VII - Praia part. II

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- Não deveria. - Falei o mais sério que conseguia. Ele estava tirando sarro de mim?

Em uma fração de segundos toda minha atenção foi para o mar agitado, as ondas ritmadas faziam um barulho que acalmava a alma e o ar puro chegava aos meus pulmões me dando uma sensação que Deus, era mais que maravilhosa. Abri a boca para perguntar o motivo dele me levar até alí mas deixei a pergunta para mais tarde.

- Pronto. - Ele disse assim que terminou de vendar meus olhos. - Me acompanha, Sr. apressadinha?

- E eu tenho escolha, Sr. Sequestrador?

- Na verdade, não. - Estava começando a acostumar com a risada dele no final de cada frase dita. Quem olhava Andrew de longe nunca imaginária que ele era tão risonho, eu mesma estava surpresa com isso. Nunca julgue um livro pela capa, tem muito mais além da primeira impressão.

- Acho melhor tirar o tênis. Quer ajuda?

- Não, eu consigo. Pera aí. - Disse e me abaixei para tirar os tênis, rezando para não cair na sua frente enquanto tirava os mesmo e virar piadinha. - Pronto. - Senti o chão quente e comecei a dar pulinhos, é, eu viraria piada.

- Vem. - Ele disse mais uma vez rindo da minha cara, me guiando até uma escada e me ajudando a descer cada degrau. Depois de alguns repetitivos "mais um degrau, outro, outro, outro.." pude sentir meus pés afundando na areia fina da praia e dei um sorriso. Andrew me guiou por mais uns segundos e me virou. Senti a venda sendo tirada e abri os olhos. A visão era tão linda que apenas fiquei admirando. A água totalmente clara, o Sol no meio das nuvens, toda aquela areia branca envolta dos meus pés e a praia totalmente vazia. Isso daria uma foto tão linda, a visão do paraíso deveria ser essa.

- Me desculpa. - Ouvi o Andrew falar atrás de mim e me virei sem entender.

- O quê?

- Por ontem - Ele disse colocando as mãos nos bolsos da calça preta. Percebi que estava com a minha mochila em um ombro e a sua em outro. - Eu não deveria ter falado aquelas coisas, eu me deixei agir pela raiva. Me desculpa, Drica, de verdade.

- Por isso me trouxe aqui? Para se desculpar? - A pergunta saiu de imediato, nem deu tempo de pensar. Ele encolheu os ombros.

- Também - Admitiu. - Mas também por ser o lugar que mais amo no mundo. Sempre venho parar aqui quando não sei mais o que fazer ou não consigo entender o que está acontecendo comigo, é meio que meu lugar de refúgio, sabe? - Concordei com a cabeça. Era um lugar lindo e com toda certeza um ótimo refúgio nos dias ruins.

- Tudo bem. - Disse me virando de volta para a paisagem da praia. Procurei na minha mente se tinha a roupa extra da Ed. Física na mochila e corri para água quando lembrei que sim, tinha tudo alí. Ouvi Andrew me chamar mas não liguei. Meu corpo arrepiou ao ter contato com a água de uma vez só. Estava meio gelada e eu me odiei por um segundo por não ter verificado antes.

Após uns segundos alí ouvi um impacto de algo na água e me virei, Andrew subia de volta a superfície, sem camisa, e aquilo completava a minha visão perfeita do paraíso. Ninguém podia dizer que ele era feio: Os olhos azuis que ficavam mais azuis em frente ao mar davam uma bela obra de arte, ainda mais combinada com a pele pálida e os cabelos tão escuros quanto a meia-noite. As tatuagens espalhadas pelo corpo o deixava com ar de garoto perigoso e chamavam muita atenção. Muito provável que em seu grupinho de adolescentes populares as garotas fizessem fila para ter sua atenção. Pensar nisso me fez rir.

- O que foi? - Perguntou se aproximando enquanto colocava os fios negros do cabelo para trás.

- Você.

ghost of you | 5sos | Andy Biersack Onde histórias criam vida. Descubra agora