Episódio I: Gol aos 45 do segundo tempo.

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23 de julho

De repente todo o barulho ensurdecedor sumiu.

O vento que atingia seu rosto trazia alívio ao cansaço e suor acumulados pelos 90 minutos jogados. O caos ao redor desapareceu quando o apito do árbitro soou. Falta!, na entrada da pequena área. Parecia que os deuses do futebol estavam à seu favor.

O relógio marcava 43 minutos do segundo tempo, e o sentimento de que a insistência não traria o resultado esperado sumiu e uma descarga de adrenalina se propagou por todo seu corpo.

Naruto não estava acreditando no quão burro o jogador adversária havia sido. Dois jogadores estavam vindo ajudá-lo na marcação e ele cometeu uma infração, das mais óbvias do futebol. E o melhor, a infração poderia os levar à vitória e consequentemente à final do campeonato.

Um corpo se chocou contra o seu e ele saiu da letargia em que se encontrava. Todo o barulho voltou. Gritos e vaias competindo entre si, o hino da escola sendo cantando a plenos pulmões, a arquibancada em pura euforia. O cenário todo fez com que cada pelo presente em seu corpo se arrepiasse, porque a falta era a favor deles!

— Naruto! — alguém gritou. — Seu desgraçado! — mais corpos chocaram-se ao seu. — Temos uma fala! — estavam rindo. — Você é um cabeça oca brilhante. Temos uma chance! — era Kiba. Um dos seus companheiros de equipe.

— Quem vai cobrar a falta? — Sasuke perguntou. — Esse provavelmente vai ser o último lance do jogo no tempo normal e o empate em 1x1 vai nos levar para os pênaltis. É a nossa chance. Precisamos desse gol!

— O Naruto é nosso melhor batedor, mas ele está muito desgastado de tanto correr em campo, na defesa e ataque, acho que o Neji deve cobrar a falta. — Kiba voltou a falar com um brilho insano nos olhos.

— Não! — Naruto finalmente conseguiu dizer algo. — O Sasuke cobra a falta. A posição está mais para direita e com a canhota dele teremos mais chances de marcar!

— Dobe! Você não está falando isso só porque é o meu-

— Cala a boca, Sasuke. Estou sendo lógico. E vamos logo com isso, o juiz já chamou a nossa atenção. — pontuou Naruto. — 3 na barreira e dois em cada lado do campo para o caso de a bola bater em alguém. — e dizendo isso saiu para se posicionar na barreira adversária.

Sasuke o olhou correr, junto de seus colegas, e sentiu suas mãos suarem muito além do normal, mas tudo bem, ele já esteve em situações parecidas, afinal, era o capitão do time junto de Naruto.

"Tudo bem. É apenas mais uma falta", repetia para si mesmo ao passo em que sentia seu coração bater descompassado. "Tudo bem, é apenas meu último ano na escola, hoje é apenas meu aniversário de 18 anos, e é apenas a porra da última chance de passarmos para as finais sem precisar ir para os pênaltis", continuava murmurando para si, ao mesmo tempo em que posicionava a bola no local indicado pelo juiz.

"Puta que pariu! Não estava tudo bem!"

O pensamento soou em sua mente, mas Sasuke respirou fundo para se acalmar. Notou que a barreira já estava na posição indicada, assim como Neji estava próximo, como se fosse ele a cobrar a falta. Observou o goleiro do time adversário, que era particularmente bom, sempre esperava até o último segundo para ir em direção a bola. Alto e mesmo assim muito ágil. "Um completo inferno", pragejou.

No entanto, por ser armador do time, sabia de uma coisa: seu cérebro tinha que trabalhar rápido, criando uma jogada eficiente e que traria resultados. A bola sempre passava por seus pés e a última do jogo estava com ele.

O apito soou. Respirou fundo mais uma vez. Correu em direção à bola. Ângulo de noventa graus à direita, canto superior. "Na gaveta", pensou quando seu pé atingiu a bola. A direção ia mudando a medida em que se aproximava da rede, em uma curva perfeita.

Sasuke procurou por Naruto e então cada um correu em direção ao outro quando a arquibancada explodiu em gritos de comemoração. Os corpos se encontraram em um tranco. Euforia rasgando seus peitos e a adrenalina tornando tudo ainda mais intenso.

Gol.

Eles não ouviram o apito final do juiz. Não viram quando foram jogados no chão pela comemoração do time, nem viram quando a torcida invadiu o campo. Estavam extasiados demais por estarem na final.

E nada mais importava.

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