capítulo 09

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-- Aonde você esta me levando? – Perguntei enquanto seguia Calebe pelo corredor.

-- Vamos ver o quarto de Catarina.

-- Não! Espera. – O segurei pelo braço.

Sua pele era gelada, me senti desconfortável e o soltei rapidamente.

– Não podemos entrar no quarto dela assim.

-- Você tem alguma ideia melhor?

Pensei por um segundo.

-- Tenho sim.

Ele arqueou a sobrancelha incrédula e ironicamente.

-- Bem... Você vê o quarto dela e eu vasculho lugares onde se alguém me flagrar, não vai achar estranho nem violador.

-- Tipo onde? – E a sobrancelha ainda estava arqueada.

-- Porão e... – Olhei para cima. – Sótão.

-- Claro. – Calebe continuava com aquela maldita sobrancelha arqueada, como se dissesse “isso nunca vai dar certo Jimi.” Ou “você é um grande idiota e sua ideia é péssima.” – E como eu vou abrir as portas lá dentro? E as gavetas?

-- Você pode atravessar as coisas, sei lá! De seu jeito ok.

Ele se preparou pra falar algo quando Ed apareceu no corredor. Ele trazia uma bandeja com um sanduiche e suco de laranja. Ed me olhou e meneou com a cabeça.

-- Você não tem jeito mesmo.

-- o que foi? – Fingi desentendimento.

-- Esta aprontando de novo.

-- Se livra desse cara. – Disse Calebe que estava atrás de Ed.

Olhei para ele impulsivamente.

-- Temos pouco tempo. – Calebe concluiu impaciência.

-- O que esta olhando? – Ed se virou para traz procurando oque tanto chamava a minha atenção no corredor.

Voltou os olhos para mim esperando uma resposta.

-- É... Nada. – Respondi fingindo um sorriso, que saiu desconcertado.

Se eu tentasse explicar o que estava acontecendo ali, ele iria me levar a um psiquiatra no mesmo instante. Eu não poderia explicar tudo aquilo. Ele não entederia.

-- Então entre logo no quarto. – Apontou com a cabeça para a porta do meu quarto. – Você precisa comer alguma coisa.

-- Tudo bem chefe. – Brinquei visivelmente nervoso.

-- Jimi – Calebe reclamou enquanto nos seguia até o quarto. – Não temos tempo para lanchinhos. Isso é serio.

Apenas o olhei repreendendo-o. O que eu podia fazer?

-- Tudo bem... – Calebe falou revirando os olhos. – Eu vou olhar o quarto de Catarina e os outros. Seja rápido.

Calebe olhou furioso para Ed.
Assenti.

-- Esta tudo bem com você? – Ed me olhava curioso e confuso.

-- Claro. – Tentei em vão parecer o mais natural possível.

-- Mesmo?

-- Sim. – Então tirei a bandeja de suas mãos e entrei no quarto. Ele veio atrás. – Obrigado por isso.

Sentei-me na escrivaninha e ele na cama, ficamos em silencio enquanto eu mordia o sanduiche. Eu estava mesmo com fome.

-- O que estava fazendo no corredor?

-- Eu apenas pensei ter ouvido algo? – Menti.

-- E o que era?

-- Nada.

Silencio.
Outra mordida. Um gole de suco.

-- Ed... – Pensei em alguma coisa. – Você poderia me deixar sozinho um pouco.

-- Por quê? – Ele me olhou duvidoso. Ed realmente não facilitava.

-- Eu só quero ficar sozinho.

-- tá bom... – Ele se levantou e foi até a porta, parou antes de abrir. – Você não acha estranho Catarina ser tão distante, a julgar o fato de ela ter conhecido o filho que não via há anos. Ela deveria estar bem preocupada agora. Você quase morreu.

Ed tinha razão.
Assenti.

-- Isso parece um grande teatro para mim. – Ele concluiu.

Assenti novamente.

Suspirou. Eu sabia que ele estava tentando dar inicio a uma longa conversa, mas como Calebe disse, não tínhamos tempo.

-- Você realmente quer ficar sozinho, certo?

Assenti.

-- Desculpa. – Falei. – Só preciso pensar em algumas coisas.

-- se precisar de mim, vou estar no meu quarto.

Assenti e ele saiu fechando a porta atrás de si. Esperei enquanto ouvia a porta dele abrir e logo depois se fechar. Aprecei-me em sair do quarto o mais silencioso possível. Fui até o quarto de Catarina. Forcei a maçaneta mas a porta estava trancada.

-- Já olhei ai dentro.

Dei um pulo.
Calebe riu.

-- Você quase me matou de susto. – Falei sussurrando.

-- Não há nada ai dentro e em nenhum outro quarto. – Ele riu irônico. – Parece que falta só o porão e... – Ele olhou para cima imitando a forma que fiz antes. – O sótão.

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