Capítulo Dezoito - A passagem de Flu

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 O ano-novo de Hugo foi menos empolgante do que gostaria, pois somente viu os fogos de artifício da sacada do apartamento enquanto Pedro e Gusto devoravam o que restara do natal.

Aproveitou os últimos dias de férias para colocar alguns trabalhos de escola em dia (como um questionário sobre criaturas mágicas brasileiras; que seria bem útil agora que o assunto seria criaturas mágicas dos países vizinhos) e leu algumas matérias do O Sábio Pajé para ficar atualizado sobre o que estava acontecendo em Castelobruxo.

Sabia que a Convenção dos Pocioneiros do Nordeste e a União de Pocioneiros do Sul iam se enfrentar para decidir qual seria o representante do Brasil no Campeonato de Poções das Escolas Mágicas, embora o nordestino de Roraima, Romir da Souza Neto, já estivesse praticamente escolhido, como dizia a manchete: "Mestre pocionista Romir Neto é desafiado por bruxos de Santa Catarina e Paraná pela posição de representante do conhecido Campeonato de Poções das Escolas Mágicas".

Hugo admirava muito ele e torcia para que realmente fosse escolhido para o campeonato, mesmo que soubesse que não acompanharia a disputa.

O bom era que Wesley Freire havia sido unanimemente aceito na Competição Sul-Americana de Duelos de Bruxos e que San Malvado enfrentava uma recusa por seu uso indiscreto de maldições instáveis no ano passado.

Hugo leu toda a matéria, que dizia: "Pontapé inicial na Competição Sul-Americana de Duelos de Bruxos – Veja os aprovados e mais uma polêmica de San Malvado".

Nas últimas páginas, a qual nem foi citada na primeira folha, havia uma foto de Castelobruxo diante de um sol de verão, brilhando mesmo na qualidade preto-e-branco.

Atenciosamente, leu:


O Lobisomem da Pirâmide Dourada

Seria um engano ou mentira?

Por Bento Queirós.

Cansado de notícias vazadas, o Secretário da Magia Gildo Penha enviou um relatório para a sede do O Sábio Pajé na manhã desta sexta-feira, dia 2 de janeiro, dando-nos detalhes sobre as investigações que tem sido apelidada de Lobisomem da Pirâmide Dourada. Este, porém, pode virar sinônimo de uma bela suspeita errônea.

Os investigadores, liderados pelo próprio chefe do Gabinete Oficial de Aurores, Marquinhos Sampaio, realizou uma varredura estratégica por todo o mês de dezembro e que terá fim no próximo domingo (dia 11 de janeiro); esta que, apesar de ser uma investigação bem efetuada, não encontrou sinais de licantropia em nenhum lugar desde Apuí, cidade mais avizinhada com Castelobruxo, até a capital Manaus.

Índios bruxos ribeirinhos, ao lado do Rio Solimões, afirmaram não ter conhecimento de lobisomens em nenhum lugar do estado por parte dos povos indígenas locais nutos e bruxos, e que também a população de Capiangos é devidamente treinada. Outras maldições do sangue e possíveis Maledictus estão sendo investigados em cidades ao sul do rio Sucunduri, mas as principais criaturas que ofereceriam um perigo real foram riscadas.

Seria mais uma estratégia para piorar uma situação já ruim da escola? Mais uma ameaça do bruxo Orlando Lesieg? Uma pegadinha de alunos? Nutos desmatando a floresta amazônica?

Novos feitiços anti-nutos podem ser colocados ao redor da escola, embora os já presentes atualmente sejam de efetividade inabalável.

Mais uma vez, aguardamos a próxima surpresa da já não boa e velha Castelobruxo.

Saga Castelobruxo - Pratas e Opalas Vol. IIOnde histórias criam vida. Descubra agora