Capítulo 4.

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Tinha uma faca, muito sangue, e um corpo.

Ver a morte da pessoa que mais amava era doloroso. Saber que foi você quem trouxe a morte para ela era o mesmo que morrer junto.

Naquela noite, Hoseok viu as cores de sua mãe desaparecendo, viu sua vida se esvaindo, e seu sorriso se apagando - mesmo que ela tentasse o manter até o final.

Ele não queria matá-la, havia sido um acidente. O sangue que deveria escorrer em suas mãos não tinha que ter sido o dela.

Naquele dia, Hoseok se tornou a esperança que sua mãe tanto via em si. Naquele dia, Hoseok se tornou o monstro que tanto temia ser.

Ele sabia. Sua progenitora foi egoísta ao fazer o que fez, mas também foi gentil. Gentil porquê ela salvou sua esperança de ser como ele. Como In-su.

• Uma notícia ruim. •

Não importa o quanto você evite, o passado sempre vai te trazer dor.

O dia surgia com toda sua graça, como todas as manhãs. Contudo, o céu estava nublado, coberto por nuvens negras e ameaçadoras.

O inverno enfim dava início de sua chegada; com frias e quase insuportáveis brisas gelidas que gelavam a alma.

A estação era bela, delicada e avassaladora.

Hoseok a apreciava, mas também à temia.

Todos dias do ano, quando se deitava, sentia-se frio, congelando. E com a chegada da estação, esse sentimento crescia.

O vazio em seu peito ficava cada vez maior, e as noites frias ficavam ainda mais glaciais. 

Era um lixo não se sentir quente, mesmo tendo sobre seu corpo, grossos tecidos que obviamente deveriam esquenta-lo.

Se encolheu em sua cama, buscava se esquentar com seu próprio calor mas, sua pele era fria. Como sua alma.

Fitou Taehyung, que estava deitado em um colchonete no chão ao seu lado.

Havia se passado cinco dias desde sua chegada. Ele era como um doce, assim como Jin, mas de um sabor diferente. Ficava um amargo no finalzinho da boca. Que logo era adocicado novamente com seu sorriso quadrado.

Para Hoseok, embora o rapaz fosse primo de Seokjin, ambos eram visivelmente distintos. E às vêzes, o rapaz lhe causava receio, apesar de tentar ser seu amigo sempre que tinha a chance de se aproximar.

Na visão do Kim, o Jung era como um gatinho de rua. Podia ser difícil de se criar um laço, mas uma hora ou outra, ele miaria e grudaria em você como se tivesse medo de ser deixado sozinho novamente.

Taehyung ainda dormia, tinha um sono incrivelmente pesado. Mas se sentia incomodado, e aos poucos, seu sono se dissipava.

Suas pálpebras tremiam, e antes que ele abrisse completamente os olhos. Hoseok fechou os seus.

Não queria que o Kim soubesse que enquanto  dormia, ele o observava. 

– Hobi...– O Kim começou a chama-lo pelo apelido também, no segundo dia em que tiveram contato. No início, era incomodativo, apenas seus hyung's podiam o chamar assim, porém, por mais estranho que fosse, passou a gostar da forma que o apelido soava na voz sólida e singela do rapaz. – Deixe-me deitar com você, está frio. – Ele não esperou a resposta de Hoseok, que quando se deu conta, já dividia a cama com o rapaz.

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