deu o duelo como finalizado.

Richard Warlton comemorou e abraçou fortemente Hugo durante um longo momento.

You have seen it? Eu ganhei dele — disse ele.

Hugo pensou em ser sincero e dizer que só foi sortudo em acertar em uma brecha de Piatã, que era um excelente duelista. Não achava que ele estaria despreparado para o campeonato do ano que vem.

— Você foi ótimo, cara! — disse ele, sorrindo torto.

Hugo não viu Fernando durante todas as aulas do dia, e, embora quisesse sair de madrugada para talvez invadir o dormitório de Hibiri, sua capa de invisibilidade perdera totalmente a utilidade. Estava branca e palpável, mais sólida do que jamais esteve.

A queimaria na beira do lago Urucu numa tarde do sábado, dia 7, quando estavam colhendo mais folhas de coca para a aula de Adivinhação. Bruna havia chorado a ida da capa, mas entendia sua inutilidade.

Passaram grande parte da semana estudando para o que seria um simulado de seu T.E.D.M. em abril; com menos lições de casa, mas com aulas arrastadas e de assuntos pouco instigantes. História da Magia pareceu ainda menos interessante quando Cristina fez todos os alunos estudarem os hábitos dos Sapa-Incas (ou imperadores) do Império Inca.

— A maioria deles comungavam com os nutos e vários levaram seu contato e níveis alarmantes de exposição mágica e ameaças sérias, como o Imperador Titu Cusi Yupanqui, que fazia temer todos os exploradores espanhóis que se atrevessem a subir os alpes — disse a professora, virando-se para a classe dorminhoca. —Agora eu quero uma pesquisa de pergaminho inteiro sobre seus poderes para quarta-feira.

A classe reclamou.

Os quintanistas passaram o resto da segunda-feira trancados na Biblioteca de Assuntos Avançados procurando informações sobre o homem, embora poucos tenham encontrado (como Caio Antunes, Belita Ruiz e, claro, Bruna).

Foi da última que Hugo copiou grande parte do resumo que dizia que Yupanqui era um grande feitor de poções alucinógenas e um animago capaz de se transformar num tipo de águia gigante ("uma Águia Serrana de olhos faiscantes e asas de penas pontudas, com garras finas como lâminas", dizia o livro Antiguos Maestros de la Brujería de la Era Precolombina, de Gran Péron), que usava para amedrontar escaladores e até os derrubar da escalada.

Eram esses os segredos para que todos os exploradores (principalmente um nuto chamado Rodriguez de Figueroa, que ficou amedrontado numa negociação) tivessem medo até mesmo de chegar perto do Sapa-Inca Yupanqui.

Na sexta-feira seguinte, após entregar esse e vários outros trabalhos, Hugo sentou-se na mesa de Adivinhação outra vez. Ainda repetiam o mesmo rito de mascar e interpretar folhas de coca.

Dessa vez a folha se abrira para cima após tira-la da boca, fazendo com que ficasse parecendo uma flor desabrochando.

— Seja criativo, meu Deus — disse Bruna. — Uma flor? Isso não parece ser uma flor.

Saga Castelobruxo - Pratas e Opalas Vol. IIOnde histórias criam vida. Descubra agora