Ela trancou a respiração de nervosismo assim que o viu caminhar em sua direção.
O viu cumprimentar os garotos ao seu lado e só soltou o ar quando ele mesmo se sentou duas cadeiras distante dela.
O professor Carlos fazia a chamada enquanto a turma conversava sobre alguns boatos e fofocas daquela semana, como o fato de Denise, uma das líderes de torcida ter quebrado o pé e estar fora dos primeiros jogos do ano e sobre o novo professor de história, Gregory Romano, ser um gato, assim como um novo aluno do terceirão, de olhos azuis. Drica apenas cutucava a unha tirando o esmalte azul que já estava lascado, mania que tinha quando estava no tédio
- Então, amados alunos - Começou Profº Carlos chamando a atenção de todos - Sei que muitos aqui odeiam desenhar, pintar e criar em tela - Disse e ouviu uma grande parte da turma cochichar em concordância. - Outros já odeiam o fato de ter que tocar, cantar ou até mesmo falar. - Continuou e encarou Drica brincalhão. A mesma se encolheu mas riu, ganhando alguns olhares sobre sí. - O negócio é que, desta vez não vai ser diferente! O trabalho é incrível e ainda assim iram reclamar. Mas estou animado em anunciar o próximo trabalho de vocês que vai valer 2/4 da nota deste bimestre. - Concluiu indo escrever na lousa. A turma antes calada para ouvir se tornou agitava e bombardeou o professor de perguntas, o mesmo fazia questão de ignorar todas enquanto escrevia sobre o trabalho com caneta azul.
Drica acompanhava o que o professor escrevia. Começou a transpirar e ficar sem ar ao ler do que se tratava. Ela com toda certeza iria levar bomba nesse trabalho! A crise de ansiedade tomou conta e ela se desesperou por saber o que viria, não era a primeira vez que aquilo acontecia e ela nem conseguia mais se levantar para sair dalí, as pernas estavam dormentes e o ar fugia dos pulmões. Não conseguia ouvir mais ninguém ao seu redor e o estômago doía.
Encenação! Em dupla!
Pensou em como seria bom poder correr para a coordenação e trocar a aula de Artes por gastronomia, maldita hora em que fui ser péssima cozinheira. Mas atuar também era seu sonho e a aula de certa forma deveria ajudar. Você deveria desistir, sua própria voz na cabeça disse.
- Ta tudo bem? - Reconheceu a voz do Michael que naquele momento parecia estar a duas quadras de distância e não ao seu lado. Ela abriu a boca pra tentar respirar e apertou os dedos na cadeira, fechou os olhos em seguida na tentativa falha de relaxar.- Você esta ficando muito branca.
- E-uu-u ee-u não con-si-go respirar. - Tentou falar. Ela sempre sofria com antecedência quando pensava em se apresentar na frente de outras pessoas, aquela situação já era bem comum nos seus dias. Não que isso fizesse ser menos pior, na verdade era sempre o mesmo show de horrores.
- Ela ta tendo ataque de Pânico, imbecil. - Ouviu uma voz explicar para Clifford. - Professor, eu vou leva- lá para enfermaria agora! - O garoto avisou em um segundo e no seguinte sem nem esperar resposta estava pegando Drica no colo e saindo pela porta. Ele caminhou apressado, quase correndo, para o lado oposto da enfermaria e a levou para fora do colégio, nas últimas arquibancadas da quadra. Pensou que alí teria ar fresco.
Enquanto o professor tentava acalmar os alunos que agora tagarelavam sem parar sobre Drica, ela tentava controlar a respiração ouvindo a voz rouca do desconhecido.
- Olhe para mim. - Pediu calmo depois de colocar ela sentada na arquibancada. Ao perceber que ela tremia e ainda tentava respirar pela boca, se ajoelhou em sua frente. - Olha, você está tendo um Ataque de Pânico. Eu vou tocar em você, okay? - Disse e pousou as mãos nas da garota, deixando alí um pequeno carinho. Ele passou por essa situação com sua mãe diversas vezes e sabia bem como acalmar alguém, mesmo que uma desconhecida. - Você precisa se esforçar para respirar fundo. Fecha os olhos e tenta pensar em uma flor. Foca na minha voz, por favor. - A garota atendeu o pedido focando na voz rouca dele. - Pensa na sua favorita. Agora respira fundo, isso, continua assim, com calma. - Ele quase murmurava enquanto continuava o carinho. Ela estava finalmente sentindo o ar nos pulmões. Pensava em suas suculentas, sim, suculentas. Ela tinha uma coleção e amava. Ele disse flor e ela pensou em uma planta mas ele não precisava saber.
Quando Drica finalmente abriu os olhos viu duas órbitas azuis à encarando. A princípio ficou vermelha porque Jesus amado: ela teve um Ataque de Pânico na frente da turma toda outra vez! E o desconhecido tatuado da voz rouca e sexy a ajudou. Ela não sabia o que fazer ou falar e dessa vez não podia simplesmente correr para o lado oposto para não dizer nada. Eles ficaram alguns segundos alí, ele a encarando e analisando para saber se estava bem e ela retomando a respiração.
- Obrigada. - Disse após controlar o ar e a vergonha deixar. - Muito Obrigada. - Ele sorriu e ela voltou a ficar sem ar, mas desta vez por conta do sorriso do garoto.
- Não tem porque agradecer, fiz o mínimo. - Ela pensou que ele estava falando aquilo para ser educado e só concordou com a cabeça, mesmo que a vontade fosse perguntar "Como você sabia como me acalmar?" .
Drica se levantou e falou que eles deveriam voltar para a sala, o que mais pareceu uma pergunta do que afirmação. Ele a olhou confuso mas não protestou, apenas seguiu da arquibancada para dentro do colégio.
- Qual seu nome? - Ela perguntou, de cabeça baixa, quando finalmente chegaram ao corredor. Ele a encarou surpreso, já tinha percebido que a garota não era muito de falar.
- Andrew - Respondeu colocando as mãos nos bolsos da calça preta - Andrew Biersack.
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ghost of you | 5sos | Andy Biersack
FanfictionAs vezes a vida gosta de nós pregar uma peça, né? Foi o que Drica pensou assim que descobriu estar em dupla no trabalho de artes com Calum Hood, por quem era apaixonada a mais de dois anos sem sequer ter trocado uma palavra. A menina com síndrome...