Capítulo 5

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Às vezes fazemos coisas que não queremos
Às vezes sentimos desejos que não são nossos
Sentir o que não faço
Desejar o que não sinto
é o que acontece comigo
quando estou com alguém
quando tudo o que eu queria
era estar com você.

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- Não vai dizer quem é? Sinto cheiro de mulher de longe, filho. - Dona Sandy estava a ajeitar a gravata do filho, Edward, ainda insistindo para que falasse quem iria o acompanhar.

- Uma garota de programa, mamãe. - Bruce fala, jogado sob a poltrona do quarto. 

Edward lança um olhar mortal para Bruce, que apenas solta uma gargalhada alta. As vezes, quando ele menos esperava, sua mãe e irmão invadiam sua casa. Foi o que fizeram hoje. Na maioria das vezes ele gostava. 

- E qual o problema, Brucinho? - Bruce odiava esse apelido e sua mãe sabia. Já cansara de pedir para não repetir. Ele apenas revira os olhos em forma de protesto. 

- Ela não é garota de programa. É acompanhante. A conheci alguns dias e contratei. - Edward se pronuncia. Não escondia nada da sua mãe. Na verdade, ela não deixava esconder. 

- Eu tive uma amiga da faculdade que também era. Ela ganhava pouco dinheiro na época, mas dava pra se virar. Coitadinha, morreu atropelada por um ônibus. - Ela fita o chão por uns segundos, pensando na amiga. - Trágico. 

Edward pega suas chaves, desce as escadas e ouve sua mãe ainda dizer o que sempre disse, lhe causando uma enorme nostalgia dos tempos da faculdade: 

- Dirija com cuidado e use camisinha. 

Ele dirige rumo a casa de Rose e como sempre, a música é sua companhia. Antes que ele buzine avisando sua chegada, Rose sai para fora. Ela já havia escutado o barulho do carro e reconheceria como se fosse dela. Eles haviam se visto há dois dias e para ela tinha efeito de semanas.

- É apenas um jantar com cliente. Achei que seria legal te levar para ir conhecendo como as coisas funcionam. - Edward ganha a atenção de Rose. 

- Ah, espero que minha roupa o agrade. - Ela vestia um vestido azul noite, colado ao corpo e que seguia três dedos abaixo do joelho. Carregava consigo uma bolsa e seu cabelo estava tão arrumado que formigaram as mãos de Edward para bagunçá-los. Ela estava definitivamente linda.

- O azul cai muito bem em você. - Foi apenas o que conseguiu dizer. 

Chegaram no local e o homem já estava esperando por Edward. Ele, sem nenhum pudor, estudou o corpo de Rose minunciosamente e aquilo não agradou a Edward, que anotou em alguma parte do cérebro, para não trazer mais Rose para esses jantares. O contrato já tivera sido assinado e ela pertencia somente a ele.

- E quem é essa bela mulher, Edward? Sua secretária? - Indagou.

- Uma amiga. Podemos ir direto ao assunto? Acho que não viemos para falar de Rose.

- Então você se chama Rose. - Vira-se para ela e Edward se arrepende em ter citado seu nome. - Muito prazer, sou Camilo, um velho conhecido do pai de Edward e cliente da empresa. - Beija a mão dela. 

- Camilo, meu caro, te pedirei para que logo apresente sua proposta ou eu irei embora. - Sua voz deixa escapar sua impaciência.  

- Claro. Então... eu queria que as obras fossem paradas. Terei uma viagem importante para Suécia e você sabe, gosto de acompanhar pessoalmente como andam. 

- Negativo. Tive um enorme problema com isso. Meus funcionários não fizeram relatórios da parada na última vez e não quero problemas novamente. - Diz firme. 

O contrato (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora