capítulo 12

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Procuramos Calebe por cerca de uma hora. Na plantação de milho, no bosque, não o encontramos em lugar algum, mas era quase impossível de encontrar naquela correria toda.

Estávamos ofegantes.
Ed me segurou pelo braço.

-- Não vamos encontra-lo assim. – Ele estava exausto. – Temos que ir.

Ed tinha razão era uma ideia estupida procurar Calebe daquela forma, sem informação sem um plano. Não ajudava em nada sai andando aleatoriamente para qualquer lugar esperando esbarrar em seu corpo.

-- Quando chegarmos a cidade avisamos a policia.

-- Pode ser tarde demais. – Falei já com os olhos inundados e em completa desistência. Eu não iria encontra-lo desta maneira. – Ele pode não aguentar. Ou eles podem chegar e...

Estávamos em um campo onde o capim se erguia até a altura da minha cintura, o vento soprava forte fazendo as folhas dançarem ao nosso redor. Meu cabelo também não parava quieto, mas eu ignorava isso enquanto a esperança se esvaia e eu pensava em partir.

-- Eu sinto muito. – Falei baixinho, apenas para mim e para Calebe, que não estava ali. – Ele tentou me salvar Ed. – Falei me virando para Ed. – Eu não deveria desistir dele. Eu deveria encontra-lo.

-- Não podemos fazer tudo Jimi. – Ele veio até mim e me envolveu em um abraço. – Nós somos apenas pessoas em perigo e em situações como estas nem todo mundo sai bem. E se ele tentou te salvar, ele vai querer que fique a salvo. Então é hora de ir.

Afundei em seu peito, o capim parecia cantar uma canção triste enquanto suas folhas iam e vinham em um movimento interminável impulsionado pelo vento.

Não era ali que eu queria estar. Não, não era. Eu devia estar em casa. Eu me sentia um grande idiota, meu pai me protegeu por tanto tempo dessas pessoas, me mantendo longe deles, longe de Catarina.
É claro que havia um motivo.
Sempre tem um motivo, ela era perigosa e ele sabia disso.

Ed me avisou, ele não queria que eu fosse para aquela fazenda e me acompanhou para me manter seguro, agora ele estava totalmente envolvido em tudo aquilo. Não sabíamos a dimensão do perigo que corríamos, mas ficar e esperar definitivamente não eram opções.
Era hora de ir.
Eu não podia perdê-lo, não me perdoaria se algo acontecesse a Ed e ali era perigoso demais para nós.

-- Me desculpa Calebe. – Falei em um sussurro sentindo o peso da minha escolha.

Eu escolhia salvar o Ed.

-- Por que esta chorando Jimi? – Ouvi a voz de Calebe.

Afastei-me de Ed e me virei automaticamente para o fantasma, que ainda vestia aquela mesma camisa verde e a calça preta. Eu conhecia muito pouco sobre ele, mas me amaldiçoei por estar desistindo de salva-lo. Eu sabia que estava vivo, que estava em algum lugar, sabe lá em que situação.

Respirei fundo e limpei as lagrimas.

-- Você ainda vive. – Falei.

-- Esta tudo bem Jimi? – Ed quis saber e eu o ignorei.

Calebe me olhou confuso.

-- Você e o Jeremy ainda estão vivos. – Conclui.

-- Com quem esta falando Jimi? – Ed quis saber, mas continuei a ignora-lo.

Eu estava entre Ed e Calebe.
Ed não entendia o que acontecia ali, é ser estranho ver alguém falando com o vento. Ele devia estar pensando que eu era louco.

-- Eu preciso ir Calebe. – Inspirei fundo evitando as lagrimas persistente. – Não consigo achar você.Não quero deixa-lo.

Fui até o fantasma e o abracei. Pude sentir o olhar atônito de Ed sobre mim. Calebe era gelado, e eu não sentia como se estivesse abraçando alguém, parecia um sonho. Algo fora da realidade.

-- Se ficarmos mais tempo eles vão voltar. – Continuei, ele me embalou o que fez me sentir pequeno demais. – Não posso deixar que machuquem o Ed. Não  posso insistir em procurar você. Não sem um sinal. Preciso que me ajude.

-- Obrigado por tentar. – Ele falou.

Seus olhos presos nos meus. Havia algo naqueles olhos que gritava meu nome, me chamando para ele. Se Calebe fosse carne eu o teria beijado e abraçado e prometido segurança. Eu queria tanto salva-lo.

-- Me diga o que você lembra. – Pedi me afastando voltando a olha-lo. – Você falou mais sedo que foi cavalgar... Para onde você foi?

Ele apontou para uma arvore seca enorme que ficava solitária em um campo verde a quase dois quilômetros dali.

-- Eu fui enterrar o corvo. – Ele falou antes de se tornar fumaça e desaparecer.

A Casa de Jeremy rily Onde histórias criam vida. Descubra agora