Capítulo 2.

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2 Anos Depois.

Hoseok estava deitado contra o chão, ansioso. Seus dedos batiam contra a madeira do piso um por vez. Sua voz ecoava baixinha. Ele cantarolava uma antiga música que ouvia de sua mãe antes de dormir. Ele estava cansado, contudo, não tinha sono. Era o peso de sua mente que o deixava fraco, era as dores no corpo, e a vontade incontrolável de se drogar que o deixavam daquela forma. Ele não queria as usar, mas sua casa estava cheias delas. Pó, e comprimidos. Ele precisava às jogar fora, sabia que se elas continuassem ali, ele as procuraria. Elas eram suas amantes fiéis. Elas não o machucavam diretamente. Elas o ajudavam a esquecer. A esquecer de suas mãos sujas de sangue, do seu corpo abusado, de seu pai, do fim de sua mãe, e de sua mente fraca. Em sua cabeça, elas não o matavam, e se o matassem, ele não daria a mínima. Hoseok já estava morto. Ele morreu no dia em que sua luz se apagou, morreu sabendo que fora ele quem o fez. A culpa era dele. Ele tentou salvar sua mãe do monstro errado. In-su era um lixo de humano, sim. Mas fora ele quem realmente acabou com sua única esperança. Fora ele a ter o sangue de Baedoona em suas mãos.

Uma lágrima silenciosa e furtiva correu de seus olhos. Hoseok estava tão absorto nas cores mofadas do teto de sua casa que não notou quando água de gosto amargo molhava sua face. Ele não tinha o direito de chorar. Era no que ele acreditava. Ele não tinha o direito de sofrer, de sentir saudades, ou de culpar seu pai.

Pai.

In-su não era um bom pai. Hoseok não gostava quando ele o usava. Não gostava quando os lábios dele tocavam os seus, tampouco quando suas mãos estimulavam seu membro, que por mais que tentasse, nunca reagiam àqueles toques. A nenhum deles. Hoseok não gostava quando apanhava sem motivo, e não entendia porquê Minzy - sua madastra - o xingava. Existia muitas coisas do seu passado que ele não gostava. Que ele não compreendia. 

Ele entende agora, e sente nojo. Nojo da pele que tem, nojo de sua boca, de seu rosto, - onde aquelas mãos ásperas o acariciavam. - nojo de tudo que foi tocado por vários e incontáveis homens.

Eles os rasgaram em lugares que ele não conseguia entender. Era normal para ele, mas o machucava. Todos os jogos promíscuos que Hoseok participou deixaram cicatrizes, que em cada parte de seu corpo, assemelhava-se a uma obra de arte. Tristes, e incuráveis.

Hoseok sentia frio, então se agasalhava. Não durava dois minutos, e seu corpo queimava como se estivesse caído nas profundezas do inferno. Talvez ele estivesse lá. Não saberia dizer. Os móveis de sua casa pareciam falar. Ele sorria com eles. Eles eram engraçados fazendo todas aquelas caretas. Ele não se sentia sozinho... Ele se sentia sozinho.

Seus olhos foram em direção ao pó espalhado pela mesa baixa. Em frente ao sofá velho. Hoseok estava com raiva delas, com raiva de ter puxado-as até a última carreira.

"Você vai morrer".

Ele pensou.

Ele queria morrer, bem como não queria. Ele sentia medo. Muito medo. Assim sendo, Hoseok gritou. Até que ficasse sem voz.

Raiva. Ele sentia tanta raiva que - já na cozinha - ele desferia copos e pratos de vidro contra o chão. Hoseok chorou ao se cortar. Não de dor, mas de culpa. Ele se desculpava com sua mãe, de onde quer que ela estivesse, ele se desculpava.

Ainda tonto, o Jung jogou o que restou do pó sobre o chão. Juntou todas as pílulas dopantes que tinha e as jogou no vaso sanitário, dando descarga logo em seguida. Tinha a sensação de que suas têmporas explodiriam a qualquer hora. Suas mãos sangravam e ele não se importava com isso. Hoseok caiu em qualquer canto da sala, tremendo, sagrando.

You're my tear Onde histórias criam vida. Descubra agora