66°- capítulo.

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Bella POV

- Vai querer carona, Bella? - Adam perguntou atrás do balcão, enquanto eu passava um paninho em uma das mesas perto da janela de vidro. Apenas para mantê-las limpas antes de irmos.

- Uhm... Eu não quero incomodar vocês. Eu posso ir andando. - disse, andando até a mesa à frente e limpando-a.

Steve decidiu fechar a cafeteria mais cedo hoje, por causa do jantar e possivelmente pedido de casamento que ele fará. Minha expectativa apenas duplicou sobre o pedido, porque era visível o nervosismo de Steve dês que ele entrou aqui. E Adam provavelmente notou isso e deve estar ainda mais ansioso do que já estava. Por isso, não quero atrapalha-los e alongar mais isso.

- Não vai incomodar nada, Bella. E olha para o céu, daqui a pouco vai começar um temporal e você vai se molhar toda. Nós temos tempo ainda não é, Steve? - virei o rosto na direção dos dois a tempo de ver Steve assentir, sorrindo gentilmente para mim enquanto mexia em algo no caixa.

- Uhm... Tudo bem, então. - cedi, abrindo um pequeno sorriso agradecido para ambos.

Voltei minha atenção para o que estava fazendo enquanto ambos em poucos segundos entraram na sala de estoque para resolver assuntos que eu não fiz questão de prestar atenção, me deixando sozinha. E eu sabia que ficar sozinha hoje, refém dos meus pensamentos, não era algo bom.

O restante do dia foi bem trabalhoso, o que eu agradeci já que com isso não tive que pensar muito no que aconteceu ou no que eu sentia. O dia estava instável e com isso as pessoas tendem a chegar em uma cafeteria em alguma parte do dia, para se esquentarem com uma xícara de café.

E eu também me mantive ocupada o máximo possível, fazendo praticamente o meu trabalho e o de Adam, o que rendeu em xingamentos dele a maioria do tempo, já que ele precisava se ocupar tanto quanto eu.

Mas trabalhar nunca foi tão bem-vindo como hoje.

Porém mesmo assim, eu sabia que independente do quanto fisicamente e mentalmente exausta eu estava, quando chegasse em casa, e deitasse na cama, não conseguiria nem ao menos fechar os olhos, de tão ligada que eu estava e isso era extremamente exaustivo.

Inferno, por que eu não consigo apenas esquecer tudo isso, como ele fez?

Terminado a terceira mesa perto da janela de vidro, passei os olhos por todas as mesas da cafeteria, observando se estava tudo certo. Suspirei satisfeita quando vi tudo no seu devido lugar e aproveitei para tirar o avental da minha cintura, já que que eu já havia retirado a touca antes. Mas antes que eu pudesse dobrar o avental e caminhar até o balcão para guarda-lo, um trovão soou pelos meus ouvidos, forte o suficiente para me fazer estremecer.

A chuva não demorou a cair, e encharcar as calçadas e o asfalto. Pingos caiam vagarosamente do céu escuro, e trovões rugiam pelo mesmo, levando arrepios à minha pele. A noite tinha chegado há algum tempo, mesmo que o céu estivesse fechado durante todo o dia. Observei através da extensa janela de vidro, agora embaçada, a intensidade da chuva e dos trovões e me senti cada vez mais intimidada com tudo aquilo.

Meus ombros encolheram-se involuntariamente e quando eu fiz a menção em me virar, na intenção de avisar Steve e Adam sobre a intensidade da chuva e sugerir de irmos logo, uma voz soou através do baralho da chuva e da janela de vidro, ou melhor dizendo, um xingamento, que fez-me apurar os ouvidos no mesmo segundo.

Foda-se era uma palavra tão familiar para mim, porém, a consciência que eu tinha de quem mais a falava me fez estremecer, dez vezes mais do que com aquele trovão.

Olhei imediatamente para a janela, notando algo, alguém, lá fora e meu sangue gelou, mesmo que eu não pudesse ter certeza de quem era. Eu repetia para mim mesma, que não poderia ser quem eu estava pensando, porque negar, era o melhor que eu conseguia.

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