XI

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   Acordei com alguém falando baixinho no meu ouvido.

   - Drica, acorda. - Resmunguei, não queria abrir os olhos. - Drica, tenho que te levar para casa. - A voz era rouca e gostosa de ouvir, mas eu estava tendo um sonho tão bom com o Hood que não queria acordar. Um movimento brusco me assustou e eu abri os olhos imediatamente, dando um gritinho.

   - Oi, bela adormecida. - Puta que pariu. Hood estava na minha frente com uma carinha inchada e grama pelo cabelo. Eu não estava entendendo nada. E nem sei se queria entender.

   - O que aconteceu? - Perguntei franzindo a testa. Minha voz saiu rouca. Olhei em volta e bati com a mão na testa. Eu cochilei com ele do meu lado, o quão estúpida sou? E se eu falei algo dormindo? E se ronquei?

   - Eu dormi? - Fiz a pergunta óbvia e ele concordou. - Quanto tempo?

   - Dormimos uma hora e meia, mais ou menos. - Respondeu após verificar as horas no celular. Levantei procurando meu tênis. Mas, ele disse dormimos?  Parei e me virei para ele.

   - Você dormiu também?

   - Sim. Por quê? - Ele perguntou enquanto calçava os tênis.

   - Nada. - Me virei de costas e sorri. Eu estava me sentindo uma criança que ganhou doce. Dormi com Calum Hood. Não no sentido completo da palavra, mas no sentido que nunca me imaginei dormindo, ainda mais à beira de uma piscina com luzes roxas e românticas. Não que eu não imaginasse no sentido sacana.

  - Ainda ta cedo. - Ele comentou. - Quer que eu te leve para casa ou pretende ficar mais na festa e comer pizza?

  - Não precisa se incomodar. Lya vem me buscar, pode ficar. - Respondi, por mais que quisesse ser levada até em casa por ele. Será que ele ficaria?

   - Bom, na verdade, eu..

   - Calum, achei você! - Uma voz feminina chamou nossa atenção para a porta antes trancada. Era a mesma ruiva que conversada com ele na mesa do refeitório.- Te procurei em toda casa, por que está aqui?

   A garota veio praticamente correndo até nós e agarrou Calum como se eu não estivesse alí. O mesmo pareceu levar um susto no começo mas correspondeu. Eu fiquei em choque, me senti boba e quis sair correndo daquele jardim, e foi o que fiz: corri para dentro da casa.

   - Oi! Onde estava? - Alex perguntou logo que entrei, estava enchendo um copo e parecia meio alterado, digo isso por sua voz sair enrolada, como se tivesse com a língua inchada. Andrew estava perto da pia beijando uma garota com os braços tatuados.

   - Na piscina. - Assim que respondi, Andrew parou o beijo para dar sermão, acho.

   - Ninguém pode ir na.. Drica? - Me olhou confuso. - O qu..

   Não deixei ele terminar e corri para a saída. Felizmente nenhum dos outros adolescentes dançando e se pegando pela sala ligaram para uma estranha saindo correndo e quase chorando. O que eu estava pensando? Que iríamos conversar em uma festa e no dia seguinte ele estaria caidinho por mim? Patética. E ainda tínhamos o maldito trabalho de artes para fazer.

   Corri por uns minutos até achar um bar e liguei para Lya me buscar. A mesma se assustou e me deu uma bronca por ligar tão cedo e supostamente não me divertir da maneira certa. Felizmente ela não sabia que eu passei a maioria do tempo lá dormindo.

   Quando ela chegou com pink floyd no último volume minhas pernas já doíam por ficar em pé fora do bar, longe de olhares estranhos que me deixavam desconfortável, e eu agradeci Deus por me dar uma amiga tão boa.

ghost of you | 5sos | Andy Biersack Onde histórias criam vida. Descubra agora