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Caminhou até a porta e antes de virar as costas para ela, deu o sorriso mais sacana que ela já viu em um homem.

  Ela sabia que estava ferrada.

   Depois do intervalo todas as aulas pareceram uma eternidade e o nervosismo por não saber quando iria falar com Hood de novo a deixava inquieta na cadeira. Por sorte ela decidiu e conseguiu se sentar nas últimas carteiras para não ser foco de ninguém.

   Quando o sinal que indicava o fim da aula tocou, interrompendo a explicação do professor de matemática, ela se viu correndo para os corredores à caminho das arquibancadas, perto do estacionamento. Não sabia se Hood iria lhe passar o endereço ou ao menos falar com ela naquele momento mas mesmo assim decidiu ficar visível. Não queria parecer agitada então se sentou por alí e mandou uma mensagem para Lya.

   Dri: Ainda está no colégio?
   bf: Estou sim, biblioteca. Quer carona até em casa?
   Dri: Carona aceita KKKKK to nas arquibancadas perto do estacionamento, te espero aqui. xoxo
   bf: Okay neném, me espera aí, até daqui a pouco. xoxo

   Drica guardou o celular e se distraiu tanto com um fio solto da sua camisa que nem percebeu a presença masculina na sua frente. O garoto fingiu uma tosse fazendo a mesma dar um pulo no banco, o que rendeu boas risadas para ele. Ela arregalou os olhos.

   - Estava aí a muito tempo? - Perguntou com a mão no coração, como se pudesse fazer ele parar de bater mais rápido. O garoto negou e ela se sentiu aliviada, sentando de volta. Ele se sentou ao lado dela, todo largado e pegou um cigarro da mochila. - Isso pode te matar, sabia!? Assim como você podia ter me matado do coração agora, com esse susto.

   - E você se preocupa? - Perguntou cínico, erguendo uma sombrancelha e dando um sorriso. Colocou o cigarro na boca e acendeu. Ela revirou os olhos e viu as horas no relógio de pulso. 8 minutos desde que Lya disse estar na biblioteca.

   - Está esperando alguém?

   - E é a da sua conta? - Retrucou fazendo a mesma cara dele. Óbvio que ela estava, mas ele não precisava saber.

   - Você está sendo bem grossa com quem lhe ajudou mais cedo. - Disse seco se levantando - Aí - Jogou um papel com um endereço em cima dela. - Seu Romeu achou que éramos amigos e me pediu para te entregar. De nada.

   Ele começou a caminhar em direção ao portão e ela se xingou mentalmente.

   - Andrew? Espera! - Gritou correndo para alcança-ló. Ele parou e virou. Ela chegou perto e parou, sem querer se aproximar tanto. - Desculpa.. sério. Ninguém nunca me vê ou me ajuda quando estou daquele jeito sem ser meus pais ou Lya. - Deu de ombros e olhou para uma árvore atrás dele. - Acho que por isso estou na defensiva: é constrangedor. Não queria te tratar assim. Desculpa, de verdade.

   Andrew tirou o cigarro da boca o jogando no chão, pisando em cima para apagar. Deu um meio sorriso, concordou com a cabeça e se aproximou o máximo que pode, fazendo a garota olha-ló.

   - Primeiro - Ele começou falando perto do ouvido dela, o que gerou um arrepio na nuca. - Não deveria se sentir assim, ajudei porque quis e por saber o quão difícil é essa situação. Segundo: é patético a forma como tu se entrega e fica esperançosa assim por alguém que nem te nota e por último, mas não menos importante: Você deveria ter mais confiança em sí mesma. - A garota virou estátua, não movia nenhum músculo e até a respiração trancou. Estava em uma mistura de indignação e vergonha, não sabia se dava na cara dele ou se se enfiava em um buraco no chão. Mas rapidamente pensou que poderia acabar o dia bem, cavando dois buracos: um para ela e outro para o corpo frio do garoto tatuado.

   Infelizmente a única coisa que conseguiu fazer foi dar um passo para trás. Quando ela foi falar algo, Lya chegou, fazendo o garoto recuar alguns passos também.

   - Perdi algo? - Perguntou, estranhando o clima.

   - Nada! - Os dois praticamente gritaram. Lya fez careta.

   - Okay.. Então, vamos?

PVO Drica

  Passei à ignorar totalmente a existência do garoto dos olhos bonitos e segui para onde estava o carro de Lya, bufando de raiva com a audácia e julgamento precipitado que ele tinha, quem ele achava que era para falar comigo daquela forma? Entrei no carro depois de Lya destravar e me sentei, emburrada no meu canto. Ela ligou o mesmo e saiu do colégio abrindo a boca uma vez ou outra no meio do percurso.

   - Ele veio me entregar um bilhete do Calum e falou coisas que não devia. Disse que é patética a forma que me entrego para alguém que nem se importa, dá pra acreditar nisso? - Disparei para minha amiga, sabendo que era isso que ela queria saber. A mesma me olhou assustada, acho que pelo meu tom, não era de me estressar fácil.

   - Dri, escuta - Começou, parando o carro em um acostamento perto da minha rua. - Por mais que tu tenha odiado ouvir isso e ele tenha soado um pouco grosso, ele está certo.. - Disse calma, me fazendo olha-lá incrédula, mas parando uns segundos para pensar. - Ele tinha que falar contigo dessa forma? Não! Mas pense nisso, você nunca toma uma atitude em relação ao Hood e já tá nessa faz anos..

   - Obrigada pela carona, te amo - Foi a única coisa que disse antes de abrir a porta do carro e sair correndo pela minha rua, sentindo as primeiras gotas de chuva caindo pelo meus ombros e acompanhando algumas lágrimas solitárias pelo meu rosto.

  
   Quando cheguei no meu portão notei a falta dos carros e concluí que meus pais ainda não estavam em casa. Entrei e tranquei tudo. Tinha medo de ficar sozinha e por isso sempre verificava as trancas do portão e janelas, nunca soube explicar mas sempre me desesperava ao mínimo barulho desconhecido.

   - Oi Thanos - Cumprimentei ao encontrar o gatinho brincando no meio das almofadas da sala. Larguei minha mochila e atirei os sapatos perto da porta com a plena consciência de que iria levar bronca por aquilo. - Cadê sua irmã, ein garotinho? - Thanos miou em resposta. Peguei o mesmo no colo e fui para a cozinha lhe dar comida e preparar um lanche.

   A tarde passou lentamente com o tédio que senti, assisti dois filmes clichês e nenhum deles me distraiu, muito pelo contrário: me levaram à pensar em Calum e no garoto dos olhos bonitos. Relembrei as coisas que Andy me disse e de Lya concordando e pensei positivamente sobre mudar as coisas, mesmo sabendo que pensar positivo não iria adiantar em nada e a situação continuaria complicada ao tentar falar apenas o básico com ele. Adormeci no terceiro filme e só acordei com meu despertador na manhã seguinte, com uma leve dor no pescoço por dormir torta na minha cama.

NA: Oi meus denguinhos, como estão? espero que muito bem! Dessa vez eu nem demorei, né!? E vamos torcer para criatividade não sumir e eu postar ao menos 1 cap por semana ou ao menos 1 de 10 em 10 dias.
Não se esqueçam da ⭐ pra ajudar a parça aqui e boa semana pra nós.

PS: avisem se acharem algum erro ou deixem críticas construtivas. XOXO bye 💘

ghost of you | 5sos | Andy Biersack Onde histórias criam vida. Descubra agora