Da crença
Na semana passada, voltava eu para casa em um ônibus cheio. Consegui sentar, pois havia ido para o ponto final. Mais ou menos no meio do caminho, o trânsito estava bastante lento. De repente, ouvi um murmúrio entoado por uma voz feminina que falava com Deus. Parecia quase chorar movida por algum tipo de emoção. Isto, quero dizer, a conversa emocionada, durou por volta de uns 10 minutos. Ela silenciou e, subitamente, cumprimentou a todos com um boa tarde, pedindo desculpas pelo que falaria a seguir (sabe aquele momento em que o mar recolhe as águas calmamente para, depois, devolvê-las com o maior estardalhaço?). O que seguiu foi uma espécie de aviso sobre relacionamento com Deus, o deus cristão...
Engraçada essa construção de um ser superior utilizado para explicar todos os mistérios: ele é todo poderoso, sabe todas as coisas, está em todos os lugares e, portanto, configura-se em potencial instrumento de controle, em especial pelo medo. Suas imagem e personalidade, de certa forma, causam espanto (imagine ter alguém te vigiando o tempo todo, prestes a te castigar por maus comportamentos) e obediência cega, uma vez que a vontade dele seria soberana, sendo o único capaz de solucionar tudo, desde questões corriqueiras (que dependem exclusivamente de nossas atitudes) às mais complexas.
Em todas as culturas observa-se esse fenômeno. Eu, particularmente, não tenho certeza em que acreditar: não faço orações nem rezas, tampouco rituais. Também não dou a mínima para superstições. Sinto, porém, existir algo além da minha compreensão, uma força, ou, como prefiro chamar, uma energia que move tudo e todos. Devido a isso, tento me concentrar em coisas positivas para que essa energia me favoreça.
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escriba
General FictionHá, neste livro, algumas narrativas oriundas de fatos corriqueiros em dois formatos: prosas e poemas. Estas formas nascem basicamente de reflexões feitas por alguém que, por exemplo, não sabe seu próprio gênero. A partir disto, muitos outros assunto...