Emilly narrando:
Cheguei no escritório há 5 minutos e 40 minutos atrasada. Na verdade fiz um esforço tremendo para somente conseguir sair da cama. Não sei se deve-se ao facto de eu estar morrendo de sono ou sentir meu coração bastante pesado.
A noite ontem foi longa o suficiente, não me vejo trabalhando ou fazendo qualquer coisa que envolva quer esforço físico, quer mental. Estou sentada desde que cheguei sem saber ao certo o que fazer. Rodei a minha cadeira e coloquei as mãos sobre meus olhos e arrastei elas até meu cabelo. E Rodei de novo a cadeira.
- Emilly! - ouvi uma voz meio rouca atrás de mim.
Não me virei e continuei olhando para o nada. Embora tivesse uma janela a minha frente, eu não observava ela mas sim, o nada.
- Eu falei com você! - notei em sua voz, a voz do Mark, um tom nada agradável. Como não notei que era ele? Estou tão perdida assim nos meus devaneios?
- Eu ouvi! - respondi apenas.
- Você me deve um pedido de desculpas...
- Não...
- Você Deve sim!
- Não, não devo.
- É o que você acha?
Rodei a cadeira, mas não olhei para ele. Respirei fundo, levantei o olhar para ele. Ele estava bem chateado, os olhos quase vermelhos e os punhos cerrados.
- Olha, pega na sua raiva, desilusão ou seja lá o que você tiver, coloca no bolso e vaza daqui.
- Por quê? Você tem que ser mais educada Emilly! Você viu os meus olhos? Eles estão fumegantes de raiva... E você me diz... Isso. - o que tinha mais naquela voz era decepção. Não sou uma boa pessoa, ele já deveria saber. O que as pessoas sentem não é relevante até porque eu também conheço a dor e conheci da pior maneira.
- Não tenho nada a ver com sua raiva. Isso é problema seu, não meu!
- Emilly, a minha mãe morreu...
Toda minha posição autoritária se esvaiu.
- Sinto muito... - lamentei. - Mas ainda assim não é minha culpa. - ressalvei.
- Você tem mesmo um coração? Não é possível, Emilly! - riu amargamente. - Eu quis falar com você, eu descobri a notícia agora mas como você me feriu ontem eu queria que você admitisse seu erro para que eu desabafasse. - baixou o olhar. - Pelos vistos me enganei.
- Mark! Não vou me desculpar pelo que fiz ontem, nem pelo que fiz agora. Não sinto culpa. E se não sinto culpa, não finjo sentimentos. Não digo palavras que as pessoas queiram ouvir, aprendi da pior maneira que isso só piora as coisas. Mas, quer saber todo mundo morre, Mark, aceita que dói menos. Um dia você vai acordar e nem vai lembrar mais que sua mãe um dia esteva aí...
- Você é pior do que eu pensava.
- Não digo o que as pessoas querem ouvir. Eu perdi pessoas que amava e estou aqui viva, nada mudou.
- Isso porque você é diferente. Nem todo mundo tem coração de gelo.
Ele saiu rapidamente fechando a porta atrás de si.
Nossa! Soterrei minha cabeça na secretaria lentamente. E de novo, como sempre. Destruí os sentimentos de alguém por puro orgulho. Por que eu não meço as consequências das minhas palavras? Eu acabei com o Mark.
Eu não queria mas eu senti a dor de quando minha mãe, meu pai e o Endrew foram embora. Se eu tivesse fechado o meu coração e soterrado os sentimentos, eu estaria bem. Bem melhor! De nada servi chorar, ou fazer qualquer outra bobagem para arrastar a dor para longe. Não vai... As pessoas vão, mas a dor não!
É o ciclo da vida, nascemos para morrer.
Levantei a cabeça e voltei o meu olhar para a janela de novo. Só espero que toda essa culpa que sinto por ter dito tudo aquilo ao Mark desapareça logo. Culpas e saudades são as piores dores da alma.
Fechei os olhos. Descansei os ombros, isso tudo me deixou tensa. Respirei bem fundo. Tudo para conseguir esvaziar minha mente. Está sendo difícil. Não está funcionando. Ainda sinto culpa. Muita culpa.
O que eu fiz?
Abri os olhos, levantei da cadeira. Andei de um lado para o outro até decidir ir para a sala do Mark. Mas nenhum sinal dele, ele foi embora e deve estar me odeiando.
***
Oié amores! 💗
Tudo bem?! 😎👊
Mais um capítulo... O que dizes sobre o comportamento da Emilly? 😕
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Minha Gótica Favorita - 2
RomanceEmilly continuava sua vida normalmente desde a morte do Endrew, ela sofreu com essa morte mas ao fim de 5 anos a dor não era a mesma já havia sarado até certo ponto. Mas nem tudo parecia o que realmente era, o que ela não sabia é que mesmo o Endrew...