Script #5

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De um comodismo


Ontem fui à rua para comprar pão e, poucos passos depois, notei que vários estabelecimentos disponibilizavam serviço de entrega, informação que consta das placas que decoram os locais com seus nomes; em sua maioria, farmácias e drogarias, dois dos mais profusos e prósperos comércios de todos os tempos (a cada esquina, um; por que será...?). Isto me chamou a atenção e me fez lembrar um tópico muito discutido hoje em dia, a obesidade, consequência, dentre outros fatores, do sedentarismo. Você pode me perguntar, leitor/a, qual seria a relação entre ambos.

A facilidade em comprar sem sair de casa leva muitas pessoas a utilizar esse recurso, sendo uma necessidade ou não, acomodando-se dentro de seus lares e, dessa forma, não se movimentando: não andam, não sobem nem descem degraus etc. Em vez disso, prostram-se cada vez mais em seus sofás e camas superconfortáveis, sem precisar nem mesmo levantar, pois o telefone (móvel) está como um bom e indispensável companheiro, sempre ao alcance das mãos oferecendo a possibilidade de ligar ou pedir por aplicativos.

Há, outrossim, um fato bem relevante que contribui para isso, a violência. As pessoas andam apavoradas por causa da possibilidade de serem assaltadas na porta de casa, seja no bairro em que for. Difícil hoje você estar em algum lugar e se sentir seguro, sabendo que pode, por exemplo, andar com objetos de valor - adereços, aparelhos eletrônicos etc. - sem se preocupar.

Viver, entretanto, é um risco por si só, pois há vários fenômenos que independem de nossa vontade e com os quais lidamos, mesmo inconscientemente, em nosso cotidiano. Para mim, apesar dos pesares, a inércia é e continuará sendo o pior dos riscos, pois, para que haja vida, o movimento é necessário e não acessório. Não há vida sem movimento, uma vez que este gerou aquela: o movimento das diversas microexistências engendrou tudo. E todos/as...

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