Garçom

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Sabe aquele gélido dia que você não quer fazer nada, acorda tarde e fica o dia inteiro com roupas folgadas e um pote de comida na mão, pois bem, as vezes esse tipo de pessoa sai de casa, mas a casa não sai dela e essa pessoa fica com uma cara de lerdo bocejando e parecendo que está prestes a dormir (me retratando nas segundas-feiras...). O homem que falou com Alfred estava exatamente com essa cara naquele dia, um frio de uns quatro graus celsius, todos naquela estação bem seguros do frio com roupas pesadas e cachecol, porém aquele homem só usava um gorro cinza, uma camisa de time de futebol, calça preta e um tenis branco.

- Olá? Eu te conheço? Perguntou Alfred virando-se

- Se dependesse de sua mãe não! Disse ele irônico

- Marco?

- Ou também posso ser chamado de pai? Não acha?

- Você não imagina o quanto que eu fantasiei esse momento. Disse Alfred o abraçando

- Eu não gosto muito de contato, mas hoje eu abro uma exceção.

- Prazer em te conhecer pai! Diz Alfred de sorriso largo

- Fico feliz em vê-lo, mas ficaria mais feliz ainda se nós saíssemos desse frio.

- Ah! Claro! Onde fica o estacionamento?

- Estacionamento? Você quis dizer bicicletario né?

- An? Diz Alfred assustado

- Venha comigo.

Ao chegar ao bicicletario Alfred vê que são muitas e continua em sua mente se perguntando como iria levar as malas de bicicleta. Ao vê seu pai retirando duas bicicletas:

- Você tinha comprado duas bicicletas?

- Eu também estava ansioso...

- A casa é longe?

- Vamos dar um passeio...

Aprontaram as bikes e saíram pelas ruas e vielas de Munique o Marco a todo momento criava histórias quando passava ao lado de algum prédio.

- Está vendo Alf? O predio fala! E está te saudando. Diz Marco apontando para um arranha- céu

- Verdade... OI PEDRA GIGANTE! Diz Alfred gritando e pedalando.

- Prefiro andar de bike porquê não tenho pressa para ir aos lugares, ser músico tem suas vantagens... Enquanto uns correm atrás do sonho eu busco não correr e observar as coisas melhor, e isso me inspira em algumas canções.

- Você é um filosofo ou musico? Perguntou Alfred com sarcasmo

- Quem disse que eu nao posso ser os dois?

A cidade se movia em um ritmo frenético mas para Alfred e Marco a frenesi das pessoas era estranho a ambição, egocentrismo e pressa com o qual as pessoas viviam. Literalmente Alfred observava o movimento dos carros e metrô como se fossem um monte de formiguinhas que so vivem com um objetivo, alienados e em busca do bem maior, Alfred achava que isso era apenas em Zurique mas isso se espalha por todos os lugares. É até estranho imaginar que um garoto de doze anos possa pensar nisso, ele proprio se perguntava isso e com o pai por perto, Alfred tinha a impressão que finalmente as respostas que ele tanto queria ele acharia na Alemanha.

Os dois pedalaram por Munique por algumas horas e eles foram ao Starbucks que ficava no centro de Munique, ao entrar perceberam o quão vazio estava aquela loja, as pessoas entravam faziam os seus pedidos e saiam sem dizer nada e sempre com o celular, as mesas ficavam vazias e contrapondo o vazio, Alfred e Marco decidem tomar um Cafezinho...

- Garçom! Gritou Marco e prontamente ele apareceu, homem alto, robusto de olhos castanhos claros.

- Por favor traga um café com chocolate e creme. Pediu Marco

- Para mim somente um chocolate quente por favor! Disse Alfred

E no momento em que o garçom anotava o pedido Alfred observava a maneira com o qual ele escrevia, o garçom olhava o escrevia numa velocidade muito grande mal olhava para Marco e Alfred que insistia em tentar trocar olhares com o garçom, e o garçom parecia nem ligar para nenhum dos dois. Alfred via aquilo e imaginava como se o garçom fosse um robô, e que esse robô não possuía amor pelo que fazia nem relação alguma com os seus clientes, parecia fazer aquilo por uma obrigação, Alfred sentia dó pois parecia que aquele robô depois de um tempo iria ser trocado ou deixado de lado pois suas peças um dia iriam se desgastar e enferrujar e enfim ser descartado como se todo seu serviço fosse em vão. Não muito diferente Marco via e tentava entender o motivo de tal frieza no olhar, de tanta pobreza em sentimentos, o pouco caso que o garçom fazia de seu serviço. Alfred se perguntava "como ele consegue fazer algo sem amor? "

Depois de uma reflexão profunda sobre isso Alfred e Marco amargaram um longo silencio, apenas os olhares se comunicavam e diziam a mesma coisa praticamente " Esse é o resumo dessa vida de consumo que consome o nosso prazer as coisas mais simples".

Alfred e Marco saem, Alfred fantasia a casa do pai, mas no meio de uma viela de prédios altos que não tinha saída apenas duas portas nos fundos Alfred se assusta ao escutar Marco falar...

- Chegamos !!

Ponto de Vista IOnde histórias criam vida. Descubra agora