Assim como eu

A volta do pesadelo

Na última batalha, quando Breu já estava derrotado, os seus próprios pesadelos o cercaram e o levaram para a sua caverna na floresta, o prendendo debaixo da terra. Infelizmente sabíamos que o medo sempre iria existir então talvez a prisão dele não fosse eterna, embora nós tenhamos seguido com nossas vidas como se ela fosse…

Alguns meses após o Breu ser preso, enquanto eu voava por Burgess, vi algo estranho sobre o lugar onde era a entrada para sua caverna. Alguns poucos mas notáveis grãos de areia negra flutuavam bem em cima do local parecendo sair do chão um a um e ficavam no ar como se fossem partículas de poeira, porém bem negras e traziam uma sensação bem ruim afinal, coisa boa aquilo não poderia ser. Chamei os outros guardiões rapidamente e após chegarmos, o Sandy colocou suas mãos por entre os grãos de areia que rapidamente se tornaram dourados, voando para os céus e logo tudo voltou ao normal.

Era bem mais que óbvio que o Breu iria tentar se soltar a todo o custo e isso foi uma confirmação de que ele realmente estava tentando. Então passamos a fazer algumas rondas por ali para ter certeza de que ele iria apenas tentar e nunca conseguir. Isso aconteceu mais umas quatro vezes com intervalos grandes tempo, a última aconteceu há pouco mais de um ano, o que nos levou a crer que ele havia desistido, então as rondas se tornaram menos frequentes mas… pelo visto elas não deveriam. Agora não são apenas alguns grãos de areia flutuando acima da entrada da caverna, são incontáveis formando esse tentáculo gigante!

Fico tão perplexo com essa visão e com o que isso pode significar que minha cabeça fica em branco mas ouvir os suspiros assustados das crianças atrás de mim me traz de volta me fazendo lembrar da minha maior responsabilidade. Protegê-las. Olho para elas que estão paralisadas com essa visão e parece que não tem a intenção de se moverem tão cedo.

-Crianças! - as chamo mas só consigo a atenção do Jamie - Vocês têm que sair daqui!

-Jack, o que é aquilo? - ele pergunta com a voz trêmula

-Bem… - antes que eu pudesse completar a frase, eles começam a gritar apavorados e quando me viro para trás vejo o tentáculo caindo em nossa direção

Rapidamente, ergo o meu cajado e atiro um raio de gelo forte o suficiente para congelar a parte de cima, que assim que chega em nós se desfaz em flocos de neve. Ofegante pelo nervosismo das crianças quase serem esmagadas, me viro novamente para elas que olham para mim impressionadas.

-Vão para casa. AGORA!

Elas concordam e saindo da paralisia, saem correndo para fora da floresta, logo ouço outro estrondo de um outro tentáculo saindo da terra, porém esse tem a companhia de mais três e todos eles parecem querer se agarrar em algo. Voo e um deles vem em minha direção mas antes que consiga chegar perto de mim, o congelo e esse também se desfaz. Desvio minha atenção para onde as crianças estão e vejo que elas não se demoraram em sair da floresta, já estando em meio a civilização. Suspiro aliviado por estarem em segurança mas então um impacto forte me jogar para baixo.

Com o golpe, acabo soltando o meu cajado, ou seja, caio a toda velocidade em direção às árvores mas pelo menos as folhas amortecem a minha queda até chegar ao chão. Fico alguns segundos desnorteado mas assim que recupero, encontro meu cajado não muito longe e o pego ainda vendo todos os tentáculos se agitando no ar, porém ao olhar para o buraco de onde eles saem, tenho uma ideia. O único jeito de acabar com uma coisa de vez, é pela fonte.

Voo até lá e com toda a força que encontro atinjo o pé dos tentáculos com gelo, eles param de se mexer a medida que vão se congelando, daqui de baixo até a ponta mais alta e então se desfazem em areia negra congelada, que volta para dentro do buraco. Só que percebo uma coisa que me deixa preocupado, o buraco não se fecha. Os tentáculos abriram mas não fecharam a entrada da caverna, ou seja, da prisão do Breu…