Epílogo.

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6 anos depois

Sasuke estava entediado.

Sentado naquela cadeira desconfortável, esperando seu nome ser chamado pela bancada avaliadora e, excepcionalmente, sozinho.

Por algum motivo que ele desconhecia, seu orientador estava atrasado. Mas, se fosse sincero consigo mesmo, esse acontecimento não era lá uma novidade, uma vez que Kakashi não era um poço de pontualidade.

Sasuke ainda não entendia como o Hatake era coordenador do seu curso.

Tudo bem que o homem era um gênio e que apesar dos métodos nada convencionais de ensino ele foi de longe o melhor professor que teve ao longo daqueles 6 anos, ainda assim, era curioso o fato de ele, sendo tão novo, ser seu coordenador.

Talvez Sasuke devesse parar de divagar tanto sobre seu orientador e se concentrar em revisar alguns pontos principais de sua monografia. Talvez, quem sabe, ele devesse entrar no grupo da turma e falar com seus colegas, mas, naquele dia em particular, ele estava calmo, ou melhor dizendo, Sasuke estava com as sinapses em ordem e seu coração batia conforme a normalidade médica.

E isso significava que a ansiedade hoje não lhe tiraria a concentração ou o faria entrar em um caos interno.

Era um raro dia bom e por isso Sasuke não sentiu necessidade de fazer nada além de esperar, ainda que estivesse entediado e isso se refletia nos devaneios que estava tendo.

Tinha esse buraco na parede, por exemplo, e ele poderia ser a chave de um portal para um universo paralelo onde o seu eu era normal. Nesse universo as crises e os medos não existiam e ele poderia ter feito aquele pedido a Naruto antes de ele entrar em turnê pelo país com seu livro de estreia.

O loiro saiu de Tóquio há uma semana e deveria voltar naquele dia, para comemorarem a aprovação com nota máxima de Sasuke.

Não que duvidasse de sua capacidade ou não tivesse se dedicado em sua pesquisa sobre as reações químicas que acontecem no cérebro e como elas afetam o dia a dia de uma pessoa, mas Sasuke ainda não conseguia ter confiança em si mesmo para afirmar com todas as letras que conseguiria a nota máxima e isso, somado ao fato de estar sob estresse nos últimos seis meses, resultou em uma crise tão forte que precisou ser internado.

Após anos de terapia Sasuke aprendeu a lidar com suas inseguranças, ainda que o mundo as vezes parecesse zombar de si, mas há momentos em que você desaba e precisa de ajuda.

Terapia... Esse ainda era um assunto delicado para Sasuke; a ideia de "depender" de alguém para poder ter a mente no lugar o deixava receoso, mesmo que ele admitisse que aprendeu a conviver melhor consigo mesmo e com a sociedade.

— Sasuke.

Enfim Kakashi havia chegado. Vestido em um terno preto e sem a maldita máscara anti germes que lhe era característico. O Hatake lhe passou confiança no momento em que sorriu.

— Nervoso?

— Não. — Endireitou a postura. — Quer dizer, não mais.

— Mesmo? — O mais velho pareceu lhe avaliar. — E por que você está sozinho?

— Sim. Tudo sob controle. — Sasuke suspirou. — Eu não avisei a ninguém que seria pela manhã.

— Sasuke!

— Eu não consigo, Kakashi, prefiro que seja só nós dois e a bancada.

— Naruto vai te comer vivo quando souber disso.

— Deus te ouça!

— Sasuke! — O Hatake pareceu ultrajado, mas Sasuke viu o sorrisinho que ele tentava esconder. — Pelo visto me preocupei atoa, não é, pirralho?

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