A escuridão nos sega.
Ela nos deixa frágeis e vulneráveis.
Para muitos, sempre vai existir uma luz no fim do túnel, mas para os menos sortudos, que se perdem do caminho, tropeçam, caem e jamais voltam, a luz não vai estar lá.
Ninguém sabe quando vai morrer, mas sabemos que vamos morrer.
Perder alguém é uma dor suportável, mas eterna. Nunca vamos nos livrar da saudade, da falta. Perder alguém é cruel. Morrer é quase inaceitável.Otto me levou até o sótão.
A família estava toda lá.-- O que estão fazendo? – Gritei.
Odel, Odete, Catarina e velha O’ Donel estavam trajando vestidos acinzentados. Eu não sabia ao certo se aquela cor era a cor do tecido ou se ele era branco e estava sujo. Otto usava um belo terno preto.
A senhora que estava sentada em sua cadeira de balanço, segurava a boneca mórbida em uma das mãos e na outra uma faca de cozinha. Isso me causou um arrepio. Ela era assustadora. Seus cabelos desalinhados, sua pele ressecada, enrugada e manchada. O’donel parecia uma bruxa dos clássicos contos de fadas.Ele me pôs sentado em uma cadeira de frente para a cama de Jeremy e me segurou enquanto sua mulher e filha me amarravam. Parei de gritar, não iria resolver, mas continuei me contorcendo, tentando me livrar das amarras.
Maldita família.
Cada um tomou o seu lugar formando um semicírculo atrás de mim.
-- O que estão fazendo?
Não havia velas, nem símbolos estranhos no chão. Não tinha esqueletos ou qualquer outra coisa macabra espalhada pelo cômodo. Exceto ela.
O’donel.A velha de repente virou os olhos pra mim. Seu olhar parecia penetrar muito além da minha alma. Gelei. A boneca esquisita escorregava de sua mão ao mesmo tempo em que os seus ossos estalavam enquanto ela se levantava lenta e dificultosamente de sua cadeira de rodas.
Eu olhava aquilo com um misto de medo e ódio.A velha deu alguns passos até a cama de Jeremy e com a faca cortou a palma da mão dele. Uma grande quantidade de sangue sujou os lençóis. Ela limpou o sangue da lamina com os dedos e veio em minha direção lentamente, a cada passo parecia querer cair.
Catarina se aproximou, segurou meus cabelos e puxou minha cabeça para traz, mantendo- me imóvel até que a velha sujasse a minha testa com o sangue do neto.
-- Por que esta fazendo isso Catarina?
Eu não sabia a finalidade daquele ritual, mas não criei esperança de escapar vivo de tudo aquilo.-- Apenas quero o meu filho de volta. – Sua voz era fria.
Ela soltou meus cabelos.
O’donel tentou abrir minha mão, mas mantive o punho cerrado enquanto seus dedos esqueléticos tentavam fazer os meus se abrirem. Então sem paciência ela levou a faca até o meu braço. Senti a lamina rasgar a minha pele propositalmente de forma lenta.A xinguei e os amaldiçoei.
-- O que acha que esta fazendo velha insana? – Perguntei em gritos de fúria.
Ela levantou o braço e bateu no meu rosto com as costas da mão. Senti minha bochecha arder. Apesar de não aparentar ela ainda tinha força.
A olhei com ódio. Eu queria rasgar a garganta dela.
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A Casa de Jeremy rily
Mystery / ThrillerDois irmãos gêmeos, uma família estranha, uma fazenda distante em algum lugar esquecido. Um mau outro bom. Um humano e um fantasma. Jimi é um garoto que acaba de perder o pai e descobre que a mãe, que pensava estar morta, vive em uma fazenda no int...