Os três subiram a Enorme Escadaria com uma rapidez incomum.
Cruzaram o primeiro andar e, somente após descerem as primeiras escadas, Hugo se arriscou a falar algo.
— Professor, eu...
— Em silêncio — disse Gustavo, em passo acelerado. — Vocês estragaram as chances de um diálogo. Isso é uma escola, não um campo de batalha, eu já disse.
Hugo e Fernando se entreolharam por um segundo e voltaram a acompanhar o professor.
Pararam somente quando chegaram no Grande Salão, quando Gustavo Reis fez aparecer o alçapão no chão enevoado. Desceram por uma escada e atravessaram um corredor escuro.
O trajeto através de ambos os outros corredores iluminados por archotes foi tão rápido quanto tenso, chegando logo a uma estátua ao pé dos últimos degraus.
— Organização Estudantil — disse Gustavo.
— Algum problema, professor? — perguntou Enrico Barcelos.
— Um simples caso de disciplina, só isso.
Assentindo, a estátua saiu do caminho e permitiu que os três passassem pelas cortinas antes do Salão do Diretor, embora quem estivesse ali não fosse Adolfo Campos.
Ayrton Souza estava debruçado sobre uma série de papéis, estudando-os atentamente enquanto segurava uma pena em posição de escrita.
As cortinas vermelhas do cômodo acima das escadas, onde o diretor possivelmente dormia, haviam sido trocadas por um marrom triste e desfocado, fazendo-o parecer menos interessante do que parecera antes.
O mapa estelar vivo atrás do poleiro de aves, numa parede mais distante da entrada, exibia agora a constelação de Leão além da de Cão-Maior.
Surpreso, Hugo não achou que aquilo fosse somente coincidência.
— Senhor Ayrton, por favor — chamou Gustavo Reis.
O homem levantou a cabeça, cansado, e deixou a cadeira de lado para vir se juntar aos presentes.
— Eu já disse que pode me chamar de diretor, professor. Estou atualmente neste serviço.
Gustavo o olhou por um momento, escolhendo palavras que não resultassem em sua demissão ou confronto, e apontou para Fernando.
— Este aluno atacou outro durante a seleção do Clube de Duelos, mesmo com minha tutela restritiva a falta de honra em uma batalha de bruxos — disse o professor de Combate, virando-se agora para Hugo. — Este daqui já realizou um ataque contra o mesmo aluno, agora desarmado. Como deve saber, as punições disciplinares tem de ser discutidas num caso desses. Venho até o senhor pedir que seja decidido este caso.
Ayrton pareceu ter sido estuporado, pois tombou levemente para trás e piscou os olhos rápido demais, coçando o queixo e tossindo. Obviamente não havia sido treinado para aquele caso, embora tenha sido escolhido como diretor substituto.
Vestia uma longa capa branca e verde-escuro, embora trajasse uma simples camisa e calça pretas. A primeira flutuou baixo quando andou até Fernando.
— Meu jovem, eu sei que não teve a intenção, mas...
— Eu tive sim senhor — respondeu Fernando, com a voz vacilante. — E-ele vivia me perturbando, desde que cheguei aqui. Eu não sei o que ele viu em mim, só sei que acha que pode me azarar sempre que quiser.
— Ah... e... e você não faz nada? Ora rapaz, você é um duelista. Precisa ter força — disse Ayrton, arregalando os olhos ao repassar as próprias palavras. — Mas não reagir com violência, claro. Enfrentar batalhas é necessário, só isso que digo.
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Saga Castelobruxo - Pratas e Opalas Vol. II
AdventureO temor, a desconfiança; a ordem e o progresso. Tudo que a comunidade bruxa não precisava era de uma ameaça. Uma nuvem anuncia uma longa tempestade se aproximando, o que faz com que as preocupações não estejam mais somente com Hugo Ribeiro, Diego S...