Dizem que os olhos são as janelas da alma. Olhar nos olhos de alguém, é saber a verdade. O que é real.
___________________________________
- Tudo bem, mamãe. Prometo ir o quanto antes. Um beijo.
Em plena seis e meia da manhã a mãe de Rose estava a ligar. Ela tinha essa mania estridente de acordá-la cedo com uma ligação. Não que Rose não se agradasse de acordar e ouvir a voz doce de sua mãe do outro lado da linha, mas é que muitas vezes ela só queria dormir.
- Hoje você acordou pior que ontem, hein, garota.
Indaga a si mesmo, observando-se no espelho do banheiro e vendo suas olheiras e seu cabelo castanho bagunçado, parecendo uma ninhada de passarinhos. Amarra o mesmo em um coque mal feito e decide tomar um banho. Um banho gelado a essa hora, desperta até defunto.
Rose desce as escadas e vai apreciando o silêncio que apenas sua casa proporciona. Optou por não ter empregada. Gostava de cozinhar e gostava, ainda mais, de viver sozinha. Mudou-se da Filadélfia, onde morava com seus pais, há oito anos e desde então, reside em New York, em um dos bairros mais luxuosos da cidade.
Ela queira ser independente e conseguiu. Talvez não da melhor forma e que causasse orgulho na sua família, mas conseguiu. Chegou em NY e conheceu diversas pessoas, umas boas e outras nem tanto. Entre elas, Dona Amélia, responsável por uma casa de mulheres. Ela não saberia distinguir em qual das opções a velha se encaixava. Rose acabou entrando e não soube mais como sair. Passou quase quatro anos naquela vida, até conhecer um homem bondoso, Senhor Webber, que a comprou e quitou suas dívidas na casa. Ele fez contrato com Rose para ser acompanhante dele, depois disso, ela estaria liberta. E assim fez.
A menina acabou encontrando outras pessoas que a desejaram ter como Webber teve e, a partir dai, essa foi a vida de Rose. O dinheiro que ganhara com aquilo fez com que ela entendesse que emprego nenhum lhe daria aquela vida. Apartamento luxuoso. Carro importado. Roupas caras. Acessórios. Ela não era mais prostituta, apenas acompanhante. Sentava, sorria e tirava fotos em eventos. A maioria dos seus clientes eram velhos que não tinham mais capacidade de conquistar uma mulher para acompanhá-los.
A família não tinha conhecimento da profissão de Rose e aquilo a incomodava. Quando eles viam fotos dela com seus clientes em revistas e sites, ela apenas dizia que eram bons amigos. Nunca questionaram mais do que Rose pudesse explicar e ela agradecia aos céus, por isso.
Sua rotina é simples. Ela malha cedo, tem uma academia no condomínio que facilita todo o seu tempo, se alimenta adequadamente, sempre procurando cuidar do corpo, já que ele é a sua ferramenta de trabalho. Já fez aulas de etiquetas, balé, jiujitsu e fala outras 4 línguas.
Não teve oportunidade de estudos em sua antiga cidade, então quando surgiram brechas de uma nova e melhor vida, há quatro anos, ela agarrou com unhas de dentes. Não que ela não deseje sair dessa vida, conhecer alguém, ter um trabalho considerado descente pela sociedade, crianças, viagem em família... Ela quer, mas não cria expectativas que um dia consiga, levando em conta esse seu histórico de vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O contrato (concluída)
RomanceQual a probabilidade de quatro meses serem transformados em uma vida? Acompanhante de luxo e conformada que era aquilo que a vida tinha a lhe oferecer, Rose conhece o incrível e enigmático Edward. Edward, sério e completamente focado nos seus obje...