Assim como eu

Pós confronto

P.O.V Jane Frost

Ouço uma voz bem longe, me chamando num tom meio preocupado mas não consigo definir de onde ela vem. Meu corpo está dormente, meu raciocínio lento demais, meus ouvidos zunindo, com o coração batendo tão rápido que chega a doer e a respiração quase inexistente, embora meus pulmões estejam gritando para eu dá-los uma grande quantidade de oxigênio. Eu não sei o que está havendo comigo mas sinto como se estivesse dopada, sem conseguir perceber nada a minha volta a não ser um céu noturno com algumas nuvens, onde meus olhos permanecem estáticos, e uma pálida luz da lua que parece ser engolida pela escuridão da noite cada vez mais.

Lentamente, consigo sentir uma pressão na minha mão esquerda, a voz que me chamava ficando cada vez mais perto e clara até que a dormência me deixa um pouco, me fazendo sentir a neve fofa onde estou deitada e me fazendo perceber que a pressão na minha mão, na verdade se assemelha a mão de alguém apertando a minha.

Jack… 

É ele? É dele a voz que me chama? Eu não consigo distinguir.

Talvez, se eu me concentrar nela, eu consiga sair desse estado de torpor.

De uma vez, como alguém que acorda num pulo, meus ouvidos param de zunir, o céu volta a sua claridade de antes e a dormência some, me permitindo sentir todo o meu corpo outra vez. Respirar ainda é difícil mas ao menos consigo inspirar uma quantidade bem maior de oxigênio do que antes.

Consigo ouvir uma respiração tão ofegante quanto a minha ao meu lado e dessa vez, sinto que realmente é uma mão apertando a minha e a aperto de volta. Só então me situo dos últimos acontecimentos, assim lembrando do porquê estou nesse estado. 

-Eu apaguei? - sussurro quase sem voz, posso perceber um suspiro de alívio em meio a toda sua respiração pesada antes de responder

-Achei que você pudesse me dizer! Não me respondia mas estava o tempo todo de olhos abertos. Na verdade nem piscava! 

-Ah… faz sentido meus olhos estarem ardendo então - digo piscando os olhos com força e pigarreando para tentar fazer minha voz sair direito - Eu estava consciente, mas ao mesmo tempo eu não parecia estar aqui.

-É, sei como é…

Faço um esforço para virar minha cabeça para o lado e o encontro ainda deitado de costas na neve mas com a cabeça virada para poder olhar para mim. Nossos olhares se cruzam rapidamente mas não tão rápido a ponto de eu não conseguir notar o alívio estampado em seu rosto. Então pergunto:

-Estamos deitados aqui há muito tempo?

-Não. Deve ter passado uns dois minutos no máximo. Por que?

-Você já parece melhor - respondo voltando a olhar para o céu

-Bom, eu fui afetado há mais tempo que você, é normal que o efeito passe antes. Embora ainda me sinta meio pesado, estou bem melhor. E você? Como se sente?

-Não consigo respirar direito, meu coração está tão acelerado que ele poderia saltar do meu peito a qualquer momento - digo com certa dificuldade, sentindo minha respiração voltar a ficar pesada como antes - Na verdade, o céu está começando a escurecer mais de novo.

-Seu cérebro deve não estar recebendo oxigênio o suficiente - diz enquanto, mesmo que de canto de olho, percebo a tensão voltando para o seu rosto