Capítulo 13.

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Era impossível voltar a dormir com aquela sensação estranha em seu corpo, quase como se formigas passeassem por toda sua pele.

Olhar o teto fixamente havia se tornado uma distração temporária, pois não conseguia ficar um só segundo parado.

Girava de um lado para o outro na cama, a procura de uma posição que o acalmasse. Se sentava, e observava o comodo; que só continha duas camas e duas janelas. Contudo, nada adiantava.

Ele voltava à se deitar, roendo as unhas até que sangrasse.

Se levantava, e andava até a janela, à abrindo e a fechando sem motivo algum.

Ele também andava até a porta, observando o corredor como uma criança que quer aprontar.

Quando suas pernas perdiam a força, sem razão, voltava para cama, sem deixar de mexer-se mais uma vez.

Ele arranhava a pele na tentativa de acabar com o formigamento, o que deixava o local lesionado, mas não parava. Afinal, não doía naquele momento.

Nada em si doía além da alma.

Perdeu a conta de quantas vezes havia ido até o corredor e voltado, deitado e sentado, de quantas vezes não se pegou inerte em frente a janela, sem fazer absolutamente nada.

Sentou-se, pressionando as mãos trémulas umas nas outras. Observava Taehyung dormir, sereno, e sentiu vontade de estar no lugar dele.

Caminhou até a porta pela décima vez seguida, mas não a abriu. Apenas fitou a maçaneta, como se esperasse que ela magicamente girasse sozinha.

Quando respirou angustiado e a finalmente abriu, caminhou pelo corredor olhando atentamente cada porta que passava em frente, contando-as inutilmente. E, chegando à quarta, que estava aberta, notou que era o banheiro.

Ao adentrar o comodo, se trancou, dando de cara com o espelho refletindo sua imagem. Se encarou por alguns segundos, e em segundos notou várias coisas em sua face que o denunciava.

" Você é apenas um viciado."

Ele pensou antes de ligar a torneira e lavar as mãos que estavam levemente ensanguentadas pelos vários pedaços de carne que arrancou com os próprios dentes.

Ardia, mas era uma ardência boa. Diferente daquela que sentia quando estava com Taehyung.

Não que fosse ruim a sensação de tê-lo  por perto, só... era confusa, e machucava seu coração.

Desligou a torneira, e voltando a se olhar no espelho, ignorou seu reflexo abatido para abrir a espelharia.

Nessa hora, sentiu um pulsar forte nas veias, forte o suficiente para lhe fazer cair no chão.

Estava acostumado com o coração batendo forte, e ao ver tantas cápsulas, cartelas de comprimidos e relaxantes, sentiu o mesmo disparar.

Jogou-se para trás, em uma tentativa de se afastar, mas as formigas que andavam por sua pele pareceram ainda mais agitadas.

Hoseok sabia que estava com vontade, sabia que precisava injetar, cheirar, ou digerir algo que o mantesse em sua zona de conforto.

You're my tear Onde histórias criam vida. Descubra agora