capítulo 02

485 51 3
                                    

Chegamos à fazenda de Catarina às três da tarde de sexta feira. Foram duas horas de viagem e o nosso voo já estava marcado para as dez da manha de segunda feira. Catarina nos esperava no aeroporto. Ela usava um vestido azul e os cabelos loiros soltos sobre os ombros. Um homem enorme a acompanhava. Alto, forte, muito forte; cabelos loiros penteados para traz, ele sorria, mas não passava confiança, era um tanto assustador com sua aparência bruta, confesso que fiquei receoso.

Ed não aceitou a carona que nos ofereceram, o que foi um pouco grosseiro, mas não reclamei. Ele preferiu alugar um carro.

-- Ainda podemos voltar. – Ed brincou. Estávamos só nos dois no carro.
O veiculo de Catarina ia à frente.
Eu ri repreendendo-lhe com os olhos.
Ele riu e se focou na estrada.

Alguns minutos e finalmente chegamos à fazenda.
Não havia portão na entrada, simplesmente saímos do asfalto e entramos em uma estrada de chão, uma enorme plantação de trigo dos dois lados da estrada formava um tapete de palha seca na paisagem. Mais cinco minutos e chegamos ao casarão antigo da família Rily. Paredes grossas feitas de pedra e concreto, janelas e mais janelas de vidro. Tinha a cor creme, e uma imensa varanda de madeira que rodeava a casa. Era tudo muito grande. Muito antigo.

-- Bem vindo a nossa casa querido. – Disse Catarina animada.

Ed estava serio, ate então tinha sorrido pouquíssimas vezes e nem uma das vezes foi verdadeiro, ele olhava para ela como se duvidasse de tudo o que ela dizia, de cada sorriso, de cada gesto. Ele não sabia esconder o desconforto agindo varias vezes com certa grosseria.

Até então não tínhamos conversado muito, pois viemos em carros separados.

O grandão era irmão de Caterina, se chamava Otto. Revelou-se um homem simpático apesar de a aparência demonstrar o contrario. Ele possuía certa semelhança a Catarina e ate mesmo a mim, a julgar pelos olhos azuis.

-- Vocês vão gostar. – Falou Otto com sua voz grossa, o que o deixava ainda mais sinistro.
Ele parecia àqueles personagens de filmes de terror que ao mesmo tempo em que são elegantes escondem algo cruel e ameaçador. Estava usando terno, o que estranhei por estarmos em uma fazenda e estar calor.

– Aqui é um ótimo lugar, quem sabe nem queiram mais voltar na segunda. – Ele riu ajudando Ed a pegar as malas do carro.

O sol estava brilhando forte no céu sem nuvem, eu não estava acostumado com o clima quente, na minha casa sempre era frio, o tempo raramente era de calor na nossa fazenda, talvez por causa das arvores, talvez por causa do lago. Talvez por causa de ambos.

-- venham. – Catarina nos guiou para dentro.

Os sons dos nossos passos sobre o assoalho de madeira ocre ecoava pela varanda e continuaram depois de entrar na casa.

A porta rangeu ao abrir, nem tão alto, nem tão baixo, mas o suficiente para entregar a chegada de qualquer um que a abrisse.

Os moveis, como se era de esperar, eram antigos, feitos de madeira rustica e tecidos grossos. A sala era enorme com estantes e prateleiras repletas de livros e fotografias velhas. O carpete marrom tomava todo o chão, uma TV antiga e preta ficava de frente a um sofá marrom com tecido um pouco desgastado do tempo. Fotografias por todas as paredes, quadros grandes, médios e pequenos se amontoavam sobre o papel de parede cor creme. Algumas imagens eram em preto e branco, outras coloridas e outras pintadas.

A Casa de Jeremy rily Onde histórias criam vida. Descubra agora