ouçam-me

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Ouçam-me

Estou falando ouçam-me somente um pouco
Quero que vocês entendam a minha linguagem
Dita pela minha boca, não pela boca dos outros

Dizem que falo pelos cotovelos, que a minha boca é um megafone
Ha, só estou vendendo meu peixe, alias minha poesia
Versos, sonetos, rimas
Fazendo meu zum zum zum
E assim vou pescando mais um, mais uns, alguns

O que dizem por aí é um pouco de invenção
Estão dizendo que sou um louco, caso de internação
Na verdade não estão mentindo, só estão aumentando o grau da minha loucura
Sou caso que tem cura

Olha! Olham para mim e logo já gritam
Aquele não é o cara metido a artista, capa de revista
Aquele que frequenta saraus, poesia marginal, liberdade total
Aquele que está sempre lendo um livro
Nossa aquele cara é muito esquisito

Por que eu sou louco?
Só porque escrevo sobre o amor, sobre a dor, sobre o povo de Marte, sobre o que eu conheço e o que ainda é segredo, sobre a convulsão social, sobre o bem e o mal, sobre a intolerância e a falta de esperança

Se ser louco é ser assim
Se ser louco é sentar na praça e recitar meus versos
É ter a mente e os pensamentos abertos
Então eu sou louco sim, confesso

Mas não acreditem no que dizem sobre mim sem ao menos me conhecerem
Talvez possam se surpreenderem
Não sou traficante, muito menos meliante e nem assaltante

Atiro com palavras, disparo rajadas com rimas agressivas
E o meu objetivo é acertar corações
Não para atingi-los de morte, nada de extermínio
Tentativa de salva-los de um declínio

Meu desejo é que vocês me deem ouvidos
Ouçam os estampidos
Meus disparos são de versos comprimido
Depois tomem a pílula da loucura
E venham ser loucos comigo

Agora quem achar que eu sou um louco de pedra e que o meu caso não tem solução
Então atire a primeira pedra ou me indique um psicanalista
Talvez Freud explica

Jonas Luiz
São Paulo, 13/08/18

Uma nova fase poéticaOnde histórias criam vida. Descubra agora