éter

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Éter

O éter da vida, particula volátil
Também retrátil, nosso tempo é portátil

Baile de fantasias, onde cada um vive a sua
O que me dói é não ser um super-herói
O tempo corroe e a corda roe e o éter se esvae
E nem a fantasia é capaz de eternizar a armadura nessa ossatura
A cura é somente temporária, isso legítima a aflição temerária
A rosa branca que encanta é disfarce, pois no tempo futuro só haverão rosas escarlates
O corpo se dilue num contagotas, uma hora secam-se todas as gotas
O corpo corteja a vida para o cortejo de despedida
O jovem não acredita na morte, o velho sobrevive a própria sorte
Na vida se faz muitas promessas, são preces feitas as pressas
A umbral será seccionada, ligação cessada
No espelho enxergamos nossas obsessões
Tudo que é irreal não aceitamos como desilusões
Segue o jogo, segue a vida, o desfecho certo, mas que ninguém acredita
Sou marionete encenando a própria vida
Acho que estou no comando e isso que importa
Mas não, o cordão que me guia, me libera para as fantasias
Sou e somos personagens, estamos em plena viagem
Um ponto de partida, um ponto de chegada, nunca avistada
Uma estrada, uma jornada, uma vida programada, sempre reprogramada
Trajeto reto ou torto, final para todos
Nunca avistei o meu fim, o éter flui forte em mim
Quem já se viu do outro lado?
Quem já imaginou um retrato empoeirado numa lápide mal cuidada!
Talvez seja bem melhor não imaginar nada
Hoje sou matéria alegre e animada, amanhã serei retrato inanimado
Por enquanto eu rio disso um bocado

Jonas Luiz

Uma nova fase poéticaOnde histórias criam vida. Descubra agora